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Renda baixa decepciona com resultado negativo

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Data: 26/08/2013   |  Veículo: O Globo RJ  |  Seção: Economia  |  Página: 21

Fonte: goo.gl/oTT9nU

ibef na imprensa

Marlene Zerbato fugiu dos fundos de renda fixa e foi comprar títulos públicos no Tesouro Direto Eliaria Andrade / O Globo

Renda fixa decepciona com resultado negativo

SÃO PAULO e RIO – A turbulência nos mercados de juros e de câmbio pegou de surpresa com resultados negativos até os investidores mais conservadores, que se refugiam na renda fixa para garantir alguma renda, sem, contudo, correr grandes riscos. No mês, a categoria dos fundos de renda fixa índices, produtos que aplicam em títulos públicos prefixados e ainda pagam a inflação, tinha perdas de 1,31% na média. No ano, o prejuízo era de 4,18%, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Nesses momentos de instabilidade, quando o dinheiro guardado para a aposentadoria ou para a viagem de férias fica em risco, o investidor se pergunta o que fazer. Manter os recursos aplicados ou sacar para evitar mais prejuízo?

— Ninguém deve ter medo de mudar sua estratégia e ficar passivo diante de rentabilidades ruins. Mas cada um deve avaliar se o seu nível de prejuízo é suportável antes de sacar os recursos, já que todas as aplicações têm risco — recomenda Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, do grupo Vinci Partners.

Os fundos de renda fixa, que são oferecidos nos bancos como produtos conservadores, estão com desempenho ruim porque investem parte da carteira em títulos públicos prefixados. Papéis atrelados à inflação como as NTN-B (Nota do Tesouro Nacional série B) e as Letras do Tesouro Nacional (LTNs, prefixadas) têm apresentado desempenho negativo. Até dezembro do ano passado, a perspectiva para 2013 era de redução dos juros. Mas já no primeiro bimestre deste ano, a inflação surpreendeu o governo e os mercados. Daí as expectativas passaram a ser de alta da Selic, movimento que o Banco Central iniciou em abril.

Na medida em que os juros sobem, surgem oportunidades de ganhos mais altos, que ofuscam as aplicações prefixadas que oferecem taxas mais baixas, como as realizadas até o fim do ano passado. O resultado é a desvalorização, como a registrada pela maior parte dos papéis prefixados do Tesouro Direto, programa de compra e venda de títulos de dívida do governo.

— Quando surgem oportunidades de investimento melhores, as aplicações prefixadas deixam de ser atraentes para possíveis compradores — explica Luiz Calado, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef).

Paulo Bittencourt, da Apogeo, lembra que quem aplica em renda fixa deve pensar no médio prazo, o que significa sacar os recursos num prazo entre três e cinco anos. Ele recomenda que o dinheiro que deve ser sacado das aplicações numa emergência, como a quebra do carro, seja direcionado a produtos como fundos DI ou poupança.

— E quem já está nessas aplicações tende a ser beneficiado no curto prazo, já que a Selic deve subir até o fim do ano e melhorar o ganhos dos DIs e da poupança— diz Bittencourt.

Estratégia reduz riscos

Diante das incertezas, investidores cujos investimentos estão se desvalorizando precisam avaliar a concentração das aplicações, sugere o economista Rodrigo Menon, da Beta Independent:

— Quem colocou metade do patrimônio nesses investimentos pode sacar uma parte, mesmo perdendo um pouco, e diversificar mais as aplicações. Principalmente se tiver muitos papéis com vencimento longínquo.

Mas não há consenso. A administradora Marlene Zerbato, de 48 anos, fugiu dos fundos de renda fixa e das taxas de administração de até 2% cobradas por eles, e foi comprar títulos públicos no Tesouro Direto. Marlene aplica cerca de R$ 800 ao mês e escolheu os papéis prefixados, que estão prejudicando o rendimento dos fundos de renda fixa, as NTNs e as LTNs. Em junho, a NTN-B em que ela aplicou teve rendimento negativo de 4,27%. No ano, a perda é de 23,35%. Mas ela nem se abalou e mantém o dinheiro investido.

— A NTN-B que tenho vence em 2035. É uma aplicação para minha aposentadoria. Sei que esses títulos oscilam diariamente e podem ter desempenho negativo momentâneo. Se sacar somente no vencimento, terei o retorno combinado. A rentabilidade real passa de 5% — diz ela.

O cenário também não anda nada generoso para quem investiu na Bolsa. No ano, o Ibovespa, índice de referência do mercado, perde cerca de 16%. Mas quem investiu em empresas com bons fundamentos, algumas fora do índice, não necessariamente está tendo prejuízo. As ações da Kroton, do setor de educação, por exemplo, subiram quase 43% até julho.

— Não há porque vender esse papel ou outros com ganhos. A turbulência dos mercados arrastou o Ibovespa e prejudicou ações com bom potencial de ganho. Quem aplicou em fundos de ações que seguem o índice pode mudar sua estratégia e procurar as boas oportunidades — diz Aline Rabelo, coordenadora do Investmania.

Quem começou a planejar a viagem de férias aos EUA e, em janeiro passado, investiu R$ 10 mil num fundo cambial, ganhou 18,6% desde janeiro. Por isso, analistas indicam esses fundos basicamente para quem quer proteger o patrimônio em moeda estrangeira.

— Correr agora para este fundo só porque o dólar está subindo é um erro. Dólar é como renda variável. É difícil antecipar se vai subir ou descer. Mas quem já está deve ficar — afirma Willian Eid, da FGV.

A lição que fica para quem está contabilizando prejuízo neste turbilhão financeiro, dizem os analistas, é que investimento requer estratégia. Não se pode aplicar todos os recursos num só produto. Assim como é preciso ter claros objetivos de curto, médio e longo prazo.

— Ter um plano, uma estratégia de investimento, com objetivos claros para o médio prazo e o futuro, reduz o risco de perdas em momentos como o atual — diz o educador financeiro, Mauro Calil.

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