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A partir de hoje, se você perdesse seu ganho mensal, por quanto tempo se manteria? Se sua resposta for inferior a 6 meses, é hora de rever sua vida financeira, alerta a economista e educadora financeira Kesia Kupper.
Kesia, que é gerente de investimentos e realiza esse trabalho educativo de forma voluntária, foi a convidada da Live “Educação Financeira na Prática – Uma abordagem simplificada das microfinanças”, realizada pelo IBEF Conecta – Jovem no dia 22 de abril.
É preciso estar preparado – “Normalmente, as pessoas se preocupam com a educação financeira quando acontece algum problema, como recentemente na pandemia”, destacou a especialista, observando a importância de começar o quanto antes.
Na primeira onda da pandemia de COVID-19, em 2020, mais de 7 milhões de pessoas sofreram cortes de salários e jornadas ou tiveram contratos suspensos (21% da população empregada com carteira assinada), segundo dados do Ministério da Economia divulgados em maio passado.
Ações do governo, como o programa emergencial de manutenção do emprego (autorizado pelo Congresso para retornar em 2021), evitaram cenário pior. O número de desempregados encerrou 2020 em 13,9 milhões de pessoas (13,5% da população), mas estimativas da agência de classificação de risco Austin Rating, apontam que o País pode chegar a14,5% de pessoas desempregadas em 2021, 14ª maior taxa global.
“Muitas pessoas me procuraram no ano passado porque não estavam preparadas para essa situação de redução de salário ou perda de emprego. Não tinham uma reserva de emergência”, ressaltou Kesia.
Como então para planejar uma vida financeira mais tranquila e resiliente a acontecimentos inesperados? A educadora financeira deu cinco dicas:
1) Entenda sua situação – Kesia observou que educação financeira não é sobre quanto uma pessoa tem de renda, mas quanto ela gasta. “Conheço pessoas que ganham dois salários mínimos e conseguem poupar, e pessoas que ganham R$ 50 mil ou mais e estão endividadas”, disse, ressaltando que, mais do que entender sobre matemática, é preciso mudança de comportamento.
Da mesma forma que precisamos fazer exames médicos para checar nossa saúde física, a saúde financeira também precisa de diagnóstico. O primeiro passo é colocar todos os ganhos (salários, benefícios etc) e custos (fixos e variáveis) de forma visível, seja em uma planilha, app ou até mesmo no papel.
É neste momento que se pode ter clareza da situação – se você está no zero a zero, gasta mais do que ganha ou consegue poupar – e a atitude que precisa ser tomada. Isso pode ir desde enxugar custos variáveis, renegociar dívidas, reduzir pacotes de serviços, trocar produtos de supermercados, encontrar formas de gerar renda extra etc. As pequenas economias podem gerar grandes resultados no montante total.
2) Escreva seus objetivos – “Não acredito em educação financeira, em chegar ao último estágio que é poupar, se você não tem objetivos ou sonhos”, destacou Kesia, ressaltando a importância de se manter motivado no processo de readequação financeira, que pode exigir privações.
Uma dica da educadora financeira é fazer uma lista de 10 grandes desejos, do maior para o menor. Em seguida, focar nos três primeiros do ranking e ficar alerta para que os 7 outros não tomem tempo, dinheiro e espaço até que os do topo sejam concretizados.
Se o seu sonho nº 1 é estudar dois anos no exterior e, de repente, você decide comprar um carro, que era a prioridade nº 4, você estará confundindo prioridades e adiando a concretização de uma grande meta. A educadora alertou que a maior parte do endividamento advém de compras mal sucedidas, geralmente realizadas por impulso.
Para quem já está endividado, o sonho nº 1 deve ser sair da dívida, aconselhou a especialista.
3) Precifique seus sonhos – Sonhos custam dinheiro, ressalta Kesia, destacando um dos seus lemas no processo de educação financeira. Por isso, entender o quanto os sonhos custarão (sejam desejos ou o montante para sair das dívidas) é tão importante quanto registrá-los.
“Ao precificar o sonho você terá clareza sobre o tempo total e o valor que terá que guardar para realizá-lo”, acrescentou a economista.
4) Comece a poupar – Uma das metodologias utilizadas para a readequação financeira é a 50 – 30 – 20 (50% custos fixos, 30% custos variáveis e 20% investimentos). Kesia ressaltou que essa não é uma regra fixa, apenas uma referência, a ser aplicada conforme a realidade de cada pessoa.
“Se você não pode poupar 20%, comece com 10%, 5%, o que for possível, mas a poupança é inegociável”, alertou, aconselhando que esse valor seja considerado custo fixo e separado assim que o profissional receber o salário ou renda.
Depois da saída do endividamento, o primeiro foco da poupança deve ser a construção da reserva de emergência (valor que cobre todas as despesas necessárias para a sobrevivência em um determinado período). A maioria dos educadores financeiros recomenda que seja de 6 meses, mas Kesia sugere que a meta seja de 12 meses. Ela explica que esse horizonte maior de tempo dará mais tranquilidade ao profissional para, por exemplo, procurar uma recolocação no mercado.
“A educação financeira nos dá liberdade de escolha. E isso só acontece quando começamos a mudar o nosso mindset”, ressaltou Kesia.
Clique aqui para assistir ao vídeo completo da live no canal do IBEF SP no YouTube.