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Seminário de Mercado de Capitais

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Em cenário mais difícil, criatividade e governança serão recompensadas

Momento do mercado é debatido por executivos de grandes organizações 
Fotos: Mario Palhares/IBEF SP

O IBEF SP recebeu na manhã desta quarta-feira (14) um time de peso para discutir o tema “A corrida por capital num mercado difícil e seletivo: alternativas e implicações”. Em um cenário de incertezas no campo político e econômico, menor liquidez e retração de investidores, a discussão mostra-se fundamental.

André Cazotto, líder da Comissão de Mercado de Capitais

O presidente do Instituto, José Cláudio Securato, deu boas-vindas aos presentes e convidou André Cazotto, líder da Comissão de Mercados de Capitais, para realizar a abertura do evento.

Cazotto, que é gerente de RI da Cielo, destacou que o intuito da Comissão é trazer executivos financeiros para discutir os principais temas, desafios e oportunidades relacionados ao mercado de capitais, neste cenário macroeconômico mais desafiador. Ele ressaltou que a Comissão está aberta a novos integrantes. Os interessados em participar do grupo de trabalho poderão fazê-lo entrando em contato com o IBEF SP.

Leopoldo Saboya, diretor da Pátria Investimentos e vice-presidente do IBEF SP, conduziu a mesa redonda com experientes executivos da área.

Criatividade em alerta

Patricia Moraes, head de banking do J.P. Morgan Brasil, destacou que o momento demanda criatividade. “Estou há 20 anos no mercado. Talvez esse seja o momento mais diverso em termos de barulho econômico, político e reputacional. É um momento delicado, mas que também gera oportunidades”.

Da esq. para a dir.: Guilherme Cavalcanti (Fibria), Patricia Moraes (JP Morgan), e Leopoldo Saboya (Pátria Investimentos)

A executiva do banco de investimentos observou que há um resgate de estruturas financeiras que eram realizadas na década de 1990, com utilização de garantias e conversíveis. Fatores como a taxa básica de juros em patamar de 14% ao ano e notas do tesouro nacional a taxas de 6% a 7% têm representado uma dura competição para os instrumentos de dívida e de equity.

“É um momento em que devemos estar com a criatividade em alerta”.

Ela avaliou que entre as oportunidades para as companhias está a recompra de bonds depreciados bem como movimentos para a reestruturação de dívidas. Instrumentos como CRI e CRA e as debêntures de infraestrutura têm se mostrado boas opções para atrair pequenos investidores, que se beneficiam da isenção fiscal no IR.

Evento foi sucesso de público

Fragilidades

“A crise deixou expostas as fragilidades do mercado de capitais brasileiro”, avaliou Fernando Borges, managing director do Carlyle Group para o Brasil e a América do Sul. Entre as principais fragilidades, ele destacou a grande dependência de investidores estrangeiros e a alta seletividade.

Fernando Borges (Carlyle Group) e Leandro Miranda (Bradesco BBI)

Algumas empresas que abriram capital há alguns anos, acompanhando o boom de IPOs na Bolsa brasileira, não estavam devidamente estruturadas para isso. Agora sofrem as consequências, observou o executivo da firma global de private equity. “IPO não é para quem quer; é para quem pode”.

Borges disse torcer para que o mercado de capitais retome fôlego e, talvez, recupere o US$ 1 trilhão perdido. A soma refere-se ao valor de mercado perdido,entre abril de 2011 e setembro deste ano, pelas companhias brasileiras listadas na Bovespa. O executivo observou que o mercado de capitais ainda é a principal porta de saída para o investimento em private equity.

Como oportunidade, Borges acrescentou que há um movimento de empresas comprando concorrentes, buscando crescimento e redução de despesas via consolidação. “Certamente, é uma área que os fundos têm discutido muito”.

“A crise depura”

Momento é favorável para empresas reavaliarem suas estruturas e parcerias com instituições financeiras, visando o longo prazo, afirma Leandro Miranda (Bradesco BBI)

A frase foi cunhada por Leandro Miranda, managing director do Bradesco BBI, para explicitar que o momento é favorável para que as companhias se reestruturem, repensem o tamanho ótimo para seus negócios e suas relações com as instituições financeiras, visando o longo prazo. A criação de políticas de governança corporativa adequadas deve estar entre as prioridades.

O nível maior de volatilidade na economia é uma característica comum aos países emergentes, observou Miranda. Por isso, o ideal é adotar uma postura conservadora, sem euforias nos momentos de crescimento ou excesso de pessimismo nos revezes.

“Talvez devamos aprender a ser mais conservadores daqui para frente. E entender que existem momentos bons e devemos aproveitar esse espaço – não para crescer desordenadamente -, mas para fazer o dever de casa. Fazer as mudanças estruturais necessárias. Então, esse é um bom momento para colocar a casa em ordem e entender qual é a estrutura ótima para a companhia daqui para a frente. É um momento de depuração”.

Os bancos estão saindo do aspecto transacional e passam a oferecer soluções compreensíveis de capital para as empresas, acrescentou Leandro. “Temos o lado da consultoria junto ao do capital. É uma combinação poderosa, que deveria ser mais procurada pelos diretores financeiros”.

Foco em governança

Guilherme Cavalcanti, diretor de finanças e RI da Fibria Celulose, também reforçou o aspecto da governança. “Teremos uma seleção natural nesse período. Quem for mais competente, e estiver focado na estrutura de governança, vai conseguir a parceria com os bancos para atravessar esse momento de crise e sair dele mais fortalecido”.

Função de RI ganha peso extra nesse momento, destaca Guilherme Cavalcanti (Fibria)

Experiente no processo de reestruturação de dívidas de grandes empresas, como a Globo e a própria Fibria, Cavalcanti destacou a importância, junto ao liability management e um plano de negócios, de uma comunicação assertiva e transparente com o mercado.

“Relações com investidores é um trabalho cada vez mais importante. A função de RI ganha um peso extra nesse momento”.

Patricia Moraes, do J.P. Morgan, concorda. Empresas que possuem uma comunicação transparente, compliance estruturado e uma governança forte, com código de conduta para os funcionários, terão um grande diferencial sob o ponto de vista dos bancos. Uma vez que as instituições financeiras precisam atender a padrões cada vez mais rígidos em seus controles, exigidos pela autoridade reguladora.

 “O compliance e a governança mais fortes podem se traduzir até em menor custo de captação para as empresas. Porque os bancos terão mais conforto e facilidade para fazer as transações. Então, se podemos tirar algo de bom do cenário atual é a necessidade de dar um salto nesse aspecto”.

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