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O CFO Forum 2015 provocou líderes financeiros a repensarem o futuro das indústrias onde atuam.
Os novos ecossistemas baseados em mobilidade, colaboração, social, analytics e big data estão desafiando os modelos de negócios tradicionais, colocando em xeque a existência destes no futuro. Essa foi a principal mensagem da 6ª edição do CFO Forum IBM/IBEF SP, realizado no último fim de semana.
A ascensão do Uber, que não tem nenhum motorista contratado mas disputa mercado com os taxistas, do AirBNB que tem mais de 10 milhões de diárias reservadas mas não possui nenhum quarto físico para hospedagem, e do Waze, que põe em cheque o uso do tradicional aparelho de GPS, são exemplos de uma nova era da economia Everyone2Everyone (E2E).
Na abertura do evento, Marcelo Porto, presidente da IBM Brasil, utilizou um exemplo claro. Por meio de um aplicativo para celular criado pela companhia, conseguiu controlar sua apresentação utilizando apenas gestos, que eram lidos pelo acelerômetro de seu smartphone. “Tudo está sendo feito na nuvem, em uma plataforma que através da internet das coisas permite captar esses movimentos e tomar decisões”.
Porto ressaltou que uma batalha está acontecendo agora, com o surgimento de plataformas que questionam a infraestrutura corrente. O Uber é um exemplo claro. “É uma plataforma que possui um sistema de analytics forte, tem internet das coisas, mobilidade, cálculo de rota… Ou seja, é um ecossistema baseado numa plataforma que questiona e põe em jogo todo o modelo tradicional. Essa é a batalha que a gente vê nos jornais, mas essa batalha está acontecendo em todos os setores”.
Outros exemplos não faltam: o iTunes que colocou em cheque a indústria de música mundial, há mais de uma década, hoje corre o risco de ser canibalizado por outro serviço de sua própria criadora, o Apple Music, como uma resposta para sobreviver ao aumento da concorrência nesse segmento. O AirBNB, maior comunidade de hospedagem alternativa do mundo, desafia o mercado da indústria de hotéis. O Whatsapp, por sua vez, é um concorrente para as operadoras de telefonia, ao permitir que os usuários façam chamadas de voz por meio da conexão de dados do próprio celular, em vez da ligação telefônica tradicional.
“Todo modelo que a gente olha, seja em comunicações, seguros, tecnologia, em todas as indústrias essa guerra está acontecendo. Porque há uma convergência entre a tecnologia e os modelos de negócios, dentro de um ecossistema baseado em analytics, mobilidade, social e big data”, reforçou Porto.
Economia Everyone 2 Everyone
Mauro D’Angelo, diretor de soluções para a indústria da IBM, destacou três forças econômicas que combinadas estão impactando as indústrias: fragmentação na cadeia de valor; convergência de indústrias e a computação cognitiva.
Citando o exemplo da plataforma de computação cognitiva Watson, da IBM, que hoje está disponível para que milhares de desenvolvedores possam criar aplicações para todas as indústrias, D’Angelo reforçou que as companhias não podem pensar mais em produtos fechados destinados a um cliente; é preciso pensar no ecossistema.
Ele explicou que nos últimos cinco anos o centro de viabilidade econômico mudou para a economia Everyone2Everyone (E2E). Esse novo ambiente estimula as empresas a buscarem parceiros para o desenvolvimento de soluções. Essa transformação ainda está na primeira onda, observou o especialista, e deverá se estender pelos próximos 15 anos.
Mas quais são as principais características da economia E2E?
A primeira é que se trata de um ecossistema orquestrado, que conta com a colaboração de diferentes atores. “O jogo é todo mundo com todo mundo”, apontou D’Angelo.A segunda é que tem que ser contextual. Não basta simplesmente saber quem é o cliente. É necessário contextualizar essa informação com a situação, o local e o momento que ele está vivendo. A última característica é o uso da inteligência cognitiva. Cada vez mais, os sistemas que irão se relacionar com os usuários por meio de diálogos em linguagem natural. Além de dialogar, vão sugerir soluções cada vez mais personalizadas, baseadas na análise de informações que postadas em redes sociais, blogs e outras fontes online.
