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Uma revolução na produtividade já começou. “Estudo Global da PwC aponta que até 45% das atividades realizadas por humanos poderiam ser automatizadas pela robótica de processos”, declara Luís Ruivo, sócio da PwC Brasil e especialista na área de inovação. O executivo falou sobre o RPA (Robotics Process Automation) para Comissão Técnica de Instituições Financeiras, liderada por Maria José Cury, em reunião do comitê no dia 28 de junho.
Segundo o executivo, se os robôs tiverem a capacidade de entender a linguagem natural, esse índice poderá ter um acréscimo de 13 pontos percentuais. “A realidade é que vamos conviver com força de trabalho de robôs e os seres humanos ficarão dedicados a tarefas de maior valor agregado”, declara o especialista, ao informar que as principais empresas do País já estão começando a implantar a tecnologia.
O que é RPA? Robotics Process Automation ou robotização de processos é o nome dado às soluções de automação com o uso de robôs (software) que navegam na camada de visualização de sistemas. “O robô pode fazer atividades repetitivas e manuais e que envolvam grande volume”, explica o executivo.
Todo mundo fala em transformação digital, mas, na prática, grande parte das empresas ainda está focada no front de atendimento ao cliente, com a adoção de aplicativos e chatbots, por exemplo, observa Ruivo. Contudo, essa mudança nas organizações é mais complexa do que a adoção de canais. “As empresas ainda encontram dificuldades para integrar canais por terem uma arquitetura mais complexa e ainda são muito dependentes de atividades manuais e repetitivas. Por outro lado, algumas empresas que decidem investir em grandes projetos de transformação digital também tendem a falhar por diferentes razões”.
No meio desse caminho, a robotização de processos vem como alternativa para dar mais eficiência ao backoffice e possibilitar que as operações sejam mais ágeis e não falhem na entrega do serviço. O sócio da PwC esclarece que há no mercado alguns players com soluções para o desenvolvimento de robôs.
Atividades e benefícios – Entre as principais atividades realizadas pelos robôs, o executivo cita a leitura de imagens que contenham dados; a busca por informações ou documentos em banco de dados ou na internet; o envio de e-mails; registro de compromissos em agendas; e a integração com aplicativos.
Ruivo lembra que o robô ainda não faz todo trabalho repetitivo, pois o homem ainda precisa escanear documentos para que eles se tornem digitais e os robôs façam a leitura das informações, caso essas informações não estejam disponíveis no meio digital.
O executivo ressalta que os robôs passam a exercer uma força de trabalho vital na companhia. “Com vários robôs em produção o desafio é maior. O gestor precisa atuar como chefe e monitorar, pois uma falha pode causar um impacto enorme na operação”.
Uma das principais vantagens em adotar a tecnologia RPA é a rápida implantação, já que a tecnologia não é intrusiva. Além disso, o RPA é escalável, ou seja, pode absorver um aumento no volume de trabalho e, em teoria, os robôs podem trabalhar 24 horas nos sete dias da semana, exceto quando houver interrupção nos sistemas ou ambientes produtivos.
Outro benefício é que o custo de desenvolvimento tende a reduzir à medida que mais robôs são desenvolvidos na empresa. Isto se deve principalmente com o reuso de componentes de software. Assim, o robô 100º. será mais barato que o robô número um. Outra característica é que os robôs são personalizados, e, em algumas áreas, como a tributária, por exemplo, já ocorre um grande aproveitamento na utilização de RPA.
Na prática – Ruivo apresentou um vídeo trazendo o case de operação com uso de RPA para seleção de profissionais na unidade da PwC na China. Os robôs buscam currículos em sites especializados em empregos para selecionar perfis adequados para vagas existentes na companhia. Esses currículos são baixados no sistema e é feita uma nova seleção até chegar no resultado final das pesquisas, quando é feita a avaliação de um recrutador. Na sequência, o próprio sistema cadastra os currículos no site de talentos da PwC e envia mensagens para comunicar as próximas etapas do processo de seleção.
O especialista explica que há no mercado três tipos de robôs mais conhecidos. O primeiro, o Taskbot, destina-se a executar tarefas mais simples, como o exemplo citado na operação da PwC na China. Em um segundo nível, há o Metabot, que gerencia as atividades dos taskbots e funciona como uma espécie de chefe. Ele verifica quando os taskbots falham, monitora o tempo de execução de suas tarefas e resolve questões de segurança, pois armazenam credenciais de login e de senha para acesso ao sistema (já que os robôs acessam o sistema da mesma forma que humanos). O robô do tipo Thinkbot é o mais avançado entre os três, já que consegue tomar decisões utilizando ou não a inteligência artificial.
Ruivo alerta que é importante contratar profissionais ou empresas com experiência no tema, pois se a solução for mal implementada estará sujeita à invasão. “Mais perigoso que hackers, em muitos casos, é a ameaça interna, com funcionários e ex-funcionários. Robótica é algo sério, que precisa de profissionais experientes”, ressalta o executivo, ao informar que o processo de implementação é feito em etapas e, depois de certo grau de maturidade, o próximo passo é adotar a inteligência artificial.
(Reportagem: Renata Passos)