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CFOs investem em ultraeficiência e tecnologia para capturar oportunidades no Brasil

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Compartilhando um panorama setorial sobre o atual momento econômico,  a Diretoria Vogal do IBEF-SP realizou, pelo segundo ano consecutivo, sua reunião durante o Encontro Socioesportivo. Executivos de 17 empresas apresentaram dados sobre o desempenho dos mercados nos quais estão inseridos, e as perspectivas para os próximos meses. O painel foi patrocinado por CTI e Rimini Street.

“A Diretoria Vogal é o pulmão do IBEF-SP. É aqui que conseguimos entender o termômetro do que está acontecendo nos mercados e na economia”, ressaltou Serafim de Abreu, presidente da Diretoria Executiva do Instituto. Complementando, Luciana Medeiros, 1a. vice-presidente do Instituto, responsável por conduzir a Diretoria Vogal, destacou que essa iniciativa está em linha com um dos principais objetivos do IBEF: compartilhar conhecimento.

Em um momento político conturbado, com incertezas quanto à aprovação das reformas estruturantes e de sucessivas revisões para baixo da projeção do crescimento do PIB para o ano, os executivos contaram como seus setores estão  capturando oportunidades por meio do aumento da eficiência, uso de novas tecnologias e investimento em novos nichos de mercado. Confira os principais insights apresentados.

Novas tecnologias e customer experience impulsionam TI – O setor de tecnologia cresce acima da média do mercado, fator atribuído a duas vertentes:  a adoção de tecnologias inovadoras por parte das empresas e os investimentos destas para aumentar a eficiência, fundamentais em época de crise. “O que o mercado sentiu no primeiro trimestre de 2019 foi um impacto não em volume ou demanda, mas de desaceleração para a conclusão dos negócios. O setor público praticamente não aportou, está parado”, observou o vice-presidente de Finanças  da Dell Computadores, João Batista Ribeiro. Segundo dados do IDC, o mercado de TI movimenta cerca  US$ 29 bilhões e projeta crescimento de 12% para 2019.  Puxam o crescimento do setor os investimentos em segurança da informação, inteligência artificial, analytics, cloud (pública e híbrida), internet das coisas (IoT), desenvolvimento de aplicações, entre outras.

Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil, chamou atenção para a tendência de customer experience. Atenta a esse movimento, a SAP adquiriu, no final de 2018, a americana Qualtrics, que veio complementar o portfólio da gigante alemã de tecnologia, ajudando a conectar os dados operacionais das empresas aos dados de seus clientes finais. Segundo Mendes, a automação e a alta customização são tendências da indústria 4.0; ou seja, as empresas chegam aos seus clientes por meio do conhecimento que possuem de seus dados.

Investidores internacionais reagem de formas diferentes ao momento político – Charles Putz, sócio da Verena Ventures, observou que os investidores chineses tiraram o pé do acelerador e alguns pisaram no freio, preocupados com o atual momento político do País. Por outro lado, investidores dos Estados Unidos, países da Europa e Japão, mostraram-se mais animados. Destaque também para os investimentos provenientes da Índia, a exemplo da Sterlite Power, companhia de infraestrutura de transmissão de energia, que entrou no Brasil há dois anos ao participar dos leilões de linhas de transmissão. Charles destacou que a empresa entregou, recentemente, um de seus projetos arrematados em menos da metade do prazo previsto (de 48 para 20 meses). Isso foi possível por meio de governança, planejamento com foco, equipes qualificadas e motivadas, além do mindset de atingir o ponto mais rápido, em vez do ponto ótimo: ou seja, mais investimentos em mão de obra em um primeiro momento, para acelerar a conclusão dos projetos, para então beneficiar-se da economia de custo de capital e colher as oportunidades da entrega antecipada.

Continuidade da gestão pública favorece projetos de infraestrutura – Eduardo de Toledo, vice-presidente de Gestão Corporativa da CCR, trouxe dados sobre o tráfego nas estradas administradas pela companhia. Informou que houve bom desempenho de veículos comerciais (principalmente agrícola e industrial), nos dois primeiros meses do ano, refletindo o otimismo com o novo governo. Contudo, esse movimento arrefeceu nos meses seguintes: percebeu-se um comportamento mais contido, compatível com as novas revisões do crescimento  do PIB para este ano (já na casa de 1%). Do lado das oportunidades no País, Toledo destacou a perspectiva muito positiva para os investimentos em infraestrutura, devido à continuidade dos projetos da gestão de Michel Temer no governo Jair Bolsonaro, com a manutenção da equipe do Ministério dos Transportes. Como exemplo, citou as concessões de aeroportos já realizadas e as concessões de rodovias que virão em seguida.

