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Seja por inaugurar novos segmentos na Bolsa brasileira seja por bater recordes, as operações financeiras selecionadas para a final do Prêmio Golden Tombstone 2021 na categoria Equity trazem marcos históricos para o mercado de capitais e possibilitam aprendizados para todos os executivos financeiros.
Em live realizada no último dia 16 de setembro pelo IBEF-SP, altos executivos apresentaram em detalhes as três grandes operações finalistas: o IPO da Rede D’Or, o maior do ano de 2020 e terceiro maior na história do Brasil; a oferta pública inicial da Petz, primeira empresa do segmento pet listada no Novo Mercado da B3; e o IPO das Lojas Quero-Quero, primeira varejista de material de construção a abrir capital no Novo Mercado B3.
Na categoria Equity do Prêmio – operações de ações – se enquadram todas as operações relacionadas ao capital próprio, isto é, IPO (Initial Public Offering), FPO (Follow On Public Offering), DR (Depositary Receipt), PE (Private Equity), VC (Venture Capital), aumentos de capital, proventos e ajustes, dividendos, juros sobre o capital próprio, fechamentos de capital, reestruturações societárias, e demais operações relacionadas.
A live foi moderada por Alexandre Paixão, Coordenador do Prêmio Golden Tombstone e Diretor na Saint Paul Advisors, e contou com a participação de Carlos Alberto Bifulco, idealizador da premiação. Esta edição 2021 é patrocinada por Deloitte e Accountfy.
Conheça os principais destaques das finalistas:
IPO das Lojas Quero-Quero – A oferta pública inicial da varejista de materiais de construção totalizou R$ 2,2 bilhões e inaugurou a listagem desse segmento na B3. Jean Mello, CFO da companhia, informou que entre as motivações para a abertura de capital estavam o aperfeiçoamento da governança com a adesão ao Novo Mercado, a captação de recursos para suportar os planos de expansão operacional (nos últimos três anos a empresa abriu 135 lojas e manteve a expansão durante a pandemia), a oferta secundária da Advent International (fundo de PE acionista controlador) e a perpetuação da companhia.
A preparação para o IPO foi iniciada em dezembro de 2019 e teve o primeiro filing em 12 de fevereiro, contou o executivo. Contudo, o estopim da pandemia de COVID-19 levou à interrupção do processo no período de março a maio de 2020. Quando se vislumbrou uma nova janela de oportunidade no mercado, o processo foi retomado em junho e julho de 2020. Dentre os principais desafios se encontravam o cenário de incertezas gerado pela pandemia e o consequente fechamento ou operação restrita das lojas, além da realização de roadshow e pilot fishings no formato virtual.
O CFO destacou que a transparência com os investidores foi importante nesse período de incerteza, incluindo a divulgação de flash numbers de resultados mais recentes da companhia – prática muito utilizadas em IPOs nos EUA. “Somos a primeira varejista de material de construção a fazer um IPO e estamos focados em pequenas e médias cidades do interior no Sul do Brasil. Muitas vezes os investidores não nos conheciam, então, tínhamos de apresentar a empresa e o mercado do interior do Brasil de forma virtual”, contou. A tese foi apresentada a mais de 160 investidores locais e estrangeiros, em mais de 260 reuniões.
Entre as características distintivas do IPO das Lojas Quero-Quero estão o fato de ser: considerado o maior do ano no momento de sua realização (agosto de 2020); um dos primeiros retomados após o início da pandemia; a primeira saída total de um private equity através de um IPO no Novo Mercado, e a primeira oferta de uma Corporation em 13 anos no Brasil.
A oferta foi precificada em R$ 12,65 (centro da faixa indicativa) e contou com a participação de 35% de investidores estrangeiros, 55% de institucionais brasileiros e 10% de varejo. Entre agosto de 2020 e agosto de 2021, a ação apresentou valorização equivalente a 3,6 vezes o IBOV. “Geramos valor tanto para os antigos acionistas como para os novos”, completou Jean.
