Av. Pres Juscelino Kubitschek 1726, Cj. 151 São Paulo / Itaim bibi +55 11 3016-2121

Situação política não ajuda, mas economia avança

Setores dão sinais de recuperação em meio às incertezas no campo político. Esse foi o sentimento da segunda reunião da Diretoria Vogal realizada neste ano.

Mais de 50 executivos marcaram presença no evento, que aconteceu na última sexta-feira (23). A abertura foi comandada por Marco Castro, presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP, e Rogério Menezes, 1º vice-presidente da Diretoria.

Executivos discutem momento econômico no segundo Almoço da Diretoria Vogal

O setor elétrico foi o primeiro a mostrar sua visão. Movimentos recentes de consolidação, como a fusão da Neoenergia e Elektro, e a venda da Cemig de sua participação na Light, foram destacados por Britaldo Soares, presidente do Conselho de Administração da AES Tietê e da AES Eletropaulo.

A volatilidade do sistema de preços e a exposição ao risco hidrológico continuam entre grandes preocupações, completou Francisco Morandi Lopez, CFO da AES Brasil. ¨O baixo patamar de preços reflete um cenário esquizofrênico, considerando o nível dos reservatórios e a previsão de menor volume de chuvas¨.

Efeito político – Existe um ambiente regulatório mais favorável. Mas muitas iniciativas necessárias para trazer mais estabilidade ao setor ainda estão travadas pela situação politica instável, ressaltaram os executivos.

Na ocasião, Britaldo Soares manifestou apoio ao atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, e a seu projeto de reestruturação da estatal, que tem sido alvo de críticas.

Da esq. p/ dir.: Rogério Menezes (Smurfit Kappa), Marco Castro (PwC) e Rubens Batista Jr. (2B Partners).

Com relação ao varejo, as notícias são positivas. O setor registrou no 1º trimestre crescimento de vendas acima do esperado, tanto em lojas físicas como online, disse Felipe Negrão, CFO da Via Varejo. O Nordeste se sobressai entre as regiões brasileiras com melhor desempenho.

Outro destaque é o retorno do apetite por crédito dos consumidores. Ainda que a recuperação de inadimplentes mostre-se mais difícil.

Boas perspectivas para o e-commerce. Aumento de 12% das vendas é projetado para este ano, segundo dados da consultoria Ebit.

A implantação da nova regra de liquidação de pagamentos para os ¨shopping virtuais¨ (marketplaces), planejada pelo Banco Central para setembro, é o grande ponto de atenção do setor, destacou Luis Carlos Cerresi, CFO do Walmart.com

A expansão das operações da Amazon no Brasil é outra novidade aguardada. O CFO da companhia, Marcelo Giugliano, limitou-se a comentar o bom momento do mercado de livros, principal produto comercializado pela empresa no País. De janeiro a maio, esse mercado cresceu 5,78% em volume e 6,51% em faturamento, segundo dados da Bookscan Nielsen.

Britaldo Soares, presidente do Conselho de Administração da AES Tietê e da AES Eletropaulo.

Sinais de recuperação despontam no setor alimentício. O consumo de pescados reagiu positivamente no 1º trimestre, estimulado pelo período da quaresma, relatou Antenor Zendron, diretor administrativo financeiro da Gomes da Costa.

O desabastecimento de atum e de sardinha nacional, que obrigou a indústria a importar mais de 90% dessa matéria-prima no 1º tri, preocupa o setor. Outra questão difícil é a rigidez do marco regulatório, que limita o crescimento da produção.

Nas operações de comércio exterior, os metais são destaques das importações, destacou CFO da Timbro Trading, Flavio Bruna. Isso porque o preço do produto importado está muito competitivo, 20 a 30% abaixo em relação ao metal brasileiro.

A balança comercial registrou superávit recorde em maio (US$ 7,66 bilhões), favorecida pelo aumento de preços das mercadorias nacionais e das vendas de produtos básicos e semimanufaturado. As exportações brasileiras de matéria-prima ligada à produção de aço e de sucata se ampliaram a mais países do Sudeste Asiático, destacou o CFO.

Investimentos internacionais – A melhoria do diálogo entre o governo brasileiro e os investidores tem contribuído para uma visão mais positiva sobre o País, observou Luiz Calado, diretor da BRAiN Brasil Investimentos e Negócios.

Francisco Morandi, CFO da AES Brasil

O sucesso nas últimas rodadas de concessões no setor aeroportuário e no setor de energia, com a entrada de operadores internacionais, reflete isso.

Calado aproveitou o momento para convidar os diretores a se inscreverem no maior congresso de institutos de executivos de finanças do mundo, 47 IAFEI World Congress. O evento acontecerá de 27 a 29 de setembro, em São Paulo, com realização do IBEF SP.

