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Gilson Finkelsztain conta sua trajetória até assumir o cargo de CEO da B3

Formado em engenharia, Gilson Finkelsztain tinha um sonho de ser empresário e ter sua própria construtora. Mas seu rumo profissional foi outro, e ele entrou rapidamente no mundo financeiro, iniciando a carreira na área em um estágio no Citibank, quando ainda morava no Rio de Janeiro. Ele contou sobre sua trajetória durante mentoring do IBEF Jovem, realizado no dia 11 de fevereiro na sede do IBEF-SP. “Inicialmente, trabalhava na área de tecnologia, implementado o que seria hoje o negócio de analytics, big data, para ganhar eficiência e reduzir custos das propagandas enviadas por correio, a ‘mala direta’. Fiquei um ano e meio no Citibank no Rio de Janeiro e passei no programa de trainees do próprio banco”, disse.

Como trainee do Citibank, Finkelsztain chegou em São Paulo há 26 anos e começou carreira no mundo de mesa de operações, na área de tesouraria. “Fui operador de mercado, câmbio, juros, opções, trabalhei muito com trade, e adorei. Meu sonho era ser engenheiro, mas acabei parando no mercado financeiro e fui super feliz nesse início de carreira”. Foi nessa época também que Finkelsztain teve sua primeira experiência internacional. “Morei quase um ano nos Estados Unidos, 6 meses na Cidade do México e quando voltei para o Brasil, no final da década de 90, fui atender clientes na área comercial, onde fiquei por 7 anos”.

Mudança profissional – Em 2005, Finkelsztain pediu por novos desafios no Citibank, aproveitando a presença internacional do banco. “Eu queria uma experiência em outro país, e surgiu uma oportunidade para tocar um negócio nas Filipinas, em 2006. A oportunidade era boa, mas não era um bom momento familiar para morar tão longe”. Nessa época, Finkelsztain já somava 14 anos no Citibank, onde formou uma base profissional muito satisfatória. “Estar num lugar que você admira no início da carreira é importante, um lugar onde você se sente bem, aprende, é desafiado. Isso talvez seja muito mais importante do que salário”, disse.

Assim, Finkelsztain percebeu que seu valor enquanto profissional no mercado era muito maior do que imaginava, e foi nessa época que decidiu mudar de emprego, assumindo uma posição no JP Morgan. “Fui reconstruir os negócios de renda fixa do JP Morgan no Brasil, e foi uma grande mudança, pois no Citibank eu tinha uma equipe de 80 pessoas, e no JP Morgan nós formávamos um time de 8 pessoas”, contou. Logo depois, em 2008, o mercado financeiro mundial passou por uma crise que acabou desacelerando os planos do JP Morgan no Brasil. “Fui convidado a ir para os Estados Unidos atender outros clientes, mas decidi sair do JP Morgan”.

Logo depois, Finkelsztain atuou por cerca de 6 meses no Bank of America Merrill Lynch e de lá migrou para o Santander. No banco espanhol, ele assumiu uma posição de diretor. “Tive a oportunidade de ter exposição a um negócio maior de varejo e assumi também uma cadeira no conselho de administração da Cetip, como diretor do banco. Esse foi meu primeiro contato, como administrador, com o que hoje é a B3. No Santander, eu era apenas cliente tanto da Cetip como da BM&FBovespa”, contou.

Transição para a B3 – Após dois anos e meio no Santander, o presidente da Cetip à época, Luiz Fleury, decidiu se aposentar e o conselho da empresa fez um processo de sucessão no qual Finkelsztain foi convidado a assumir o cargo. “Tirei férias para decidir, já que não era tão óbvio para mim. Eu refleti que talvez essa oportunidade não aparecesse novamente, eu tinha 21 anos de experiência em bancos, e ser presidente de empresa era uma proposta que nunca tinha aparecido. Decidi aceitar e foi uma excelente decisão profissional”, compartilhou.

No meio de sua trajetória na Cetip, Finkelsztain recebeu um telefonema do então CEO da BM&FBovespa, Edemir Pinto, para tratar sobre a fusão das duas empresas. “Foi uma longa negociação e depois que a fusão foi aprovada pelo Cade e pela CVM, demos origem à B3. No processo seletivo para escolha do novo CEO, fui selecionado para conduzir a bolsa, no início de 2017”.

História da B3 – A bolsa do Brasil nasceu sob o nome de Bolsa Livre em 1890, e passou por várias transformações, tornando-se Bovespa em 1967. Já a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) nasceu em 1985. A Cetip entrou em operação um ano depois para digitalizar o que era feito em papel nos títulos privados de renda fixa. “Em meados dos anos 2000, basicamente todas as bolsas eram sem fins lucrativos, e a onda era virarem entidades privadas, com a venda das cotas dos bancos e corretoras”, explicou Finkelsztain.

Em 2007, a BM&F e a Bovespa abriram capital, e um ano depois as duas empresas se fundiram. A Cetip abriu capital em 2009. Em 2017, com a fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip, nasceu a B3. “Hoje, a empresa atua como infraestrutura para o mercado financeiro, com atuação em ambiente de bolsa e balcão. O objetivo maior é ser uma grande avenida que junta investidores e emissores”, disse Finkelsztain.

Dicas de carreira – “Carreira é uma maratona. Quem quer correr rápido demais sem uma base sólida acaba estagnando cedo”, avaliou Gilson Finkelsztain. Para ele, é importante galgar degraus devagar, buscando crescimento sempre, e não pular de galho em galho. “Se tiver em um lugar legal, é importante se manter e ter uma história boa para contar”.

IBEF Jovem — O IBEF Jovem promove encontros de Mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes. O núcleo é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. Acesse: www.antecipa.com

 

 

(Reportagem: Bruna Chieco)

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