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Pesquisa exclusiva IBEF SP/DINHEIRO mostra que as empresas preveem aumentar o faturamento, o investimento e o nível de emprego no ano que vem.
Saiba por que elas estão otimistas.
Por Luís Artur NOGUEIRA
Assista à entrevista com o editor-assistente de economia, Luís Artur Nogueira
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/102050_2013+O+ANO+QUE+JA+COMECOU+OTIMISTA
Nas próximas semanas, o presidente-executivo do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, terá uma difícil missão: resolver o imbróglio envolvendo a família Klein, que tenta retomar o controle da Via Varejo, e ainda arrumar tempo para finalizar o planejamento estratégico de 2013. As metas para o ano que vem, que serão discutidas e eventualmente avalizadas pelo controlador Casino no começo de dezembro, são fundamentais para definir as ambições da empresa. “Nossa proposta é manter um ritmo muito forte de expansão”, diz Pestana, que vai incluir no plano a conclusão do investimento de R$ 36 milhões na implementação de um novo formato de ponto de venda, com a bandeira Minimercado Extra.
Os chefes do dinheiro: (da esq. para a dir) Securato, da Saint Paul; Marcela, da Braskem; Rodrigues, da JHSF; e Luiz, da Netshoes
“Eu já vejo nas lojas um consumidor mais confiante.” Esse otimismo, respaldado pelos acionistas franceses, está longe de ser um caso isolado. Pestana é um dos 150 participantes da pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF SP), em parceria com a DINHEIRO, cujo resultado ajuda a explicar por que o Brasil deve crescer muito mais em 2013. Nada menos que 92,3% das empresas ouvidas pelo instituto projetam um faturamento maior no ano que vem, e 50% delas pretendem investir mais do que em 2012 (leia a pesquisa ao final da reportagem). A percepção de um 2013 mais generoso foi a tônica de um almoço promovido pelo IBEF SP, que reuniu, no começo do mês, diretores financeiros de 35 empresas, em São Paulo.
DINHEIRO acompanhou o encontro, com exclusividade, e constatou que os homens do dinheiro, conhecidos como CFOs, já receberam sinal verde para pisar no acelerador. “As perspectivas estão fortes e otimistas”, diz Keyler Carvalho Rocha, presidente do conselho de administração do IBEF SP. “Ninguém está perdendo tempo.” A mensagem do empresariado soa como música para os ouvidos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que espera uma expansão de 10% dos investimentos no ano que vem, colhendo os frutos da política econômica adotada neste ano. “Em 2013 entram em vigor todas as medidas de estímulo ao investimento e ao crescimento da economia”, diz Mantega. “Será inevitável uma expansão dos investimentos nas principais áreas da economia.”
O entusiasmo do setor privado – e do governo – também ficou evidente durante a abertura do Salão do Automóvel de São Paulo, na quarta-feira 24. Diversas montadoras, como Mercedes-Benz, Volvo, Land Rover e Audi, revelaram a intenção de construir novas fábricas no Brasil. Dois dias antes, a presidenta Dilma Rousseff recebeu, no Palácio do Planalto, a visita do vice-presidente da BMW, Ian Robertson, que anunciou a instalação da primeira fábrica da empresa alemã no Brasil. O empreendimento, que será erguido em Araquari, no norte de Santa Catarina, vai consumir R$ 550 milhões. Mas a lista de empresas novatas no Brasil não se restringe à indústria automobilística.
De olho no mercado de informática, que tem crescido dois dígitos por ano, a fabricante chinesa de PCs Lenovo vai construir, em Itu (SP), a sua primeira unidade, com um investimento de R$ 65 milhões. “Somos líderes em vendas de PCs na China, na Índia e na Rússia”, diz Alfredo Benito, diretor financeiro da Lenovo. “A meta agora é o Brasil para completarmos o Brics.” Assim como para a Lenovo, o crescimento da classe média, nos últimos anos, continua sendo um estímulo fundamental para os empresários. A Brasil Foods, por exemplo, planeja investir R$ 1,5 bilhão para expandir sua produção, de olho no mercado interno, de onde vem 60% do faturamento. “Quanto mais se vendem geladeiras e microondas no País, mais as pessoas compram os nossos produtos”, afirma Leopoldo Saboya, CFO da companhia.