A deterioração de indicadores econômicos do País nos últimos dois anos, teve em contraponto a melhoria de outros. Um exemplo é o volume de ações negociadas na bolsa, mensurado pelo Ibovespa, que hoje está em patamar superior ao de 2015, acrescentou Gilmar Camurra, sócio da Tesalia do Brasil investimentos.

No setor de serviços, o sentimento é de estagnação. ¨Operamos em quase todos os setores da economia, e percebemos que não há crescimento no volume total¨, destacou Mauricio Montilha, CFO da Atento, ao referir-se à indústria de serviços de call centers.

Felipe Negrão, CFO da Via Varejo

 

 

A redução no número de empregados e o aumento de investimentos em automação são tendências deste mercado, também observadas nos clientes, destacou o CFO. ¨Vemos uma melhoria brutal de eficiência em companhias de todos os setores¨.

A reforma da legislação trabalhista trará avanços nesse campo para as empresas, observou Philip Lejeune, CFO da Kelly Services, empresa de serviços terceirização de mão de obra. Já o sistema eSocial, obrigatório a partir de janeiro de 2018, trará mais transparência às informações sobre os encargos pagos.

Custos maiores decorrentes da regulação preocupam o setor de serviços de informação, voltado a apoiar decisões de crédito, informou Paulo Melo, CFO da Serasa Experian.

Luis Carlos Cerresi, CFO do Walmart.com

Trouxe complicações a obrigação imposta pela legislação paulista, em 2015, de envio de carta com aviso de recebimento (AR) para o devedor, antes da inclusão de seu nome na lista de inadimplentes. ¨Existem quase 4 milhões de pessoas que não foram negativadas. Isso traz insegurança para o sistema¨.

Do ponto de vista dos bancos, há movimentos do órgão regulador para trazer mais competitividade ao setor e reduzir custos administrativos. A tendência de digitalização segue firme, observou Rosangela Santos, diretora de crédito do Banco Inbursa de Investimentos.

Existe um movimento no mercado para novas operações, mas ainda bastante embrionário, notou a diretora.

Marcelo Giugliano, CFO da Amazon Brasil
Antenor Zendron, diretor administrativo financeiro da Gomes da Costa
Flavio Bruna, CFO da Timbro Trading

 

 

 

 

 

 

 

Na indústria farmacêutica, a perspectiva é positiva. A volta do governo à compra de medicamentos para abastecimento dos estoques públicos é uma boa notícia, informou Robson Faria, CFO da Glenmark Pharmaceuticals.

Luiz Calado, diretor da BRAiN Brasil Investimentos e Negócios.

As vendas de medicamentos cresceram no acumulado de janeiro a abril, impulsionadas pelo avanço dos genéricos. A perspectiva do setor para 2018 é também favorável, com crescimento projetado de 10%.

O setor de tecnologia vive um bom momento. 40% dos produtos comercializados no Brasil são soluções digitais relacionadas a nuvem, dispositivos móveis, social e ferramentas cognitivas, de acordo com o IDC. O dado foi destacado pelo CFO da IBM Brasil, Serafim de Abreu.

A insegurança jurídica e a complexidade tributária (agravada pela guerra fiscal), no entanto, ainda geram riscos para as empresas que investem no País, alertou Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil.

O terceiro setor, assim como as empresas, também sofre os impactos da crise. O maior desafio para as entidades sem fins lucrativos é a sustentabilidade financeira, destacou Alfredo Benito, CFO do Instituto Ayrton Senna. O setor pede que o sistema tributário brasileiro ofereça mais incentivos a doadores PF e PJ.

Gilmar Camurra, sócio da Tesalia do Brasil investimentos.

Encerramento – Apesar do tsunami de notícias negativas no mundo político, as empresas persistem e conseguem crescer em um cenário difícil, destacou Luis Felipe Schiriak.

¨Saio ligeiramente mais otimista desta reunião do que imaginava. Vamos torcer para que a economia e o setor privado continuem a contribuir para o crescimento do País, apesar das incertezas políticas¨, concluiu o vice-presidente do Conselho de Administração do IBEF SP.

A Diretoria Vogal é um órgão do IBEF SP formado por cerca de 80 executivos atuantes nas principais empresas do País. A cada trimestre, os diretores constroem um panorama coletivo sobre o ambiente de negócios brasileiro, a partir das diferentes visões setoriais.

Mauricio Montilha, CFO da Atento
Philip Lejeune, CFO da Kelly Services
Paulo Melo, CFO da Serasa Experian

 

 

 

 

 

 

Rosangela Santos, diretora de crédito do Banco Inbursa de Investimentos.
Robson Faria, CFO da Glenmark Pharmaceuticals
Serafim de Abreu, CFO da IBM Brasil

 

 

 

 

 

 

 

Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil
Alfredo Benito, CFO do Instituto Ayrton Senna
Luis Felipe Schiriak, vice-presidente do Conselho de Administração do IBEF SP

 

 

 

 

 

 

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares/ IBEF SP)

 

Compartilhe:

Deixe um comentário