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Ser o dono da própria carreira, ter um planejamento, assumir posições de liderança e atuar com assertividade foram os tópicos abordados por Roberto Hun, presidente da Corteva Agriscience para o Brasil e Paraguai, durante o mentoring do IBEF Jovem, realizado no dia 29 de julho. Durante o webinar, que teve apoio da Antecipa, Hun contou que a área de finanças sempre esteve no seu coração. Ainda assim, ele teve muitas mudanças em sua carreira e compartilhou com os participantes os seus aprendizados, fazendo uma analogia com a sigla DNA. “A principal mensagem que que deixo para vocês resume-se nessa sigla. A letra D representa ‘Dono da Carreira’, uma vez que vocês devem trilhar a carreira, definindo um plano e tendo bem claro qual é a aspiração para sua vida”, disse.
Segundo ele, da mesma forma que uma companhia tem uma estratégia, os profissionais devem ter claro onde querem chegar. “Por exemplo, você precisa identificar se tem interesse em desenvolver uma carreira internacional, atuar na área de Finanças ou liderar pessoas. Caso contrário, qualquer caminho pode te levar para algo que você não tem bem claro. O desenvolvimento da sua carreira não está na mão da empresa ou do seu mentor, mas na sua”.
Hun comentou que, no seu caso, o desejo era estudar administração e ter uma carreira internacional. “Saber o que eu queria foi importante porque me ajudou a identificar onde eu deveria trabalhar o meu desenvolvimento. Às vezes, as pessoas querem ter carreiras e formação internacional, mas não investem no conhecimento de novos idiomas, o que prejudica a escolha para alguma oportunidade”, alertou.
A letra N, do DNA, é de parceiro do Negócio. “Muito mais do que conhecimento técnico da função, a pessoa deve ir além da área financeira e ser uma parceira do negócio. Ao estudar administração, temos diversos cursos, como Finanças, Marketing e RH, mas ao final estamos sempre falando de administração de empresas. Podemos até ter a competência e excelência da função, mas conhecer bem sobre a estratégia da companhia e dos clientes, é o diferencial”, destaca Hun. Para ele, mais do que colocar barreiras, o profissional de Finanças deve ser reconhecido como um grande parceiro. “Isso ajudou muito na minha carreira e também para chegar na posição atual. A área de Finanças pode ser mais produtiva e eficiente, ajudando no crescimento da empresa”, disse.
Hun complementou falando sobre a letra A da sigla, que representa Assertividade, no sentido de se comunicar bem. “É preciso ser direto, claro e simples na sua mensagem. Por essa razão, recomendo muito o investimento em comunicação, apostando em cursos nessa área. Você é muito sofisticado se consegue ser direto ao falar sobre o seu business case“, indicou.
Carreira – Roberto Hun compartilhou também alguns pontos da sua rica trajetória profissional. “Durante minha carreira, trabalhei no Citibank, Autolatina, Royal Bank of Canadá e no ABN Amro Bank. Há 25 anos comecei a trabalhar na DuPont e, após a fusão das divisões agrícolas da DuPont e Dow Chemical, passei a liderar a Corteva Agriscience, hoje uma empresa totalmente independente e focada no mercado agrícola. Eu me identifiquei com a empresa, pois ela é inovadora e atende aos meus planos de carreira. Tive funções distintas em operações, finanças, área comercial, o que contribuiu muito para a minha formação. Cabe destacar aqui o meu interesse pessoal com o propósito da Corteva: enriquecer a vida daqueles que produzem e daqueles que consomem, garantindo o progresso para as próximas gerações”, contou.
No início da sua carreira na DuPont, Hun disse que esteve focado na área financeira, mas definiu um planejamento para buscar o conhecimento da cadeia como um todo, com interesse especial em trabalhar no mercado do agronegócio. “Sempre quis fazer parte desse negócio, pois era onde receberia mais recursos em termos de investimento em pesquisa e inovação. Foi mais um aprendizado e experiência, e por melhor que você seja, escolher bem a indústria está acima da competitividade”.
O que fez a diferença em sua carreira, disse Hun, foi sempre vestir a camisa do negócio, focando no resultado como um todo, mais do que somente pensar na sua função. “Sempre tive simplicidade, clareza e foco em resultado. Também sempre valorizei a diversidade e a inclusão e, talvez pela minha própria experiência em diferentes áreas e funções, entendo que a riqueza de um grupo é aproveitar esse conhecimento diverso para a tomada de decisões que são complexas”, destacou.
Mais do que responsável e especialista em temas técnicos, Hun ressaltou que cada um deve ter visão do negócio, e a razão do sucesso é o crescimento dos clientes. “É importante manifestar esse interesse no plano de carreira, expandir fora de determinada área, ter isso bem claro para você e sua liderança, conversar com mentores, e buscar a formação necessária para o que se aspira”, disse. Normalmente, para posições mais altas dentro da companhia, a experiência de trabalhar com pessoas e liderá-las é super importante e relevante.
Ainda em termos de carreira, apesar de ter assumido várias posições dentro da mesma empresa, para Hun o grande objetivo sempre foi buscar uma oportunidade por meio de projetos e trabalhos diferentes. “Sempre busquem e sejam incansáveis como donos das suas carreiras e vidas. Lembrem-se que somos um grupo privilegiado em termos de formação e educação, temos que aproveitar isso e contribuir para a sociedade”, destacou.
Entre suas transições de carreira, Hun acabou assumindo um papel forte de liderança, e para lidar com isso ele indicou o livro The Leadership Pipeline, que cobre essas transições na carreira. “Não foi fácil e só se aprende, fazendo. Na minha experiência, quando virei líder de pessoas pela primeira vez, tinha uma visão que hoje considero até ingênua, que era de tentar dar um tratamento igual para todos. No entanto, a experiência me mostrou que cada pessoa é única no relacionamento e nas necessidades. Essa é a beleza e a descoberta nessas transições”, compartilhou.
Diversidade e inclusão – “Diversidade me fez pensar que às vezes perguntam qual é sua faculdade no momento inicial, e isso é o que tem, talvez, até menos relevância. Acho que para as companhias, o business case já existe, mas equipes mais diversas obtêm melhores resultados. Como permear isso para toda a organização?”, questionou. “Em termos de liderança, é o líder que deve começar com o exemplo”, destacou Hun.
Hoje, na Corteva, o time comercial é dividido em quatro áreas, sendo duas delas lideradas por mulheres. Cerca de 40% do conselho diretor da companhia – grupo formado pelas lideranças comerciais e de funções da empresa – também é composto por mulheres. “Temos muito trabalho a fazer em todos os níveis da organização, mas estamos focados em garantir cada vez mais diversidade e representatividade nos níveis de liderança”, disse. Para Hun, o desafio é como transformar de forma efetiva essa diversidade, uma longa jornada que começa com a liderança. “É preciso ter um time diverso, com pessoas cujas competências se complementem e que sejam abertas, inclusivas e colaborativas, reconhecendo as habilidades e fortalezas de cada um”, complementou.