Varejo muda com uso de novas tecnologia e modelos de negócios – O CFO da Fastshop, Vitor Fabiano, destacou que o varejo passa por mudanças rápidas na adoção de novas tecnologias, por uma questão de sobrevivência. Na era da internet, os preços são cada vez mais dinâmicos em todas as áreas do varejo e quem não estiver equipado para isso estará fora do jogo nesse setor, que vive uma concentração de mercado. Exemplo disso foi a recente aquisição de lojas da Máquina de Vendas pelo Magazine Luiza, companhia que tem investido forte na área de TI. Fabiano destacou como tendências para o varejo o crescimento dos marketplaces, das aplicações de inteligência artificial e modelagem de preço dinâmico. Atenta a esse movimento, a Fast Shop contratou cientistas de dados e desenvolveu novos modelos de precificação baseados na demanda, já colhendo resultados expressivos. “É incrível como você pode mudar o jogo da competitividade quando se coloca tecnologia na formação de preços”.

Já o CFO do Assaí, José Marcelo Santos, trouxe a visão sobre o atacarejo, segmento que parece não sentir os efeitos da crise econômica. Enquanto o varejo de alimentos encolheu em vendas, o atacarejo cresceu em ritmo de dois dígitos, registrando 12,8% em 2018, de acordo com dados da Nielsen. O modelo, que mescla atacado e varejo, tem conquistado espaço no orçamento limitado dos consumidores, com diferenças de preço em torno de 15% a 20% em relação ao varejo alimentício tradicional. O investimento no layout de novas lojas tem atraído clientes das classes A e B, quebrando resistências. Segundo a Nielsen, de 2016 a 2018, houve a migração de 5 milhões de clientes para o atacarejo. Essa mudança no perfil de público tem incentivado as empresas a criarem inovações. O Assaí, por exemplo, lançou o cartão de crédito  Passaí, que permite aos usuários acessar preços de atacado em suas compras. A rede também incrementou seu portfólio de soluções com o lançamento das maquininhas de débito e crédito para empreendedores e estabelecimentos comerciais.

E-commerce possui alto potencial de expansão – Tiago Azevedo, CFO do Mercado Livre, afirmou que a companhia tem perspectivas muito positivas em relação ao Brasil. O segmento de comércio eletrônico cresceu 12% em 2018 e projeta expansão de 15% para 2019,  segundo dados da Ebit Nielsen. Tiago ressaltou duas características que tornam o País de alto potencial: o e-commerce responde por apenas 3% das vendas do varejo por aqui, enquanto nos Estados Unidos está perto de 20% e na China, 30%. Outro aspecto é a “desbancarização” do brasileiro, pois apenas 50% da população acima de 18 anos têm acesso a uma conta em banco, observa Tiago, ao acrescentar que além do marketplace o Mercado Livre possui também um braço de fintech, o Mercado Pago, que oferece soluções financeiras para atender a esse público. A companhia investe na melhoria da experiência dos usuários do marketplace e em logística para diminuir o prazo da entrega dos produtos; e, no braço de fintech, aposta nas máquinas de cartão e novos meios de pagamentos digitais, como o via QR Code no aplicativo, visto como o futuro das transações para os próximos anos.

Setor de voucher está de olho no emprego – Marcelo Roboredo, diretor financeiro da Ticket, destacou que o setor de voucher é muito regulado e está fortemente ligado a emprego. Do ponto de vista regulatório, gera preocupação a complexidade gerada pelas sucessivas mudanças normativas realizadas pelo governo na taxação do vale-alimentação e vale refeição. Já do ponto de vista do emprego, o setor realizou suas projeções para 2019 apostando na recuperação deste indicador no governo Bolsonaro. Preocupou o crescimento da taxa de desemprego para 12,7% no primeiro trimestre do ano, segundo dados do IBGE. Contudo, o recuo desta para 12,5% em abril – a primeira queda após três altas seguidas – pode apontar um cenário mais positivo. Segundo o executivo, o setor como um todo não projeta grande crescimento para 2019, mas se houver retomada da economia e dos investimentos no segundo semestre, será possível ter uma melhor perspectiva para 2020.