O setor de linha branca deve crescer a um ritmo de dois dígitos em 2012, puxado pelo desconto do IPI, concedido pelo governo. Outra empresa que projeta um horizonte azul com os novos consumidores emergentes é a companhia aérea TAM. “A classe C vai estimular a demanda por passagens no ano que vem”, afirma Daniel Levy, vice-presidente de finanças e gestão da TAM. Além do ganho contínuo de renda, o ciclo consistente de queda de juros, neste ano, também deve aumentar as vendas da TAM, acredita Levy. Isso porque as parcelas das compras financiadas pelas famílias brasileiras ficarão mais baratas. “Com juros baixos, as prestações ficam menores e acaba sobrando dinheiro para viajar”, diz Levy.
A queda de juros, por sinal, tornou-se a variável mais importante para a definição de novos projetos, segundo os 150 executivos ouvidos pela pesquisa do IBEF SP. O novo cenário econômico vai impulsionar, ainda, os negócios no setor de construção civil, avalia André Luís Rodrigues, diretor-financeiro da JHSF e presidente-executivo do IBEF SP. “Taxa de juros mais baixa desloca investimentos para o setor imobiliário”, diz Rodrigues, que está investindo na construção de um aeroporto executivo em São Roque (SP), ao custo estimado de R$ 700 milhões. A Duratex, fabricante de painéis de madeira, louças e metais sanitários, também projeta uma forte expansão.
Atração de investimentos: a presidenta Dilma Rousseff recebe a visita de representantes da BMW,
que anunciaram a construção de uma fábrica no Brasil
“Vamos crescer o dobro do PIB em 2013”, afirma Flavio Donatelli, diretor-financeiro e de relações com investidores da companhia, que destinou R$ 650 milhões para ampliar a sua capacidade produtiva. O ano de 2013 será marcado, também, pelo início da safra de eventos esportivos – começando pela Copa das Confederações, marcada para o mês de junho –, que estão definindo os planos de empresas, como a gigante calçadista Alpargatas. Uma fábrica da marca Havaianas, que vai consumir R$ 177 milhões, está sendo erguida em Montes Claros (MG), de olho na movimentação que o torneio de futebol do ano que vem promoverá, assim como a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. “Esses eventos darão visibilidade global às nossas marcas”, diz José Roberto Lettiere, CFO da Alpargatas.
A Netshoes, por sua vez, líder no comércio eletrônico de material esportivo, intensificou os investimentos em logística para estar em forma a partir do ano que vem. “Já estamos desfrutando os investimentos realizados”, diz José Rogério Luiz, vice-presidente de planejamento da Netshoes. Até mesmo a indústria de transformação, que estava andando de lado desde 2011 e começou a se recuperar no terceiro trimestre, deve dar sua contribuição para o crescimento no ano que vem. Essa é a previsão da Elektro, que distribui energia no interior de São Paulo, e já detectou a retomada do setor produtivo. “Devemos ter, em 2013, um crescimento do consumo de energia mais próximo ao da média histórica, de 4% a 4,5%, com a indústria liderando”, diz Rodrigo Silva, diretor-financeiro e de relações com investidores da Elektro.
Silva lembra que a tão aguardada redução no preço da energia, que começa a vigorar no ano que vem, vai beneficiar a companhia, pois tende a reduzir a inadimplência dos clientes. A energia mais barata será um alento para empresas como a petroquímica Braskem, que tem sofrido com o elevado preço da nafta, o seu principal insumo. “Energia e câmbio ajudam a compensar as margens de lucro que ficaram mais apertadas”, diz Marcela Drehmer, diretora-financeira da Braskem. Já a química AkzoNobel vê um cenário otimista pela frente. “O setor de celulose vai dobrar sua capacidade até 2020”, diz Rogério Menezes, CFO da empresa holandesa, que tem investido R$ 200 milhões por ano no Brasil desde 2006.
A principal obra em andamento é a fábrica de insumos para celulose em Imperatriz, no Maranhão, no valor de R$ 176 milhões, que demandará novas contratações. O mercado de trabalho, aliás, vai ficar movimentado no ano que vem. Segundo a pesquisa do IBEF SP, 85,7% pretendem ampliar o quadro de funcionários, informação que faz brilhar os olhos do presidente da Saint Paul Escola de Negócios, José Cláudio Securato. “Crescemos 100% em 2012 e projetamos mais 75% no ano que vem”, diz Securato. “As grandes companhias estão investindo em capital humano.” Desta forma, mesmo que o País feche este ano com um PIB magrinho, 2013 deve chegar com muitas razões para que a economia tire a barriga da miséria.
Colaborou: Denize Bacoccina
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/102050_2013+O+ANO+QUE+JA+COMECOU+OTIMISTA
Veículo: istoedinheiro.com.br
Data: 26/10/12