IPO da Petz – Com uma oferta que superou os R$ 3 bilhões, a maior rede de pet shops do Brasil estreou um novo segmento do varejo (Pet) listado na B3. Os recursos da oferta se destinavam a investimentos em tecnologia e canais digitais, e à continuidade da expansão da companhia, que conta com 143 lojas – sendo 35 abertas nos últimos 12 meses – e 120 centros veterinários.
Entre os diferenciais da tese de investimentos estava alto índice omnichannel da empresa (83,7%), que possibilitou o crescimento das vendas mesmo durante a pandemia. “Isso foi uma das coisas que mais atraiu interesse do investidor, especialmente aquele estrangeiro, que viu uma omnicanalidade extremamente bem executada”, contou Sergio Zimerman, fundador e CEO da Petz.
O executivo ressaltou que a pandemia gerou o aprendizado de trabalhar quase duas vezes para a realização do IPO. Foram 80 reuniões com mais de 100 investidores em eventos de grupos, com roadshows que passaram por Estados Unidos, países da Europa e Brasil. “Estávamos naquela janela perdida do mês de abril de 2020 (para o IPO); antes da pandemia estávamos na fase do pilot fishing, viajando para Nova York, Londres, fazendo reuniões com investidores. Então, chegamos a iniciar o processo físico e depois fizemos 100% virtual”, disse Zimerman. “Essa etapa presencial anterior nos ajudou muito porque, quando voltamos à mesa, já conhecíamos boa parte dos investidores”.
Em setembro de 2020, a Petz abriu seu capital, registrando uma alta de 22% nas ações no 1º dia de negociação após o IPO. A demanda de varejo foi de cerca de R$ 5 bilhões, com um total aproximado de 40 mil investidores pessoa física, uma das maiores da história da Bolsa. “Pela primeira vez na história de qualquer bolsa mundial quem apertou a campainha da B3 junto foi um cachorro border collie”, lembrou Zimerman, notando que tal imagem icônica reforçou qual é o foco da marca.
Inicialmente precificadas no centro da faixa (R$ 13,75) no IPO, desde então as ações da empresa (PETZ3) apresentam uma outperformance constante comparada ao índice Ibovespa. Um dado interessante destacado por Zimerman é que a Petz está entre as três varejistas com maior liquidez da B3. “Isso permitiu nossa inclusão no índice IBOV recentemente no mês de setembro. Conseguimos atingir o nível necessário de liquidez para fazer parte desse indicador”.
IPO da Rede D’Or – A oferta pública inicial da maior empresa de saúde da América Latina totalizou R$ 11,4 bilhões, conquistando os títulos de maior IPO do exercício de 2020 no Brasil, terceiro maior na história do país e o segundo maior de hospitais já precificado no mundo. O CFO da Rede D’Or, Otávio Lazcano, destacou que, em conjunto com a geração de caixa operacional, os recursos darão musculatura financeira à companhia para mais do que dobrar o tamanho nos próximos cinco anos. A organização possui 9.700 leitos totais; o plano de investimentos em greenfield e brownfield adicionará 6700 leitos aos existentes, além do crescimento via M&A.
“Somos o maior ecossistema de saúde privada no país, com liderança inquestionável nos negócios hospitalares e oncologia clínica e distribuição de produtos/seguro de saúde, via investimentos em D’Or Consultoria e Qualicorp”, informou Lazcano. Ele acrescentou que o grupo é o terceiro maior em diagnósticos, conta com o mais renomado Instituto Privado de Pesquisa Científica de ponta e participação de controle no maior banco de sangue do país. Há planos para investir futuramente em: educação; distribuição de medicamentos; transplantes de alta complexidade; serviços de nefrologia, dentre outras vertentes.
