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Novo processo que será regulamentado pelo Banco Central já tem cronograma definido; objetivo é trazer mais proteção contra fraudes e inovação para otimizar a utilização do crédito e os diversos instrumentos financeiros.
Na última quinta-feira (22/08), o IBEF-SP promoveu mais um encontro na B3 para debater as últimas tendências do mercado financeiro e de capitais. Desta vez, o foco foi a digitalização da gestão de títulos de crédito, as duplicatas escriturais, e como isso deve impactar todo o ecossistema financeiro.
O evento foi organizado pela Comissão Técnica de Mercado Financeiro e de Capitais, facilitando o entendimento sobre a regulamentação e como as empresas devem se preparar. Para isso, foram convidados Aristides Cavalcante, chefe do Departamento de Gestão Estratégica e Supervisão Especializada do Banco Central; Humberto Costa, diretor de produtos da B3; Patrícia Amaro, CFO do Banco Fibra; e Calil Gedeon, CFO e sócio da Monkey. A vice-presidente de finanças do Portobello Grupo, Rosângela Sutil, mediou o painel com os CFOs convidados.
“A expectativa é positiva para o desenvolvimento dos negócios e da nossa economia, impulsionada a partir dessa iniciativa regulatória que promove a atualização de um dos mais antigos títulos de crédito, as duplicatas. As mudanças devem impactar os processos relacionados à gestão do contas a receber e do contar a pagar das empresas, e todo o ecossistema de gestão financeira, fazendo a conexão até a liquidação das transações. Os potenciais benefícios são animadores, com ampliação dos volumes, transparência e a redução do custo de crédito no país”, avalia Rosangela Santos, coordenadora da referida Comissão Técnica, que organizou o evento em conjunto com a B3 e com apoio da Monkey.
Objetivos do BC – Aristides Cavalcante explicou sobre a regulamentação do tema e os objetivos do Banco Central com as novas regras. Além de trazer mais segurança e proteção contra fraudes, o representante do BC ressaltou que a portabilidade do ecossistema de duplicatas terá um “efeito PIX para o crédito” – com menos custos e uma operação ágil, cujos mecanismos de interoperabilidade mais modernos trarão dinamismo na emissão de crédito.
Ele também lembrou que as instituições financeiras terão que implantar, obrigatoriamente, esse programa de modernização, admitindo que há desafios a serem superados. “Padronizar esses processos não é algo simples e sabemos que o cronograma para entrar em vigor é ousado e requer um período de testes. Estamos deixando na mão do mercado fazer propostas sobre o funcionamento do ecossistema, tanto no aspecto técnico e tecnológico quanto na parte de custeio da implantação. No final, o BC tomará as decisões para regulamentar”, concluiu Cavalcante.
Entendimento do programa – Na sequência, Humberto Costa fez uma palestra corroborando os atributos e desafios da nova era digital na emissão dos produtos de crédito. Costa revelou que haverá um período de testes previsto para iniciar as operações no segundo semestre de 2025, voltado para empresas com faturamento superior a R$ 300 milhões. O papel da B3 será o de facilitar e auxiliar as empresas a destrincharem o entendimento do programa em todas as suas vertentes: na visão do sacador, que contrata a emissão; na visão do sacado, que aceita a escrituração; e na visão do agente financiador, que analisa a agenda de duplicatas.
O executivo da B3 traçou um panorama completo sobre as mudanças em cada etapa das operações – garantias na emissão, risco sacado, cessão de recebíveis, obrigatoriedades, aceite ou recusa pelo sacado, OPT-IN, pagamentos e benefícios. “Um dos papéis da B3 é tirar o atrito e internalizar a dinâmica para facilitar a integração ao projeto. Nosso objetivo é levar para as empresas a fluidez necessária de modo que elas superem o desafio do cronograma previsto”, afirmou.
Painel com CFOs – A última parte do evento contou com um painel, mediado por Rosângela Sutil, no qual Patrícia Amaro e Calil Gedeon se juntaram a Aristides e Humberto para arrematar a discussão sobre o tema e as mudanças esperadas para o mercado com as novas regras.
Gedeon opinou que o custo do crédito tenderá a ficar mais baixo com as mudanças e que a segurança é um fator importante para aumentar o mercado e dinamizar as operações. “O maior desafio é a parte tecnológica para fazer as conexões de maneira fluida. A Monkey quer ser parte dessa solução”, adiantou Gedeon.
A CFO do Banco Fibra, por sua vez, comentou que a estruturação do projeto é segura para os bancos e que o curto prazo de operações deve aumentar as ofertas no mercado. Patrícia enxerga que o cronograma e o aumento da competitividade serão desafios a serem vencidos. “O novo formato inibe fraudes como a duplicidade e traz um cenário desafiador de competição para as instituições financeiras”, acrescentou a executiva.
Para Cavalcante, o projeto vai começar a tomar corpo a partir de agora e é normal que gere alguma preocupação do ponto de vista de impacto para as empresas. “É um desafio o processo de gestão de fraudes, já que o valor desse ecossistema está atrelado ao nível de segurança para garantir a confiança dos agentes financeiros”, explicou o representante do BC.
Disposta a ajudar na travessia ao novo sistema, a B3 entende que a automatização precisa atingir o nível máximo, com normas claras e simples para motivar as instituições financeiras a buscarem inovação. “A B3 recomenda sempre se antecipar e o ambiente de testes aqui já está disponível. Então, convidamos as empresas a participarem e acessarem as telas que produzimos para chegarmos ao objetivo comum de adaptação ao processo. A chave do sucesso é antecipação”, finalizou Costa.