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O filme O Discurso do Rei, que conquistou quatro estatuetas do Oscar este ano, mostra que nem o rei George VI, da Inglaterra, escapou do drama que persegue quem ousa falar em público sem estar preparado. Por um triz, o homem de sangue azul se salvou de ser tachado como incompetente no seu primeiro pronunciamento aos súditos, após assumir o trono.
Trata-se de um conflito de muitos líderes, executivos, empresários, gestores, celebridades, profissionais liberais, vendedores e todo um contingente de pessoas que dependem da comunicação para alcançar o sucesso.
Duvido que a presidente Dilma Rousseff não sinta ainda um certo friozinho na barriga quando precisa falar com a nação. Até mesmo o antecessor dela, Luiz Inácio Lula da Silva, deve ter vivenciado muitos momentos de insegurança, mas isso não lhe tirou o mérito de se tornar o presidente mais popular da história do País.
O que o rei George VI pode ter em comum com Dilma, Lula e com você?
A primeira lição é que nem todos nascem com o dom para falar em público. O rei, desnudado pelo filme de Tom Hooper, assim como Dilma e Lula, teve a coragem de buscar profissionais para ajudá-los a vencer as barreiras da comunicação. No caso do rei, a situação era mais grave porque a majestade tinha uma patologia – gagueira. E era tímido a ponto de sua mulher contratar o profissional, que virou seu amigo e confidente.
O rei, antes de encontrar seu coach, passou por diversos especialistas em oratória, com técnicas ultrapassadas, que nada o ajudou. O seu orientador, com um trabalho personalizado, colocou George VI diante do “espelho”, de forma que ele compreendesse a sua própria comunicação e iniciasse, a partir desse momento, o autoconhecimento.
Longe do pedestal, o rei, apesar do nervosismo, foi capaz de controlar a sua comunicação ganhando confiança em sua capacidade de governar e, assim, conquistando credibilidade e respeito dos súditos.
Adolf Hitler, com sua sede de poder e oratória vibrante, mobilizou seu exército, comandou invasões e arrastou milhares ao nazismo, num dos mais trágicos capítulos da história, que a humanidade tenta esquecer.
Como Davi diante do gigante Golias, Rui Barbosa, advogado e dono de uma oratória imbatível, representou o Brasil, em 1907, por indicação do Barão do Rio Branco, então ministro do Exterior, e encantou a plateia na Segunda Conferência Internacional da Paz, em Haia, Holanda.
O Brasil comparecia naquele conclave como um ilustre inexpressivo, ante os poderosos da época, mas a performance de Rui Barbosa o elevou ao mundo dos líderes. Graças a sua notável intervenção na defesa das nações exploradas e da absoluta igualdade jurídica dos Estados soberanos, recebeu o título de Águia de Haia e, assim, o País saiu engrandecido.
Um fato é inquestionável: não importa a hierarquia; reis, rainhas e cidadãos comuns enfrentam dificuldades para se fazerem entender e conquistarem seus objetivos. Muitos conseguem ter um diagnóstico preliminar de sua comunicação e buscam ajuda. Outros, entretanto, vivenciam as consequências desagradáveis dos que não vencem essa barreira. Ser preterido para funções de comando, em seu ambiente de trabalho, por outro colega, menos experiente e com menos tempo de estudo, pode ser só um exemplo perverso disso.
Se você é daqueles que não se preocupam em desenvolver e cultivar uma boa oratória, uma coisa é certa: você já está perdendo espaço no mercado, seja você um político, empresário, executivo ou profissional liberal. Há circunstâncias na vida em que a habilidade em falar em público nos diferencia e nos eleva à nobre missão de porta-vozes de uma nação, como ocorreu com George VI, que declarou guerra e contou com apoio popular.