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Os imóveis fizeram a festa de muitos nos últimos anos. A retomada da produção e do crédito somada à ascensão econômica e social e ao declínio dos juros provocaram o crescimento da demanda e a supervalorização. Mas se o setor começa a se reacomodar em patamares menos vistosos, ainda sobram nichos para quem tem capital disponível.
Para o presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, os imóveis são uma opção ao investidor que quer distância da instabilidade das ações e busca alternativa às aplicações financeiras. Mas não para retorno em curto prazo. Segundo ele, o comportamento dos últimos três ou quatro anos não é a realidade do setor, mas com juros mais baixos os ganhos imobiliários a médio prazo se tornam competitivos. “Investir em um imóvel para locação que renda 7% ao ano em outros períodos poderia ser baixo. Agora não é mais”, exemplifica.
Nichos até recentemente aquecidos tendem à reacomodação, como o dos imóveis comerciais. “Se a economia não tiver comportamento adequado, pode ser que a oferta não seja absorvida”, diz Bernardes. O surgimento de ofertas estimuladas por descontos, promoções ou promessas de renda garantida por um certo período é um sinalizador de preços em queda.
“Neste mercado não existe desconto, mas preço que caiu”, analisa Luiz Roberto Calado, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). “Em vez de revisar o preço, o vendedor oferece um benefício para manter o valor do imóvel”.
Outro forte indício de acomodação é a entrega de imóveis com unidades disponíveis, invalidando a atratividade de aquisição na planta para a venda na entrega das chaves – a incorporadora sempre terá melhores condições de oferta do que o investidor.
“Se não for para ocupar o imóvel, não é o melhor momento para investir no mercado da produção da indústria imobiliária. Os preços estão muito elevados”, diz Luiz Eduardo Pompeia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp).
O quadro que desponta no segmento residencial está se delineando também no segmento comercial. Em grandes centros, como São Paulo, preço, ocupação e rentabilidade subiram. Mas o mercado é para especialistas.
Para João da Rocha Lima Junior, coordenador do Núcleo de Real State da escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a melhor opção é investir em um grande empreendimento, via fundo imobiliário, já que proprietários individuais de imóveis menores estão mais expostos a fatores incontroláveis como a deterioração do produto pela qualidade de ocupação dos vizinhos. “É mais razoável participar de uma comunidade financeira do que uma imobiliária, cujos interesses podem ser conflitantes”, avalia.
Fonte: valor.com.br