Getting your Trinity Audio player ready...
|
Executivos discutem caminhos para manter a liquidez em um cenário de baixa rentabilidade e maior risco.
Fotos: Mario Palhares
O Brasil passou por uma verdadeira “revolução monetária” nos últimos anos, marcada pela diminuição da rentabilidade de todas as aplicações financeiras. Essa é a leitura do economista André Guilherme Perfeito, responsável pelar palestra de abertura do Seminário de Tesouraria, realizado hoje, na sede do IBEF. O evento foi patrocinado pela SAGE XRT, empresa líder em software de gestão de tesouraria.
De acordo com o economista-chefe da Gradual Investimentos, haverá uma desaceleração econômica maior no segundo semestre, seguida por uma recuperação gradual já em 2016. Perfeito ressaltou que o padrão de consumo do brasileiro seguirá em patamares elevados, e isso obrigará as empresas a correrem riscos. Tais riscos poderão ser minimizados por meio do uso de informações corretas providas pelas instituições financeiras.
Menos otimista, José Eduardo Menegário, diretor financeiro na TAM Linhas Aéreas, pontuou os desafios estratégicos que estão sendo enfrentados: desvalorização cambial; volatilidade impactando fortemente a tomada de hedge; desemprego afetando o consumo; e o gerenciamento de liquidez, com maior restrição para financiamento e expansão dos negócios. Contudo, é na crise que as oportunidades aparecem. O executivo destacou que a Tesouraria ganha protagonismo e é decisiva nesse cenário por meio da eficiente gestão de risco e liquidez.
Luciano Costa Novo dos Santos, CFO da holding Formitex Empreendimentos e Participações, apontou como tarefas prioritárias da Tesouraria a gestão de liquidez, “fundamental”, e a administração eficiente de contas a pagar e receber. A área também é responsável por buscar sempre a melhor informação para dar previsibilidade na tomada das decisões.
Para enfrentar os desafios do momento econômico, o CFO ressaltou a importância da definição e gestão das políticas com relação a risco financeiro, crédito e variações de câmbio. Também é preciso atenção na avaliação de vetores de investimento e crescimento. Por fim, ele chamou atenção para o gerenciamento do risco de crédito, que tem aumentado com a fragilidade econômica dos compradores.
Tesouraria: parceira estratégica
Celso Rocha, gerente executivo financeiro da Copersucar, apresentou os principais desafios enfrentados em seu modelo de negócios: “Além do produto que a gente tem que comprar, tem o capital de giro: dinheiro para você comprar o produto, segurar o estoque e vender esse produto no final”.
Bruno Tavares, responsável pela tesouraria dos grupos Fiat Chrysler Automobiles e CNH Industrial na América Latina, foi o último palestrante. O executivo destacou que a Tesouraria é parceira estratégica de todas as áreas da empresa na busca por resultados. Para Tavares, o papel da área é difundir a disciplina financeira nas organizações, valorizar a clareza das informações que transitam internamente, e, principalmente, dar tranquilidade para a empresa focar no seu crescimento.
“A Tesouraria é um mitigador de riscos. É gerenciar risco, gerenciar caixa de modo eficiente e proteger a empresa contra riscos do mercado, com uma gestão de liquidez adequada e de acordo com a conjuntura”, completou.
Debate
O vice-presidente de Finanças e Controller do Walmart, Luis Carlos Carresi, mediou o debate com os palestrantes na última parte do encontro. Os debatedores conversaram sobre desafios da Tesouraria frente a questões como o impacto das fraudes com cartões de crédito em compras realizadas pela internet, formação profissional e a expectativa de mudança no cenário econômico.
Os executivos ressaltaram a necessidade de investimentos em tecnologia para dar agilidade a processos. Mas estes devem vir acompanhados de um arcabouço que preserve a segurança da informação, minimizando a exposição a vulnerabilidades.
Outro ponto de atenção foi a formação de profissionais alinhados à cultura da empresa. O investimento em capital humano é essencial para garantir a continuidade dos negócios “sem solavancos”.
Em relação às perspectivas para o cenário econômico, André Perfeito demonstrou confiança no ajuste promovido pelo Governo e reforçou a previsão de recuperação a partir de 2016. Ele defende que o ajuste econômico será mais rápido do que o esperado. O economista projeta que a taxa básica de juros terá uma trajetória de queda a partir do próximo ano; terminará 2015 no patamar de 14,5% e cairá para 11% em 2016.
O primeiro evento do ano da Comissão de Tesourariae Riscos foi muito bem avaliado pelos participantes. Na foto abaixo, um registro dos convidados, próximos a Thierry Giraud, CEO da Sage XRT Brasil, Luciana Medeiros, vice-presidente técnica do IBEF-SP, e Elaine Olivetto, líder da Comissão de Tesouraria e Riscos.