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Aumente a coerência das suas escolhas com os seus valores, aconselha Roberto Pedote

Roberto Pedote, 51 anos de idade e com 28 anos de experiência em grandes empresas e hoje board member no WWF Brasil e na Mills Estrutura e Serviços de Engenharia e coach de executivos, compartilhou um pouco do seu aprendizado no encontro de mentoring realizado pelo IBEF Jovem no dia 16 de maio.

Roberto Pedote, 51 anos de idade e com 28 anos de experiência em grandes empresas e hoje board member no WWF Brasil e na Mills Estrutura e Serviços de Engenharia e coach de executivos, compartilhou um pouco do seu aprendizado no encontro de mentoring realizado pelo IBEF Jovem no dia 16 de maio.

O executivo, que ocupou o cargo de CFO da Natura, da Nokia e da divisão de alimentos da Unilever e três anos como responsável da educação executiva e prós graduação do Insper, é formado em Administração Pública pela FGV-SP, Direito pela USP e MBA pela Universidade de Michigan.

Ciclos de sete anos – Na sua apresentação, para falar das transições da vida, Pedote mostrou aos ibefianos a Teoria dos Setênios, que dita que a cada sete anos um novo ciclo começa na vida. Além disso, a teoria prevê que há três conjuntos formados por três ciclos. O primeiro vai até os 21 anos de idade e corresponde ao crescimento. A partir daí começa uma nova fase, que vai até os 42 anos, quando o ser humano precisa lutar. Na fase seguinte, amplia-se o processo de consciência e torna-se mais sábio. Veja abaixo:

Com isso, ele disse aos ibefianos presentes que eles estão na fase de luta, mas que nesse processo é preciso, além da técnica, ter conhecimento da dinâmica das relações humanas. “Nesse período, também precisamos ter resiliência, pois teremos chefes difíceis e colegas querendo competir. Porém, há um limite e não podemos afrontar os nossos valores. Qual é o seu limite? Quais são os seus valores? A melhor maneira de escolher entre os diversos dilemas que surgem é sempre lembrar quem somos e dos nossos valores. Além disso, o mundo não é somente a empresa “X”. O mundo é bem amplo e bem generoso”, disse o executivo, ao indicar a leitura do livro “Sincronicidade”, do autor Joseph Jaworski.

O mentor aconselha que toda transição, dentro ou fora da empresa, seja feita com respeito e gratidão. Além disso, ele recomenda que os processos de mudança sejam combinados com a família e com os amigos mais próximos. O apoio emocional das pessoas que realmente gostamos e que gostam da gente é fundamental para enfrentarmos transições que demandam renovar nosso modelo mental.

Para Pedote, essa questão da polaridade (família x trabalho) é complexa. “A gente tenta resolver o que não dá para ser resolvido. Porém, precisamos buscar o equilíbrio, pois qualquer extremo é ruim. Necessitamos saber nos equilibrar na corda bamba de forma consciente e não como vítima. Há momentos em que estamos mais para um lado ou outro, mas sempre em decorrência de uma escolha consciente”. Pedote é casado há 26 anos e tem quatro filhos.

Outro conselho dado pelo executivo é que os jovens criem o hábito da empatia e coloquem-se mais no lugar do outro. “Na nossa caminhada vamos errar, mas erro serve para aprender e ir em frente, não para sentir culpa. Precisamos ter coragem de assumir que somos imperfeitos. Sermos muito mais gentis e generosos conosco. Só assim conseguiremos ser generosos com os outros”.

Primeira transição –Pedote diz que vivenciou duas grandes transições em sua carreira. A primeira foi quando saiu da Unilever, empresa na qual entrou como trainee e saiu 17 anos depois como CFO da divisão de alimentos. A segunda vez foi quando saiu da Natura, onde trabalhou sete anos. “Nas duas ocasiões, eu pedi para sair e fiquei desempregado. Costumamos ocultar essas fases, mas isso não é nenhuma vergonha. Todo mundo que está em movimento em algum momento tem que se mexer para outros contextos, os ciclos acabam. Foram momentos diferentes, difíceis, mas os em que mais cresci”.