Caso “The North Face”
Um exemplo claro dessa nova forma de se relacionar com clientes está no case da IBM com a rede varejista “The North Face”. A rede utiliza a solução FluidXPS, que oferece a experiência de comércio eletrônico de um expert em vendas com o uso da tecnologia IBM Watson. Para isso, a plataforma aprendeu com o comportamento dos melhores vendedores da rede.
Mauro D’Angelo deu o seguinte exemplo: vamos supor que um cliente entra no site da The North Face e está interessado em comprar um equipamento para uma viagem de 14 dias. Antes mesmo que o cliente tenha mencionado o destino, o Watson recomenda uma lista de produtos para viagem na Patagônia. A plataforma antecipou que o destino era a Patagônica porque fez uma análise das informações postadas pelo usuário nas redes sociais.
Em seguida, o cliente pergunta qual a mochila mais adequada para uma expedição ao monte Fitz Roy. Watson então cruza informações sobre o local, condições climáticas, analisa riscos e dados sobre acidentes que já ocorreram na região. Baseado nessa avaliação, indica ao cliente uma mochila em particular que tem a tecnologia ABS technology. A plataforma continua dialogando com o potencial comprador, esclarecendo dúvidas específicas e oferecendo informações detalhadas sobre o produto. Por fim, o cliente fecha a compra.“É isso que um sistema analítico cognitivo faz que analítico convencional não conseguiria fazer”, conclui D’Angelo.
O imperativo da colaboração
Na economia E2E, a colaboração é chave para os novos modelos de negócio. Outro exemplo citado por D’Angelo foi o da empresa de comércio eletrônico Amazon. Uma das maiores linhas de custo para a companhia é o frete para envio dos produtos. A empresa já está testando um aplicativo que vai localizar os clientes e sugerir a eles que façam a entrega dos produtos para amigos que estão em locais próximos, oferecendo em contrapartida crédito para compras na loja. Assim, os dois lados ganham. Ou seja, é mais um exemplo de tecnologia disruptiva. E, se bem-sucedida, poderá ser um concorrente para os serviços tradicionais de transporte e entrega de produtos.
Mauro D’Angelo comentou os resultados de uma pesquisa anual realizada pela IBM junto a executivos. A enquete contou com a seguinte pergunta: Da onde você acredita que virá sua concorrência no futuro próximo? As opções eram: 1- Concorrente conhecido; 2 – Concorrente que não conheço; 3 – Não faço menor ideia. Estimulados a responder a mesma pergunta, antes de saber os resultados da pesquisa, a maioria dos executivos presentes no evento optou pela opção 3.
D’Angelo comentou então que na pesquisa mundial, 40% dos respondentes apontaram a opção 1, outros 40% escolheram a 2, e os últimos 20% disseram que não sabiam da onde viria o próximo concorrente. D’Angelo comentou que os executivos brasileiros talvez tenham sido os mais sinceros na resposta. “Afinal, os exemplos são claros: a concorrência está vindo de lugares inusitados”.
O especialista recomendou que os executivos invistam em núcleos de inovação dentro de suas empresas. Dessa forma, poderão fomentar novas soluções que poderão vir a ser alternativas às fontes de receita tradicionais de seus negócios. Um dos caminhos para fomentar a inovação no âmbito corporativo está na aplicação do conceito de “garagem de inovação” que privilegia a colaboração em rede.
Mauro D’Angelo comentou a estratégia da IBM dentro desse contexto. A companhia aposta em várias linhas de atuação. A primeira é transformar o segmento de mercado e profissões com dados. A segunda é reconstruir a TI corporativa para a era da computação em nuvem. A terceira é reimaginar o trabalho com a produtividade. Nessa última linha de atuação, o diretor ressaltou a parceria da IBM com a Apple para o desenvolvimento de novas apps. Por último, a companhia está engajada em repensar o desafio da segurança. “Essa é a nossa estratégia: trabalhar na fronteira entre tecnologia e negócios pensando nesses quatro pontos”.