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É importante sairmos da zona de conforto, diz o CFO da Embraer

José Antonio Filippo foi o convidado do encontro de mentoring realizado pelo IBEF Jovem na última quarta-feira (28). O executivo contou um pouco sobre os seus 36 anos de experiência profissional e relatou o que vivenciou nas empresas Gafisa S.A., Reynolds Latasa S.A., Ingersoll-Rand Company. CPFL Energia S.A., Cia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar) e também na Embraer, onde atua como CFO desde 2012.

Carioca, Filippo é formado em Engenharia Civil pela UFRJ, conta com pós em Finanças pela PUC-RJ, pelo IBMEC – RJ e especialização na norte-americana Harvard Business School onde cursou o Program for Management Development (PMD).

Porta de entrada – A trajetória profissional de Filippo na área de financeira começou de forma inusitada. Quando era estagiário de engenharia na Gafisa, ele viu que não tinha jeito para o ofício, mas acabou sendo transferido para a área financeira da empresa. “Antes da formatura, eu já estava na área financeira. Gostaram do que fazia nas tarefas financeiras e cheguei ao cargo de diretor financeiro”.

Depois de 13 anos na empresa, Filippo estava disposto a estudar fora, quando recebeu o convite para trabalhar na multinacional Reynolds Latasa S.A., fabricante de latas de alumínio, e acabou ficando no Brasil. “Foi um desafio importante. Em uma empresa que crescia muito rápido trabalhei na organização dos relatórios pedidos pela matriz nos Estados Unidos. Também tive a oportunidade de estudar no exterior. Naquela época, havia um acordo para eles não me acionarem durante o curso. Isso seria improvável nos dias atuais”, detalha o CFO, ao informar que trabalhou cinco anos na empresa.

Em 2000, o executivo foi convidado para o posto de CFO para a América Latina da indústria de tecnologias Ingersoll-Rand, baseado em São Paulo. “A estrutura corporativa ficava em Miami. Resolveram que a área financeira ficaria no Brasil em função das oscilações do mercado, pois foi na época da super desvalorização do real”.

Setores diferentes – Na sequência, o executivo foi convidado para trabalhar na CPFL, empresa que planejava abrir o capital. “Foi um desafio. O primeiro deles é que os CFOs antecessores ficaram muito pouco tempo na posição. Eu analisei o que eu poderia fazer diferente e consegui identificar previamente que nenhum deles tinha mudado para Campinas, onde fica a sede da empresa. Então, mudei, dediquei-me e fiquei seis anos na companhia”.

Novamente Filippo recebeu uma proposta para trabalhar em uma empresa de um setor inédito para ele: o varejo. Dessa vez, ingressou na Cia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), onde permaneceu dois anos e meio, até ser convidado a trabalhar na Embraer. “O desafio era a sua sofisticada operação. É uma multinacional brasileira, que exporta praticamente tudo o que fabrica, com faturamento anual de cerca de US$ 6 bilhões e com 80% dos acionistas estrangeiros”, diz o CFO. A empresa não tem um controlador. Por isso, na tomada de decisões há um rito diferenciado de governança.

Na Embraer, os presidentes dos escritórios regionais (Estados Unidos, Europa, Ásia e China) reportam-se à Filippo. Questionado sobre a nacionalidade dos executivos, ele disse que dois deles são brasileiros. “Há um equilíbrio. O brasileiro entende a nossa cultura, mas também precisamos conhecer as diferenças locais. Precisamos nos adaptar, inclusive, ao fuso horário”, explica o executivo, que reconhece a rápida capacidade de ajuste dos executivos brasileiros. “Somos mais flexíveis”.

Sobre a sua carreira, Filippo orgulha-se de sempre ter tido a oportunidade de trabalhar em empresas de setores de atuação diferentes.

Hard e soft skills – Na opinião do executivo, é muito importante o profissional ter um equilíbrio entre essas duas forças. “Desenvolver habilidades técnicas e ter uma boa formação, por meio da escolha bons cursos, são competências essenciais. Inclusive, hoje temos excelentes especializações na área financeira e negócios no Brasil e não é mais preciso estudar fora. Porém, é importante ampliar as competências comportamentais e saber adaptar tudo isso à empresa, por meio de uma “leitura” de como funciona a dinâmica da companhia”, aconselha Filippo, que completa: “Também é imprescindível estar atualizado, como por exemplo na área digital”.

Desafios – Um dos momentos decisivos foi quando saiu da Gafisa. “Estava há 13 anos na empresa e integrado à sua cultura. Quando mudei pela primeira vez de companhia, eu tive de enfrentar desafios. Era jovem e tinha incertezas, até pensei em pedir para voltar. Mas decidi superar os problemas e seguir em frente. Às vezes, precisamos ter uma boa conversa conosco”, recomenda.
Naquela época, o executivo também descobriu que é movido a desafios. “É importante sairmos da zona de conforto. Provavelmente por isso, acabei atuando empresas de setores diferentes. Isso já é um desafio”.

É importante saber a hora de iniciar um novo ciclo profissional, o CFO diz. “Porém, podemos ter “vidas profissionais” diferentes na mesma companhia ao nos dedicarmos a um novo projeto. O que destrói é a rotina”, aconselha.

Segundo Filippo, recentemente, ele participou do projeto de mudança do local da sede da Embraer na Europa. A empresa tinha escritório na França e mudou para a Holanda. Para isso, tiveram de estudar as questões legais, financeiras e logísticas de diferentes países e escolheram a Holanda. “Pude conhecer as características de cada país”.
Sobre o planejamento de sua carreira, ele diz que sempre pensa a longo prazo. “Porém, eu acabo mudando o tempo todo”.

O executivo aconselha ainda que é essencial manter o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. “É muito difícil ter um equilíbrio pleno, mas temos que perseguir isso”.

Patriota – Para o CFO, o pior momento do Brasil já passou. “Não teremos um boom de crescimento neste ano. O que pode ser saudável para o País. Precisamos buscar crescimento sustentável. Temos bons fundamentos e reformas estruturais como a reforma trabalhista e da previdência ajudam. Além disso, a nossa mão de obra não é cara e temos profissionais muito capacitados em algumas áreas. Há empresas estrangeiras que buscam os nossos engenheiros”.

Segundo Filippo, atravessamos um momento que não vemos no mundo há alguns anos. Estados Unidos, Europa, China e Japão – os principais mercados do mundo – estão ao mesmo tempo com a economia em crescimento.

Na opinião do executivo, o Brasil é um dos lugares com mais oportunidades, pois há países com a competição muito mais acirrada. Filippo, sem tempo para continuar a palestra, ainda listou “Bons Conselhos” para os jovens ibefianos presentes:

  • Escolha chefes, não empregos;
  • Tenha sempre um plano. Tudo bem se você mudar o plano, mas não deixe de ter um;
  • Trabalhe intensamente e com foco. Quanto mais você trabalha, mais sorte você tem;
  • Seja ético;
  • Procure ser sustentável na maior parte do tempo;
  •  Lute contra a rotina. De tempos em tempos mude a forma como você faz alguma coisa.

IBEF Jovem
O IBEF SP promove encontros de mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes.
Agora, o IBEF Jovem é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. www.antecipa.com
(Reportagem: Renata Passos)

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