Custo Brasil é entrave para a competitividade da indústria  – A indústria química representa 10% do PIB e cria mais de 2 milhões de empregos. Contudo, o setor tem sido impactado por questões de infraestrutura, logística, custos de matérias-primas e de energia – o gás industrial, por exemplo, acumulou aumento da ordem de 30%. São fatores que afetam a competitividade das empresas que atuam no Brasil, observou Melissa Tsutumi, diretora de finanças da Solvay Group, companhia que atua na química de especialidades e materiais reforçados, e que no Brasil está basicamente focada na química dos derivados de petróleo. Impactado pelo cenário internacional, este segmento da indústria sofreu no início de 2019 com os reflexos da variação na cotação do petróleo Brent no final do ano passado, mas já aponta para a recuperação.

Rogério Menezes, CFO da Smurfit Kappa, acrescentou aos fatores que prejudicam a competitividade do setor industrial no País a complexidade da estrutura de impostos. Há séria preocupação com a queda do consumo dos brasileiros, sentida pelas indústrias que estão em uma etapa anterior dessa cadeia. Segundo dados da ABPO, associação que é porta-voz do setor de embalagens, caixas de papelão e papel ondulado, houve redução de -1,04% das vendas no quadrimestre de janeiro a abril de 2019. Menezes ressaltou que a indústria está na “UTI” e, embora os CFOs não possam controlar os aspectos macroeconômicos, estes devem trabalhar na eficiência das despesas relacionadas à administração da empresa – SG&A (Selling, General & Administrative Expense). ¨Todos os projetos que tiverem possibilidade de redução imediata de custos e com um rápido payback, vamos em frente e vamos rápido¨, observou, ao acrescentar que o setor está investindo para capacitar mão de obra, inovar em produtos e buscar novos mercados dentro do País.

Marco regulatório atrasado e novos players desafiam setor de telecom – Roberto Catalão, diretor executivo financeiro da Claro, observou o complexo cenário regulatório enfrentado pelo setor de telecomunicações, assentado sob uma lei que completou 20 anos e que exige das empresas obrigações relacionadas a serviços que já estão desaparecendo com o avanço da tecnologia, como a instalação de orelhões. Há cerca de dois anos o setor tenta aprovar um novo marco regulatório no Congresso, mas enfrenta dificuldades. Segundo Catalão, o desafio para as grandes empresas de telecom é a reinvenção em um mercado no qual enfrentam uma carga tributária de 40% (dados da União Internacional de Telecomunicações), realizam pesados investimentos em infraestrutura de redes, e se veem competindo com companhias da nova economia muito mais leves e menos reguladas, que não investem nessa infraestrutura. Com relação às tendências, ele apontou o crescimento de serviços como mobilidade, vídeo, IoT e cloud, que deverão pautar a concorrência do setor nos próximos anos.

Setor hoteleiro demonstra recuperação e mantém perspectiva positiva – Flávia Buiati, vice-presidente de finanças da Atlantica Hotels, segunda maior administradora de hotéis executivos no Brasil, compartilhou a visão do setor de  hotelaria de negócios, observando que em função de uma super oferta do mercado que não encontrou demanda suficiente após a Copa do Mundo no Brasil, houve uma queda bastante significativa nos preços e na ocupação dos hotéis entre 2014 e 2017. Contudo, o cenário teve uma mudança positiva. No ano de 2018, houve aumento da taxa de ocupação de 45% para 55%, e, no primeiro trimestre de 2019, o setor já sentiu uma recuperação dos preços da ordem de 9%. Com isso, o segmento projeta para este ano crescimento de 8% em preços e taxa de ocupação em linha com o ano passado.

Complementando a análise com a visão da hotelaria de entretenimento, Alfredo Benito, CFO do grupo Aviva, ressaltou que o primeiro trimestre de 2019 foi positivo, de acordo com o projetado pelo segmento. Contudo, há apreensão em relação ao desempenho da economia no segundo semestre, tendo em vista que este mercado avança em paralelo ao crescimento do PIB, indicador que tem sofrido sucessivas revisões para baixo. Contudo, o grupo que detém as marcas Rio Quente e Costa do Sauípe mantém perspectiva positiva para médio e longo prazo e prevê, em seu plano plurianual, investimentos da ordem de R$ 1 bilhão de reais até 2025 em novos empreendimentos. Dentre eles, está um parque aquático temático na Bahia, a ser inaugurado em 2021.

