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O IBEF-SP realizou mais uma live “IBEF Conecta Mulher: Encontro com CEO” no dia 5 de outubro. O evento teve como convidada Fabrizia Gennari Zucherato, diretora executiva na Vinícola Guaspari. A apresentação ficou a cargo de Magali Leite, vice-presidente IBEF Conecta, e a moderação foi realizada por Flávia Schlesinger, CFO da Pepsi Brasil e Vice-Presidente do IBEF-SP.
O IBEF Conecta – Mulher busca maximizar o valor da diversidade, incentivando a maior integração entre gêneros no ambiente de negócios, dando voz à perspectiva e ao pensamento da mulher executiva no ambiente do IBEF-SP. Podem participar executivas que atuem em áreas relacionadas a finanças e empresárias que possuam envolvimento no seu dia a dia com o tema.
Trajetória – Pertencendo a uma família de pecuaristas, Fabrizia Gennari Zucherato disse ter desde cedo uma paixão pelo campo. Estudou agribusiness na Inglaterra, voltando ao Brasil e sendo contratada como “high potencial” na área comercial da Monsanto. Em um segundo momento, trabalhou na área de planejamento comercial em São Paulo, experiência que lhe possibilitou entender a lógica da cadeia produtiva agrícola, podendo conciliar, assim, sua paixão e negócio.
Atuando nessa área, Fabrizia tinha contato com a área financeira da Monsanto, e acabou sendo convidada para fazer parte do setor de planejamento financeiro da empresa. “Por conhecer a cadeia de produção desde o campo, talvez esse fosse um know how que agregasse muito dentro da área de planejamento financeiro. Acho que essa foi a principal transição que eu tive na primeira etapa da carreira”, afirmou.
Experiências valorizadoras – Fabrizia destacou três grandes aprendizados que lhe ajudaram na carreira. Ela optou por sair da Monsanto buscando uma oportunidade que lhe possibilitasse estar mais envolvida na área estratégica, na visão. Aceitou, então, o convite para trabalhar em uma empresa familiar avícola com a cadeia totalmente verticalizada operante em Santa Catarina, onde pôde conhecer e aprender mais sobre processos. “Quanto mais você entende da cadeia, desse processo de transformação, mais dinâmico e mais fácil se torna a tomada de decisão.”
Em um novo movimento de carreira, trabalhando para a Maubisa S.A – holding familiar do setor sucroalcooleiro em Ribeirão Preto (SP) –, a executiva disse ter aprendido muito sobre investimentos. “O conhecimento técnico que adquiri em análise de investimentos, em valuation, foi fantástico. Entendia da operação, da complexidade da composição de tudo, e sobre isso tudo conseguir fazer uma análise de viabilidade do negócio. Isso possibilitou desenvolver uma visão cada vez mais macro e mais complexa da cadeia”.
Enfim, na Vinícola Guaspari, a executiva afirmou que o grande aprendizado tem sido em gestão de pessoas. Movida por propósito, ela destacou dois aspectos que a motivaram a integrar o negócio: produzir um produto de qualidade e que gerasse desenvolvimento regional.
Fabrizia salientou que o motor para a evolução em sua carreira não é apenas a técnica, mas a atitude. É preciso paixão (propósito). Ressaltou que as empresas pelas quais passou a identificaram como uma change agent, pois em todos os seus desafios havia a oportunidade de transformação, mudança, na qual se fazia necessário atuar com propósito, com paixão. “Se você não tem essa atitude muito apaixonada, acho que não consegue ter o driver para fazer toda a parte técnica e executar os planejamentos. Tenho trabalhado em empresas familiares, pois isso me permite participar do desenvolvimento da visão, da estratégia, participar dessa transformação e realizar.”
