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CFO antes dos 35 anos: jovens executivos revelam o que fez a diferença em suas carreiras

O conceito “A Jornada do Herói” serviu de fio condutor do Seminário CFOs Jovens, realizado na terça-feira (29). A teoria, cunhada pelo antropólogo Joseph Campbell em seu livro “O Herói de Mil Faces”, foi explanada pela palestrante Maria Tereza Gomes, jornalista, empreendedora e professora de MBA. O evento foi patrocinado pela PwC.

Maria Tereza Gomes, jornalista, empreendedora e professora de MBA

Com vivência de 18 anos no Grupo Abril, Tereza foi diretora de redação da revista “Você S/A” e de produção e programação da TV Ideal, canal fechado da TVA. Durante dois anos, ela teve a chance de entrevistar 72 presidentes de empresas no programa “Trajetórias”.

As entrevistas a instigaram a cursar mestrado na FEA (Faculdade de Economia e Administração da USP), pesquisando as semelhanças nas carreiras daqueles líderes. Ao final, surgiu o livro “O Chamado – Você é o Herói do Próprio Destino”.

“Resumi em 10 grandes achados a minha avaliação sobre presidentes de empresas e suas carreiras, o que os torna diferente (a ponto de transformá-los em líderes). Eu consolidei isso no que eu chamo de Atitude de Herói”, disse Tereza.

Confira as 10 Atitudes de Herói citadas pela palestrante:

A jornalista destacou as 10 atitudes diferenciais de grandes líderes

1 – Aceitar os chamados.
“Verifique quais são os chamados que têm propósito para você, e entenda os motivos para aceitá-los ou recusá-los. O herói não aceita todos os chamados. Isso significa assumir o controle de sua carreira.”

2 – Encarar os desafios
“O herói é aquele que não se detém diante dos desafios: ele vai encontrar uma solução, vai ultrapassar esses desafios. Só ultrapassando os desafios você consegue vitórias. Você precisa ser o protagonista da sua história.”

3 – Fazer além do esperado
“Quando conversamos com um presidente de empresa percebe, normalmente, que ele não é uma pessoa acomodada. Os presidentes não são coadjuvantes da história das outras pessoas.”

Jovens CFOs contaram desafios e aprendizados de suas trajetórias

4 – Corrigir a rota, se necessário
“Nem sempre você terá uma carreira em linha reta, sem deslizes. O segredo é avaliar o que deu errado e corrigir a rota.”

5 – Missão. Visão. Valores
“Verifique se a missão, a visão e os valores da empresa combinam com a sua missão, a sua visão e seus valores. O que você fez durante o dia te deu satisfação?”

6 – Compartilhar o aprendizado
“Como vocês estão treinando as pessoas que trabalham com vocês? Como estão passando conhecimento para frente? Estão aprendendo com os erros?

José Vinicius de Oliveira Alves, líder do IBEF Jovem e gestor de controle e eficiência em gastos da Cielo

Estão ensinando os outros a não cometer os mesmos erros?”

7 – Encarar os medos
“Tem de ir em frente, não pode desistir. A crise eventualmente acontecerá: a empresa vai ser vendida, vai ter fusão, vai ter medida provisória do governo… Mas é preciso encarar essas crises.”

8 – Cultivar mentores
“O mentor é alguém que vai te acompanhar ao longo da vida, desinteressadamente, porque gosta de você, porque quer que você se saia bem, quer ver você crescer.”

9 – Entender a hora de parar
“Uma grande dificuldade dos presidentes das empresas é a incapacidade de

Painelistas responderam questões sobre motivação no trabalho, e se tiveram receio de assumir o cargo tão jovens

descobrir a hora de parar e voltar para o mundo comum, de uma vida mais simples. Conselho: vocês que são jovens, olhem para o momento em que vocês vão desapegar desse mundo corporativo e talvez se reinventar. O momento de parar é sempre muito difícil.”

10 – Aprender sempre
“Atualizar-se é uma característica marcante de presidentes de empresas. Até para se reinventar, depois da aposentadoria; pode virar um conselheiro, um investidor-anjo.”

Em seguida à apresentação da jornalista, Bruno Jucá, CFO da Owens Illinois, Bruno Poljokan, CFO do GuiaBolso, e Helena Pécora, CFO da Eli Lilly, debateram sobre aspectos da vida corporativa e “heroica” de seus cargos, com mediação de Adriano Correia, sócio da PwC.

Bruno Jucá, CFO da Owens Illinois

Eles responderam questões sobre motivação para o trabalho, se tiveram medo de encarar o desafio de se tornar CFO tão jovens, e o que é sucesso.