Na época da Unilever, o executivo morou em Londres e ocupou o posto de CFO no Chile por dois anos. Nesses locais, nasceu seu segundo e quarto filho, respectivamente. Depois da vivência no Chile, Pedote assumiu o cargo de CFO da divisão de alimentos e, em função de uma reestruturação na diretoria, mais uma vez foi convidado a trabalhar no exterior e acabou saindo da empresa. “Decidi, junto com minha esposa, ficar em São Paulo. Pensei na minha família e na contribuição que gostaria de oferecer aqui no Brasil nos meus próximos anos.

Depois de sair da Unilever, no ano seguinte, começou a trabalhar como CFO da Nokia. Na sequência, foi para a Natura como vice-presidente (CFO) de Finanças, Jurídico, Relações com Investidores e Relações Institucionais. Ficou sete anos na empresa e pediu para sair em 2015, quando entendeu que o seu ciclo havia terminado e decidiu não atuar mais como CFO.
Novo ciclo – Então, o executivo passou por outro processo de mudança. Fez um curso de coach e de facilitação Meta Integral, entrou nos conselhos e desde 2015 atua no Insper como vice-presidente responsável pelos programas de educação executiva aberta e customizada e programas de Pós-Graduação Lato Sensu.

E, recentemente, decidiu continuar sua jornada. “Pedi para sair da função tempo integral executiva no Insper onde ficarei até julho. Quero me dedicar mais para os Conselhos, coach, um pouco de consultoria e continuar a colaborar com o Insper, porém não como executivo”.

Ele também exerce desde 2015 a função de conselheiro no WWF Brasil (terceiro setor) e desde 2016 na Mills (empresa de capital aberto), onde é copresidente do Conselho. “Nessa função, precisamos ter consciência da situação, conhecer bem todos os agentes do sistema e saber conciliar os interesses e lidar muito bem com a necessária diferença de opiniões, fator essencial para um bom funcionamento dos Conselhos”, explica o executivo. Além de conselheiro das duas instituições, Pedote atua como coach executivo e atende hoje 12 pessoas simultaneamente.

Todas essas transformações possibilitaram crescimento: “Tento viver mais o presente. Atento a minha oferta e ao que a vida oferece. Esforço-me para estar menos preocupado com o que acho que deveria ser e mais conectado com quem eu sou. Não é tarefa fácil”, detalha Pedote. E completa: “Estou em movimento, tenho um norte, sigo meus valores”, ao dizer que está aberto a novas experiências.

Trabalho in loco – Quando trabalhava na Unilever, ele ocupou 11 cargos em 17 anos. Sempre curioso e com um perfil mais generalista, ainda que tenha crescido na área de finanças, ele chegou a trabalhar na área de compras e de também foi diretor de vendas de key accounts. Em algumas ocasiões, o executivo quis assumir o papel dos profissionais da linha de frente e chegou até a fazer o trabalho de promotor em supermercados. Naquela função, colocava margarinas nas gondolas e viu como era acirrada a disputa por espaço com outras marcas. “Eu precisava conhecer isso”.

Do mesmo modo, foi na periferia distribuir caixas de produtos da Natura com uma senhora, que sempre ao se despedir das pessoas falava “fica com Deus”. Ao observar a atenção com que ela tratava as pessoas, Pedote percebeu que aquela mulher tinha entendido o sentindo do slogan da empresa e estava vivendo a qualidade das relações que fazia parte da cultura desejada da Natura. “É muito importante conhecer o negócio de verdade”, arremata.

IBEF Jovem
O IBEF SP promove encontros de mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes.
Agora, o IBEF Jovem é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. www.antecipa.com

(Reportagem: Renata Passos)

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