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O uso da inteligência emocional, ou seja, perceber emoções para usá-las a nosso favor, facilitar o pensamento, entender significados emocionais e gerenciar as emoções é o futuro das equipes de grandes empresas. O tema foi abordado em painel do 35º Encontro Socioesportivo no domingo (19). Pierluigi Scarcella, vice-presidente do IBEF Global e business director da Ascensus Supply Chain, abriu a palestra explicando que hoje se fala muito em inteligência emocional nas empresas e em como ter um balanço entre máquinas e pessoas. “Carlos Aldan é um especialista”, disse ao apresentar o palestrante, que é CEO do Grupo Kronberg.
Aldan iniciou o painel explicando quatro características marcantes do momento em que vivemos hoje, sob o acrônimo V.U.C.A: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. O termo surgiu na década de 1990, no ambiente militar. “Ambiguidade significa baixa mensuração sobre o resultado das suas ações; complexidade representa diversos fatores de decisão; volatilidade é a velocidade das mudanças; e incerteza é a indefinição sobre o presente”, disse. Ele destacou que por conta desses fatores, uma em cada três empresas será desligada, ou seja, terá suas atividades encerradas por não saber lidar com o novo momento empresarial. “O número de mortalidade empresarial hoje é seis vezes maior que 40 anos atrás”, disse citando pesquisa feita com 30 mil das maiores empresas dos EUA. “Isso mostra que companhias não estão fazendo as adaptações necessárias para manter relevância”.
Desengajamento no trabalho – Carlos Aldan reforçou que o papel dos líderes é importante nesse momento para que a empresa mude seu mindset. “Um de nossos clientes está demitindo 45 mil funcionários no mundo, substituindo as pessoas por não terem a mentalidade necessária de acordo com o momento em que vivemos. Organizações globais estão passando por esses processos de troca de mindset”.
Por conta dessa transformação, hoje, o grau de desengajamento no trabalho é alto, chegando a 70%. “Um estudo sobre o grau de engajamento médio no Brasil mostra que 18% das pessoas estão ativamente desengajadas, 49% desengajadas e apenas 33% engajadas. O resultado global aponta para 26% de desengajamento”.
Como navegar essa complexidade? – O especialista em soluções para empresas destacou que transformação digital não é somente sobre tecnologia; é sobre liderança, pessoas, estratégias e mindset. “Tecnologia é uma commodity. O que permanece somos nós, nossa criatividade, iniciativa, e paixão”. Aldan disse que os líderes das empresas precisam dessas três novas habilidades para tocar seus negócios. “Não posso mais permanecer como expert e gestor; preciso incorporar as dimensões, adicionadas a essas, de líder e de coach. Líder, pois tenho que inspirar pessoas, e coach, pois gerações precisam de validação”.
Motivação – Os principais motivadores intrínsecos nas empresas são relacionamento, reconhecimento, pertencimento e propósito. Aldan destacou que somente com esses fatores é possível esperar resultados de iniciativa, teamwork, criatividade, execução ágil, paixão, motivação e confiança. “Novas gerações querem propósito, mas empresas não sabem como fazer. Apenas um bom salário ou altos cargos não motivam mais”. Ele citou um dado de Daniel Goleman, psicólogo, jornalista e especialista em inteligência emocional, que diz que entre 80% e 90% das competências que diferenciam os profissionais de alto desempenho são emocionais.
Cases – Carlos Aldan mostrou ainda alguns cases de clientes que trabalham com o Grupo Kronberg na aplicação de metodologia de mensuração da inteligência artificial, entre eles a Siemens Healthineers, que conseguiu aumentar em 30 pontos percentuais o engajamento após a aplicação da metodologia do grupo; além da PepsiCo, L’Oréal, Força Aérea e Sheraton. “Mostramos que é importante integrar pensamentos e sentimentos com o objetivo de otimizar resultados”. Ele explicou o funcionamento do cérebro e como a falta de controle emocional pode gerar reações adversas ao ambiente de trabalho.
Metodologia – Aldan mostrou a metodologia aplicada pelo Grupo Kronberg para mensurar a inteligência emocional com o objetivo melhorar o desempenho no ambiente de trabalho com maior foco e consciência emocional e propósito das equipes. A metodologia se baseia em três pontos: autodireção, que diz respeito a propósito, saber para onde ir; autoconsciência, que é a capacidade de notar estados internos e como isso afeta a forma de pensar e agir; e autorregulação. “Somos ensinados a não prestar atenção nas nossas emoções, e nós podemos ser intencionais com elas se tivermos consciência para usá-las a nosso favor”.
Ao final do painel, uma dinâmica foi realizada com os cerca de 120 participantes, divididos em três grupos para fazer a aplicação da metodologia do Grupo Kronberg e medir o grau de inteligência emocional com base nos três pilares apresentados.
(Reportagem: Bruna Chieco)