O executivo destacou como um dos fatores de sucesso do IPO a enorme competência corporativa da companhia, liderada pelo Doutor Jorge Moll e família, e o grande planejamento financeiro para viabilizar a transação. “Todas as etapas e atividades relacionadas foram objeto de planejamento detalhado: o cronograma; a composição do sindicato de bancos; o posicionamento da empresa frente aos concorrentes e outras tantas empresas no setor e fora do setor; todos os documentos da oferta; as apresentações para market education/pilot fishing/road show; a discussão sobre onde listar a empresa; vai ter poison pill ou não?; o estatuto social; questões de governança; estratégias de alocação de primária e secundária entre oferta base/green shoe e hot issue… Tudo isso foi realizado com enorme antecedência pela Diretoria Financeira da companhia”.
Realizado em 2020, o IPO da Rede D’Or foi precificado no alto da faixa indicativa (R$ 57,92) e superou em quase três vezes a segunda colocada (Grupo Mateus com R$ 4,2 bilhões). Na história da Bolsa, é o terceiro maior IPO, após Santander e Banco do Brasil (respectivamente com R$ 13,2 e R$ 11,5 bilhões), enquanto a nível global ficou apenas atrás do IPO da HCA Healthcare em 2011 que alcançou um valor de US$ 4,4 bilhões.
Segundo informações do executivo, a oferta obteve um livro 10,5x oversubscribed com R$ 75 bilhões de demanda total, mais de 200 investidores institucionais e 50 mil investidores pessoas físicas – uma das maiores demandas de investidores pessoas físicas na história da Bolsa brasileira. “Isso só foi possível graças a muito planejamento interno e, obviamente, todo o suporte estendido à companhia pelos nossos assessores financeiros e legais”, ressaltou Lazcano, notando que, mesmo o setor de saúde sendo um dos mais impactados pela pandemia, a companhia executou seu plano e cumpriu seu papel social no enfrentamento da crise.
Opiniões dos patrocinadores
Goldwasser Pereira Neto, CEO do Accountfy, parabenizou os finalistas, afirmando ser um grande prazer patrocinar e participar do Prêmio Golden Tombstone. Lembrou ainda que a Accountfy “tem uma relação muito estreita com o assunto abordado no evento porque ela é uma solução centrada no CFO, que busca entregar uma plataforma única para as áreas de Tesouraria, Controladoria e Planejamento, transformando dados contábeis em informações gerenciais”, frisou.
Ronaldo Fragoso, Vice-Presidente IBEF Global e líder do programa Deloitte Private e das alianças de negócios da Deloitte Brasil, destacou que as iniciativas do IBEF-SP têm gerado resultados muito positivos para o ecossistema de finanças, elogiou os finalistas e suas operações. “Em um ano de crise, as operações de equity inscritas foram muito bem-vindas porque demonstraram um cenário positivo principalmente para as operações de IPO”, enfatizou.
Saiba mais sobre o Prêmio Golden Tombstone
O Prêmio Golden Tombstone tem o objetivo de incentivar e estimular o mercado, premiando anualmente as empresas cujas operações de captação de recursos se destacaram devido a sua relevância e sua inovação. Trata-se de uma iniciativa ímpar no Brasil, lançada pelo IBEF-SP e cuja Comissão Julgadora é composta por renomados profissionais do mercado e de instituições acadêmicas.
O Prêmio é dividido em três categorias: Debt (operações de emissão de títulos de dívida), Equity (operações de emissão de títulos de ações) e M&A (operações de fusões e aquisições). A Comissão Julgadora avalia as operações considerando os critérios de complexidade da transação, inovação, dimensão e relevância, amplitude de mercados e jurisdições envolvidas, distribuição, impacto da operação no mercado, superação de barreiras para sua realização, criação de valor e precificação (pricing). As empresas semifinalistas são premiadas com Placas Comemorativas de Mérito enquanto as vencedoras em cada categoria são agraciadas com o Prêmio Golden Tombstone IBEF-SP.