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Mônica Orcioli: Da dança artística ao balé do mun​do corporativo

Participantes do Encontro com CEO, que recebeu Mônica Orcioli, diretora geral da Swarovski Professional para a América Latina

Disciplina é uma palavra que acompanha Mônica Orcioli desde os seis anos de idade, quando deu seus primeiros passos no balé. ¨Eu não tinha o biótipo ideal para uma bailarina clássica, o que me exigiu o triplo de trabalho para executar os movimentos com perfeição. O que eu não conseguia fazer, encarava como um desafio para buscar com ainda mais garra¨.

A jornada que a fez deslanchar do universo das artes para o mundo corporativo foi contada pela diretora geral da Swarovski Professional para a América Latina durante o evento ¨Encontro com CEO¨, realizado pelo IBEF Mulher na Saint Paul Escola de Negócios.

Mônica Orcioli (Swarovski) e Simone Borsato (IBEF Mulher)

Superação de limites – A diretora contou que seus dois grandes sonhos de infância eram se tornar bailarina e trabalhar com direção de arte em comerciais. Engajada no mundo da arte em movimento, aprendeu a tocar piano e violão, fez teatro, e participou de filmagens publicitária.

Contudo, um acidente de carro, sofrido aos 11 anos de idade, quase a impediu de levar seus objetivos adiante: além da dor de perder um parente, enfrentou por 1 ano um difícil processo de recuperação. ¨Naquele momento, vi meus sonhos serem desafiados, e tive que ser mais disciplinada do que nunca para reverter esse quadro. Sempre que me vejo em um momento que exige resiliência, lembro desse episódio. Foi uma experiência muito importante, que ajudou a definir meu caráter e força interna¨.

Como resultado de tanta dedicação, com apenas 16anos, Mônica obteve importante certificação da Royal Academy of Dancing, uma das mais renomadas instituições do mundo da dança. ¨Depois que obtive essa certificação, o balé deixou de ser parte central dos meus objetivos, acho que era algo que precisava provar para mim mesma. Mas ainda continuei a dançar e fazer trabalhos de publicidade. Logo conquistei minha independência financeira e pude ajudar meus pais¨.

Mônica Orcioli ressaltou a importância de os pais apoiarem os filhos nas escolhas profissionais

Liberdade de escolha – Foi com os pais que a executiva aprendeu uma das lições mais importantes a repassar para as próximas gerações: deixar os filhos livres para fazerem aquilo que gostam e se sentem felizes. ¨Quando decidi fazer a faculdade de marketing, meus pais não me cobraram para seguir um caminho ou outro, como continuar no mundo da dança. Eles me apoiaram em todas as escolhas que fiz¨.

Assim, Mônica Orcioli iniciou sua carreira em agências de publicidade, incluindo a renomada Ogilvy & Mather. Em seguida, tornou-se executiva de marketing da DuPont, segunda maior empresa química do mundo. Foi ali que descobriu uma paixão maior que o marketing: a administração. ¨Eu queria estar no centro das decisões da empresa, ir para vendas e negócios. E, para isso, precisava melhorar minhas competências em áreas como finanças e cadeia de suprimentos¨.

Compromisso com o desenvolvimento – A organização apoiou o novo foco da executiva. Possibilitou a realização de movimentos laterais e também investiu, patrocinando um MBA em Gestão pela Universidade de Pittsburgh, e outros cursos de especialização.¨Investir no meu desenvolvimento não era obrigação da empresa, mas minha atitude demonstrou iniciativa para obter novas competências. Vários cursos, como especializações pelas universidades de Harvard e Stanford as companhias em que trabalhei se voluntariaram a pagar, depois que eu já havia decidido fazê-los, por desejar que eu continuasse lá¨, ressaltou Mônica. ¨Precisamos mostrar o quanto estamos comprometidas com nosso próprio desenvolvimento. Para mim, isso é prioridade¨.

Empresas devem ser amigáveis às jovens mães

Carreira e família – No primeiro ano na empresa, já casada, Mônica teve dois filhos. A complexidade da vida corporativa crescia, com um alto nível de exigência, somadas às novas responsabilidades da criação dos rebentos.