Autoconhecimento
Bruno Jucá está no cargo há apenas quatro meses. Mas é funcionário da mesma indústria há nove anos, tendo iniciado como estagiário. Ele contou que quando recebeu o convite para se tornar CFO, no início sentiu receio pela responsabilidade de assumir a função, mas como trabalha

na empresa há muito tempo, esse processo acabou fluindo naturalmente. Questionado sobre o medo de fracassar, Bruno conversou com o pai que disse: “Olha, filho, você está tendo a oportunidade de aprender, você tem de focar nisso. O que aprender ninguém vai poder tirar de você.”

Bruno Poljokan, CFO do GuiaBolso

O executivo deixou Recife há seis anos para trabalhar em São Paulo. Ele define sucesso como realização. “Sucesso para mim é ser feliz, se sentir realizado. Conseguir balancear a vida pessoal e o trabalho. Dormir tranquilo, à noite, sabendo que entregou o resultado da melhor forma possível.”

Jucá aconselha a quem está no começo de carreira que mantenha sempre a vontade de aprender. “Você pode ter mil perfis diferentes: o high potential ou aquela pessoa que é um pouco mais tímida, mas todos podem desenvolver sua carreira, atingir seus objetivos. Então, procure se conhecer bem, e com base no seu autoconhecimento, buscar o que é melhor para você.”

Escolhas
A vida pessoal de Helena Pécora, mãe de Matheus, de um ano e meio, não foi impedimento para encarar o desafio de se tornar CFO. Para a dupla jornada, ela conta com o apoio fundamental do marido. “Você precisa escolher um

Helena Pécora, CFO da Eli Lilly,

parceiro que seja um parceiro de verdade. Tendo uma estrutura, você consegue conciliar (trabalho e família). Ter uma carreira me faz uma mãe melhor, me faz uma esposa melhor. E estar feliz com as escolhas e os custos disso.”

Helena utilizou os serviços de uma coach para ajudar no momento de transição. “Eu não tenho medo (de não permanecer no cargo). O mundo é muito grande. Se não der certo aqui, tem correções de rota que podemos fazer e vai dar certo em outro lugar. Mas um fator importante para aumentar a chance de sucesso é escutar: escutar meu time, escutar as pessoas experientes, escutar quem fez muito sucesso…”

Segundo a executiva, as competências comportamentais, as atitudes, saber questionar, fizeram mais diferença na sua trajetória do que as competências técnicas. “Somos responsáveis pelas decisões que tomamos, por investir o nosso tempo no nosso desenvolvimento, por buscar entregar sempre além do que é esperado. Tenho muita gratidão por todas as pessoas que fizeram parte da minha trajetória e ainda vão fazer.”

Debate foi mediado por Adriano Correia, sócio da PwC

Motivação
“Coloquei para mim como meta que preciso ser sócio da empresa”, afirmou Bruno Poljokan. “Quando você é sócio, a motivação é totalmente diferente. Obviamente, você quer fazer aquele negócio crescer, por que naturalmente terá um retorno financeiro. Se o crescimento da empresa não impacta diretamente no que eu estou fazendo, isso me desmotiva muito.”

Com perfil arrojado, Poljokan disse gostar de riscos e mudanças drásticas. “Isso automaticamente me faz ir atrás de estudos, de conhecimento. Eu tive a oportunidade de virar CFO de uma empresa internacional para a América Latina, mas não continuei lá porque não vislumbrei mais um grande aprendizado.”

Mas ele também se cerca de um time com expertise. “Eu aprendo demais com a minha equipe. Sempre busco ter na equipe pessoas que são muito melhores do que eu. E são normalmente pessoas jovens, que estão trazendo novas tecnologias, novos modos de fazer”, afirmou.

Participantes fizeram várias perguntas para os convidados

Evitando conflitos
Tanto Helena quanto Jucá e Poljokan tiveram de lidar com diferentes reações de quem já estava na empresa quando assumiram a nova posição, não só em razão da idade, mas pela acomodação natural de espaços. “Eu peguei a energia das pessoas que estavam me dando suporte. Procurei focar no trabalho, e fui deixando a coisa fluir”, disse Helena.

Já Jucá teve a vantagem de contar com um time que está na empresa há anos. O antigo CFO continuou trabalhando na indústria, “o que ajudou a gerar uma tranquilidade”. Para Poljokan, quando se está aberto “a ouvir o que as pessoas da equipe têm para passar, o que elas já aprenderam, o time passa a perceber que você também tem muito a agregar”.

Felipe Brunieri, líder de Carreira e Empregabilidade do IBEF Jovem e sócio-gerente da divisão de finanças e tributário da Talenses
Palestrantes e membros da organização IBEF Jovem

 

 

 

 

 

 

 

(Reportagem: Silvia de Moura / Fotos: Mario Palhares)

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