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A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) trouxe alguns impactos para o mercado de capitais brasileiro, que vivia um momento de crescimento, com o Ibovespa atingindo seu pico em meados de fevereiro deste ano. De imediato, a crise refletiu aumento nos volumes de negócios, de uma média de 3 milhões de negócios por dia no mercado de listadas e derivativos em 2019 para um pico de 12 milhões de negócios em um único dia em março. Esse foi um dos temas trazidos por Juca Andrade, vice-presidente de produtos e clientes da B3, no Webinar “Cenários e Impactos da Crise no Mercado de Capitais Brasileiro” organizado pelo IBEF-SP e coordenado por Rosângela Santos, líder da Comissão Técnica de Mercado Financeiro e de Capitais do Instituto.
“Atingimos picos de volume negociado no mercado de ações, e altos volumes financeiros também”, destacou Andrade, contextualizando que em um cenário de alta volatilidade como o de agora, as estratégias dos investidores mudam constantemente. Com relação à participação de investidores, Andrade ressaltou que o primeiro movimento que foi observado foi a saída do investidor estrangeiro. “Isso ocorre devido ao movimento de redução de posições. O lado positivo é que agora começamos a atrair investidores de mais longo prazo, com tomada de risco”, completou. E destacou o aumento do número de contas de investidores pessoa física no Brasil: “Vemos um novo perfil de investidor, uma postura de aceitação do risco, de entender e não sair correndo. Com as taxas de juros mais baixas, as pessoas físicas são mais propensas a tomar risco”, disse.
Circuit breaker – Ele explicou como acontece o circuit breaker no mercado de ações. O mecanismo permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento e o rebalanceamento das ordens de compra e de venda. “Em março, publicamos um comunicado explicando o que é o circuit breaker. Às vezes um papel específico pode variar mais de 10%, mas o que olhamos é o Ibovespa. Quando ele atinge uma variação negativa de 10%, a gente interrompe o pregão por 30 minutos. Depois, cria-se uma nova barreira, de 15%, parando de novo caso atinja esse patamar. O efeito principal é o cool down, ou seja, evitar que os algoritmos tenham ordens repetidas. É um tempo de parada para as pessoas olharem o que está acontecendo”, disse Andrade.
Renda Fixa – No mercado de renda fixa, o volume de emissões foi alto, e empresas usaram o mercado de capitais para fazer caixa. “Em relação ao mercado de crédito, criamos linhas para promover liquidez. Uma delas foi uma linha de crédito aos bancos para comprar debêntures. Também tivemos a disponibilização da Letra Financeira Garantida, criada pelo Banco Central, estendendo crédito com lastro nessa carteira”.
IPOs – A crise também trouxe uma retração dos IPOs que estavam no radar. “O que mudou foi o valuation das ofertas e as empresas retraíram. Agora estamos em um momento de aguardo, temos que esperar o mercado se estabilizar, pois os preços mudaram de patamar”, disse. Andrade ressaltou não acreditar que a tendência esteja interrompida. ” Do ponto de vista de empresas listadas, queremos atrair novas empresas, incluindo pequenas e médias, simplificando um pouco o acesso ao mercado de capitais. Essa é uma agenda que continua”, enfatizou.
Educação – Em relação à educação financeira, Juca Andrade falou sobre o trabalho desenvolvido pela B3, com o lançamento recente de um hub de Educação. “Nosso objetivo é sermos um curador do mercado. Vamos olhar o que tem de bom, portanto, fazer uma curadoria, criar trilhas de conhecimento e disponibilizá-las no nosso site”, disse.
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