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Captar crédito no exterior é alternativa, mas exige preparação

Por Ernesto Schlesinger, diretor financeiro da Logicalis no Brasil

O endurecimento das regras de concessão de crédito por parte dos bancos brasileiros, aliado ao compasso de espera no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em função da crise fiscal e do cenário político, tem despertado o interesse de médias e grandes empresas na captação de recursos no exterior.

Trata-se de uma alternativa interessante, pois os custos do crédito fora do país costumam ser mais vantajosos, mas as companhias nacionais precisam estar preparadas e atentas a certos detalhes antes de dar esse passo.

Garantias

O primeiro cuidado, muitas vezes negligenciado, é a necessidade de apresentar as garantias necessárias para cobrir o negócio, que pode ser financeira, patrimonial ou então ser provida pelos sócios da empresa. As métricas vão variar de acordo com o tamanho da linha de crédito, mas é fundamental que as proteções sejam equivalentes ao porte da dívida assumida.

Para atender à essa demanda dos credores externos, existem companhias que oferecem medidas de segurança provenientes de uma ou mais subsidiárias. Independentemente da forma, cuidar da garantia é um passo primordial para pagar barato em uma linha de crédito fora do País.

Porte da empresa

No caso de uma empresa jovem, ter um plano de negócios forte é fundamental na hora de captar recursos no exterior, pois esse plano deve contemplar a existência de investidores que darão a garantia necessária para que os recursos sejam captados em outros mercados.

Para as corporações já tradicionais, um ponto determinante para esse tipo de operação é ter um bom relacionamento com os bancos brasileiros, pois muitas vezes são os próprios bancos locais que atuam oferecendo as garantias para os credores estrangeiros.

Além disso, independentemente do porte da empresa, ter sempre em mãos Demonstrações Financeiras minimamente saudáveis e preferencialmente auditadas é de fundamental importância para se obter vantagens com créditos advindos do exterior. A partir dessas informações financeiras e contábeis que se começa a contar a história e a evolução futura da empresa para os agentes credores.

Risco cambial

As organizações também devem ficar atentas à necessidade de se proteger do risco cambial que nasce junto com a captação de recursos em moeda estrangeira. Para as companhias que têm algum tipo de hedge (proteção) natural, como um recebimento em dólar atrelado ao pagamento do empréstimo, a operação fica barata.

Porém, quando não houver uma proteção natural e for necessário contratar o hedge para proteger toda a operação, o custo financeiro pode ser alto, praticamente anulando a vantagem do custo do crédito estrangeiro em comparação com o nacional. Para minimizar esse problema, uma alternativa é proteger apenas parte da operação da variação cambial. Desta forma, o custo financeiro cai, mas o risco aumenta.

Muitas vezes, empresários e executivos que atuam em companhias de médio porte pensam que não podem contar com a alternativa do crédito externo. Porém, qualquer empresa que estiver em boa situação financeira, com um bom plano de negócios e garantias interessantes, pode ter acesso a linhas de crédito atrativas no exterior, desde que tomados os cuidados acima.

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