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Sônia Fanhani: habilidade de relacionamento deve fazer parte da atuação do financeiro

Participantes do mentoring com a CFO Sônia Fanhani.

O programa de mentoring do IBEF Jovem recebeu na última terça-feira (25), uma CFO com 30 anos de experiência na área financeira. Sônia Fanhani começou a ganhar destaque em uma época na qual era quase inexistente a participação de mulheres em cargos de liderança, principalmente no setor de finanças.

“Desde muito jovem tinha vontade de ter independência financeira”, ressaltou a CFO que cresceu em um ambiente rígido no interior, fator significativo na sua relação com o trabalho. Até os 20 anos, Sônia almejava ser secretária executiva bilíngue, mas depois de cursar um técnico e atuar na área, viu que não era exatamente o que pretendia fazer.

Foi como trainee de auditoria na KPMG que abriu os horizontes e passou a adquirir conhecimento técnico para atuar na área financeira. “A necessidade que a auditoria impunha, de estar à frente das relações, me ajudou muito na carreira”, destacou.

¨Existe muito mais a ser descoberto em uma conversa do que em um relatório”

Importância das relações – Sônia Fanhani contou que na KPMG aprendeu a se comunicar com todos, desde o diretor até o colaborador do chão de fábrica. “O financeiro tem que assumir o relacionamento como parte da sua atuação”, disse. Segundo ela, isso é importante porque é nas pessoas onde a informação está e elas a compartilham quando se sentem à vontade com o interlocutor.

“Gosto de buscar informação aos olhos do outro e não só por meio de relatórios. Existe muito mais a ser descoberto em uma conversa do que em um relatório”, disse a CFO. Para ela, conhecimento técnico pode eleger um profissional para uma posição ou promoção, mas para se manter, é preciso ir além.

Saber ouvir também é essencial, segundo Sônia, que revelou um de seus arrependimentos durante a carreira: “Eu poderia ter usado um pouco mais as minhas habilidades de boa ouvinte”. Seu perfil confrontativo também lhe trouxe controvérsias em alguns momentos. “Eu tinha muitas ideias, chegava na empresa e já queria mudar e, às vezes, essa atitude feria o curso natural das coisas”.

Desafios da liderança – A CFO assumiu sua primeira posição como gerente na Motorola e conta que um dos maiores desafios foi saber conduzir uma rotina de priorização, do que era realmente importante e não urgente. “Não era só uma questão de delegar, mas de alavancar com as empresas terceirizadas”, explica. Ao longo da passagem pela companhia, Sônia foi aprendendo a lidar com as questões de confiança e ansiedade da equipe.

Janela de oportunidades – Sônia Fanhani sempre se lançou em meio aos sonhos de carreira e às oportunidades – algo que hoje é um de seus maiores conselhos. “Acho que temos que buscar autoconhecimento, assumir quem somos e fazer o que gostamos. Um líder forte é um líder que tem autoconhecimento”, concluiu.

Foi com esse intuito de aproveitar as oportunidades que a CFO aceitou uma proposta de trabalhar no exterior pela Cummins, depois de dois anos na empresa. A executiva, que atuou por três anos na matriz da companhia nos Estados Unidos, acredita que não foi apenas a sorte que a fez alcançar essa experiência. “Aquela dose de sorte existiu, mas eu estava preparada, tinha o inglês, nunca parei de estudar”, sublinhou.

Adaptação e diferenças – A CFO ressaltou outro aprendizado da Cummins, onde trabalhou durante 21 anos: valorizar e se adaptar às mudanças. “Eu instigava a equipe de finanças a ter um outro comportamento e a se acostumar com as rupturas. Temos que estar em constante adaptação”. Foi na época da sua primeira maternidade em que mais precisou assumir essa habilidade de se reinventar. “Me tornei diretora na Cummins no mesmo ano em que fui mãe do meu primeiro filho”, contou.

Foram valores que Sônia Fanhani vivenciou ao longo da carreira e, por isso, sempre fez questão de transmitir. “Eu era a única gerente mulher dentro de uma equipe de 17 pessoas e tive que empreender um esforço muito maior para conquistar o mesmo que outros líderes”, lembra.

¨O líder de finanças de sucesso é aquele que exporta seus melhores talentos para outras áreas¨

Entender o cliente – A valorização do cliente é um dos principais pontos de atenção que profissionais de finanças devem ter, segundo a CFO. “É importante ter bastante vínculo com o que é importante para o cliente, entender as suas necessidades. Quando você está ajudando a resolver problemas do cliente, você está no caminho certo. A criação de uma organização Customer Centric abre portas e dá visibilidade”, afirmou.

Para Sônia Fanhani, formar equipes, promover e renovar formas de trabalho são cruciais na evolução de líderes. “O líder de finanças de sucesso é aquele que exporta seus melhores talentos para outras áreas da empresa. Às vezes, para fora dela”. Investir em engajamento e em um ambiente de aprendizado, segundo a CFO, ajudam na retenção e maturidade da equipe.

Criando uma marca – Um dos tópicos destacados por Sônia Fanhani durante o mentoring foi a importância da criação de uma marca, que segundo a CFO, é diferente de manter uma imagem. “A marca é a sua essência, é o seu firme propósito. As necessidades e os modelos de negócio se renovam, alteram a rota. A capacidade de adaptar-se não pode se confundir com negligenciar a obrigação de ser diligente e guardião das metas da organização”. Sônia explicou que um líder deve atuar como parceiro da equipe de finanças, mas não se confundir a ponto  de “perder a identidade”.

“Sempre valorizei manter essa identidade e fortaleza ao extremo na formação de equipes. Um líder que pode inspirar outras pessoas é um líder que não se corrompe em relação aos seu valores”, arrematou a executiva.

(Reportagem: Liana Sampaio)
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