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http://www.executivosfinanceiros.com.br/financas/copom-eleva-juros-para-segurar-inflacao
Entidades criticam gastos do governo e manobras contábeis
11 de Julho de 2013
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 8,50% ao ano, sem viés, na quarta-feira, 10. Em nota, o Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano. Segundo o BC, a decisão dá prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros.
Para Keyler Carvalho Rocha, vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo, o aumento de 0,50pp na taxa básica de juros reflete a preocupação do Banco Central em trazer a inflação de volta à meta, que é de 4,5% ao ano. “É importante lembrar que, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação alcançou 6,70% ao ano, impulsionada também pela alta do dólar, que torna as importações mais caras. Enquanto não houver queda inflacionária, o BC deve continuar a fazer ajustes nos juros.”
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera adequada a decisão de elevação de juros para segurar a inflação. No entanto, a CNI considera que o governo poderia cortar gastos para diminuir a taxa dos juros sem prejudicar a produção. “É necessária uma revisão da combinação de políticas e uma readequação do ritmo de expansão dos gastos públicos às necessidades da estabilização, de modo a gerar condições de um ciclo de juros menos intenso e evitar que todo o ônus do controle inflacionário recaia sobre o setor produtivo”, destacou em nota a entidade.
Na avaliação de Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o controle da inflação precisa ser feito primeiramente por meio de arrocho dos gastos públicos e só depois por meio do aumento taxa básica de juros. “Neste momento, o governo brasileiro deveria fazer um sacrifício político e enxugar as despesas públicas para controlar a inflação. Aumentar os juros é um remédio que deve ser usado somente em último caso, porque reduz o consumo, diminui os investimentos e piora a situação das famílias endividadas”, disse Pellizzaro Junior.
Com a alta da taxa básica de juros, a CNDL e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) decidiram revisar para baixo as estimativas de crescimento do varejo para 2013. Agora, a expectativa das entidades é de que haja uma queda no volume de vendas no comércio e que o setor encerre o ano com um crescimento real de 4,5%. Antes do anúncio da elevação da Selic, as entidades trabalhavam com a previsão de 5%.
Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) a alta do juro é a melhor alternativa para combater a inflação.
Segundo a entidade, a desoneração para alguns setores não apresentou efeitos esperados sobre o nível de crescimento e investimento da economia e aumentou o desequilíbrio das contas públicas, não deixando opção senão a elevação da taxa.
Em nota, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a alta previsível pois, pela segunda vez no ano, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassou o teto da meta estabelecida. “Ao mesmo tempo, observa-se persistente deterioração das projeções de crescimento para a economia brasileira, especialmente após os frustrantes resultados do PIB (Produto Interno Bruto – a soma das riquezas produzidas no país) do primeiro trimestre e da produção industrial de maio”.
Diante do quadro de inflação elevada e baixo crescimento, o Sistema Firjan reforça a importância da adoção de uma política fiscal norteada pela redução dos gastos correntes e que efetivamente reduza a pressão exercida pelo consumo do governo sobre a inflação. “Essa política deve ser pautada por mudanças institucionais que sinalizem maior responsabilidade fiscal, incluindo o comprometimento com um superávit primário maior para os próximos anos, livre de artifícios contábeis, bem como o estabelecimento de limites para o crescimento das despesas públicas. De fato, o país precisa resgatar o compromisso com as metas fiscais e cumpri-las”.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a decisão do Copom deverá comprometer o crescimento econômico. “A medida levará a uma nova revisão para baixo nas expectativas de crescimento do PIB em 2013, que pode ficar abaixo de 2%”, diz o comunicado divulgado pela Fiesp.