Setor de educação vê oportunidade em novos modelos de ensino – Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel. Lep Ensino de Idiomas, observou que o setor de educação sofre pressões devido a questões regulatórias e deverá continuar a ser uma grande pauta de debate em 2019. Com relação às oportunidades de crescimento para esse mercado, ele destacou a criação de novos modelos de ensino online e com o uso de inteligência artificial, a implantação de modelos in company e a expansão da contratação dos sistemas de ensino de inglês nos colégios, este último com crescimento projetado na ordem de 15 a 25% por ano. Garcia acrescentou que o mercado brasileiro possui um potencial muito grande neste segmento, pois apenas 2% da população possui um nível avançado de fluência em inglês.

Crédito impulsiona venda de veículos – Mario Janssen, diretor-presidente da BMW Serviços Financeiros, trouxe uma visão positiva sobre o mercado automotivo e de crédito. Ele notou que o setor automotivo cresceu 10% nos primeiros quatro meses de 2019, e o mercado para financiamento de automóveis expandiu 20%, indicando que basicamente o crédito tem turbinado as vendas. Com relação à busca por eficiência nesse setor, Janssen destacou a sofisticação dos modelos de análise de crédito e de riscos, apoiada por data analytics e investimentos na formação de mão de obra. Outra  vertente que tem sido alvo de investimentos é o uso de robôs e de automação para ganho de escala – fundamental no País -, juntamente com outsourcing e terceirização de processos de negócios (BPO). Por fim, o CEO destacou a importância do compliance no contexto da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n. 13.709/2018) e das preocupações com segurança cibernética, para atender a todas as regulações do Banco Central. ¨Fazer negócios de maneira compliant é algo que ocupa bastante o nosso foco¨.

Eficiência energética – Camila Abel C. da Silva, diretora de Tesouraria e Riscos da AES Tietê Energia, compartilhou o conhecimento que possui na parte de geração, notando que os serviços de eficiência energética são uma tendência do mercado, possibilitando uma gestão mais inteligente e otimização de custos nessa área.

 

Avaliação final

O presidente do Conselho de Administração do IBEF-SP, Luis Felipe Schiriak, observou que a volatilidade entre os pontos positivos e os negativos apresentados pelos diferentes setores econômicos foi a maior já observada nos últimos anos pela Diretoria Vogal. Ele notou que essa volatilidade, somada à rápida mudança nos modelos de negócios, deverá gerar ganhadores e perdedores em todos os mercados. “Estamos com um pé no gelo e outro pé na churrasqueira nesse termômetro da economia”, notou, ao acrescentar que espera-se que essa volatilidade no País possa ser reduzida. “O papel do(a) CFO é ainda mais importante nesses momentos, pois é chave para a sobrevivência das empresas”, concluiu.

 

A voz dos patrocinadores

“A Rimini Street é uma empresa americana com foco em tecnologia, que está no Brasil desde 2011, e tem ajudadoas empresas a baixarem o custo da sustentação de seus sistemas no SG&A, pois ela presta suporte nas duas principais famílias de produtos SAP e Oracle, a um custo minimamente 50% mais barato. Essa otimização, além de ajudar a resolver questões de caixa, possibilita aos nossos clientes acelerarem na adoção de novas tecnologias, pois irão transferir um orçamento de custeio para a inovação. Vale lembrar que em 30% dos nossos clientes quem liderou o processo de admissão da Rimini foi o CFO, outros 30% o CEO e 40% foram os diretores de tecnologia”, afirma Edenize Ramos, responsável pela operação da Rimini Street na América Latina.

“A CTI é uma empresa de consultoria, fundada há 27 anos, e hoje tem cerca de 50 profissionais focados em soluções de gestão de performance financeira. Fazemos tudo ou quase tudo que os executivos não conseguem resolver com os ERPs. Nossa vocação sempre foi estudar as tecnologias existentes no mercado, desde as planilhas aos cubos multidimensionais e agora inteligência artificial e ciência de dados para resolver as necessidades de diretores financeiros, desenvolvendo sistemas de planejamento e orçamento e modelos integrados de simulação financeira”, destaca Francisco Loschiavo, sócio diretor da CTI.

 

 

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