¨Tirei duas licenças-maternidade em 1 ano e meio de empresa. Eu me sentia insegura por conta disso, e trabalhava ainda mais. O meu maior julgador era eu mesma, que me exigia muito. Penso que se eu não tivesse me cobrado tanto, tudo daria tão certo quanto, e eu teria sofrido menos¨, destacou a executiva, ressaltando que estruturar uma rede de apoio com a família foi essencial para conciliar carreira e maternidade.

A diretora destacou que as empresas precisam construir uma cultura de entendimento, que seja amigável às jovens mães, estimulando-as a passar mais tempo com a família. Outro aspecto destacado pela executiva é que a carreira da mulher deve ser também um projeto da família. ¨É importante alinhar os seus sonhos aos do cônjuge e dos filhos, de forma que eles possam acompanhá-la nos seus objetivos, assim como você também os apoiará nos deles ¨, disse a executiva, que acredita que a vida pessoal e profissional são aspectos inseparáveis da jornada do indivíduo.

Desenvolver competências é uma meta contínua

Novas experiências – Após 11 anos na DuPont, onde se tornou gerente de negócios e marketing para a América do Sul, Mônica Orcioli trabalhou na Aliansce Shopping Centers, tendo atuado em importantes projetos como o planejamento e lançamento do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro. Também foi country manager Brasil dos grupos Natuzzi e Missoni. Desde 2011, é diretora da Swarovski Professional para América Latina.

Hoje, com quase 30 anos de vida executiva, Mônica sente que é hora de voltar a explorar seu lado criativo. No final do ano, fará um curso na Singularity University, situada no Vale do Silício, instituição que se propõe a inspirar profissionais a aproveitarem o poder das novas tecnologias para melhorar a vida de milhões de pessoas. ¨Com a experiência, o raciocínio lógico e o conhecimento das práticas de gestão se tornam um pouco mais do mesmo. Pretendo exercitar as competências de sensibilidade e criatividade, que fazem parte da minha essência¨.

Foco e disciplina – Com uma rotina pesada que envolve viagens a trabalho e acordar às 5h30 da manhã, todos os dias, a executiva mantém o regramento de uma bailarina no controle de sua agenda. ¨Não dá para realizar milhares de coisas no dia, é preciso ter foco e disciplina grande para filtrar as demandas que chegam até você¨, aconselha.

A primeira parte da sua manhã é normalmente dedicada às atividades esportivas, incluindo a dança. ¨A atividade física me dá um equilíbrio emocional muito grande. É importante para a vida profissional, especialmente em cargos executivos, que demandam muito esse equilíbrio para a tomada de decisões¨.

O caminho para CEO

A diretora geral ressaltou a importância de o CFO atuar como business partner do CEOs, e de esta relação ser de mentoria em duas vias. ¨O feedback do CEO para o CFO é importante para alinhá-lo às necessidades e prioridades de outras áreas da empresa. Da mesma forma, a visão do CFO ajuda o CEO a ponderar suas decisões, especialmente quando este vem de uma área que não é financeira¨.

Com relação ao que as executivas de finanças devem estar atentas na jornada para atingir o cargo máximo de gestão, Mônica deu os seguintes conselhos: a transição de financeiro para gestor de negócios é vista com maior naturalidade, por isso vá fundo; amplie sua visão sobre o funcionamento de outros departamentos; e entenda quais são os pilares fortes da corporação e quais as competências requeridas para ser CEO.

Outras dicas para esta jornada incluem: estar aberto ao job rotation, com movimentos laterais para desenvolvimento multidisciplinar, e desenvolver uma compreensão prévia das necessidades das demais áreas. ¨Procure participar mais das reuniões de outros departamentos e envolver-se para entender suas prioridades. A troca de conhecimento é positiva, beneficia a todos¨, ressaltou a executiva.

Mônica Orcioli contribui para a formação de novas gerações de executivas e executivos oferecendo mentorias. É membro do grupo de mentores globais da Swarovski e participa do grupo de liderança global da Swarovski Professional. Também participa do programa de mentores da ESPM. ¨É uma forma de retribuir o muito que aprendi. Precisamos incentivar mais mulheres a se posicionarem com coragem sobre suas carreiras. A coragem diminui o espaço para o preconceito¨, completou a líder.

Ao final do evento, Mônica Orcioli lançou o convite para fazer mentoria com uma das executivas participantes do encontro. A agraciada será definida pelo IBEF Mulher por meio de sorteio junto às executivas presentes no evento que tiverem interesse nesta mentoria.

 

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Maira Carderelli e Débora Soares)

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