Mentores – Na busca por aperfeiçoamento, Fabrizia disse que nunca buscou o caminho ortodoxo, a mentoria clássica, preferindo os life coaches que atuavam em um espectro maior que o da vida profissional, a fim de atingir um equilíbrio maior. “Meu pai falava que a vida é uma mesa de quatro pernas: trabalho, Deus, carreira e família. E alertava que nenhuma mesa fica estável se uma das pernas estiver mais curta. Então, o desafio de quem trabalha com essa intensidade, com essa paixão, é manter esse equilíbrio”, observou a executiva.
“Buscar esse equilíbrio de distribuir essa energia, essa paixão, em todos os aspectos da minha vida sempre foi o meu maior desafio. Sempre procurei uma ajuda mais holística do que meramente profissional”, ressaltou a diretora.
Visão do negócio – Fabrizia destacou ainda o seu amadurecimento em relação aos big numbers. Quando se trabalha em áreas ou departamentos de empresas, é comum se ter uma visão funcional limitada, “prendendo-se muito à visão da área”. Um grande avanço como profissional se deve ao feedback que recebeu de um CEO com quem trabalhava. Segundo a executiva, uma pessoa do alto escalão executivo deve entender do negócio, entender o que os grandes números significam para as tomadas de decisão.
“Para que você consiga ter essa visão, o negócio tem de estar na sua veia. Você precisa entender do processo de produção, entender sobre as pessoas e sobre todas as fases da cadeia. Então essa é a diferença: ampliar sua visão funcional para obter uma visão do negócio. É muito mais amplo do que simplesmente oferecer algum aspecto funcional. Acho que para mim, essa foi a grande mudança”, explicou.
Dicas sucesso CEO – “Quando tomamos as decisões na vida baseadas nos valores certos, o universo conspira a nosso favor”. Fabrizia afirmou que esse é o seu lema de vida e destacou que os valores mudam durante a vida, pois “o ranking e o peso desses valores não são estáticos”.
As decisões podem ser diferentes a depender do estágio da vida. Em certo momento uma pessoa pode valorizar mais o pessoal e, em outro, privilegiar o profissional; e isso é normal, ponderou a executiva. Deve-se aprender a discernir o que é importante para cada momento. “Quantas pessoas se sentem presas e não podem escolher? Sucesso é poder escolher”, sublinhou.
No aspecto profissional, Fabrizia notou que o empresário necessita do executivo empreendedor, capaz de pôr o negócio da empresa em prática. “Um não existe sem o outro”. É preciso acreditar na visão, no propósito da empresa. Para ela, é fundamental que o CEO possua uma sólida visão de planejamento financeiro, no tocante às hard skills, e esteja atento às pessoas, ao desenvolvimento humano, nas soft skills. A executiva acrescentou que o contrato psicológico, ou seja, o alinhamento de expectativas e reconhecimento, entre empresa e funcionário deve se manter sempre equilibrado.
Barreiras e mundo feminino – Com uma carreira desenvolvida em um ambiente muito masculino, Fabrizia disse ter sofrido pouquíssimas situações de discriminação. Todavia, as “contínuas e eternas brincadeiras sem graça sempre ocorreram”. Relatou que consegue perceber como no início da sua trajetória a forma de agir e interagir com os colegas espelhou um pouco mais o comportamento masculino. “Durante a minha carreira fui percebendo que na verdade isso não fazia parte de mim. Era uma forma de agressão. Eu não podia ser uma coisa no trabalho e outra coisa em casa.”
Ela disse perceber que, nos últimos 10 ou 15 anos, o movimento de aceitação do feminino no ambiente de trabalho é algo que vem se desenvolvendo e destacou a importância da conscientização de “ser quem se é”, sobre o não aceitar encenar um estereótipo dentro do ambiente onde se trabalha para demonstrar ter eficiência, eficácia e resultado.
Lecionou que o que a mulher busca é a equidade, considerando as singularidades da trajetória de vida de homens e mulheres. “Não somos iguais e temos que buscar a equidade, respeitar as diferenças e ter as mesmas condições de trabalho. É aí que está a beleza (da diversidade).”
O vídeo da live, com todos os assuntos abordados, ficará disponível para acesso exclusivo dos associados.