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Seminário IBEF Mulher: Tirando leite de Pedra

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Como motivar pessoas em tempos de crise?

Cenário adverso pode ser também grande oportunidade para o desenvolvimento profissional. 
Fotos: Mario Palhares/IBEF SP

O IBEF Mulher comemorou o seu sexto aniversário, nesta quarta-feira (11), com o Seminário “Tirando leite de pedra – como motivar pessoas em tempos de crise”. O evento contou com o patrocínio da Omint e da PwC, empresas que têm apoiado, desde o início, o crescimento do núcleo ibefiano voltado ao empoderamento feminino na área financeira.

“Para este evento decidimos tratar de um assunto muito atual, mas que falasse também de motivação e encorajasse a troca de experiências entre pessoas que passaram por crises”, destacou Rosana Passos de Pádua, líder do IBEF Mulher, na abertura do evento.

Rosana lembrou que a geração atual de executivas foi responsável por provocar mudanças e alavancar a participação feminina nas organizações.

“Ainda somos poucas em cargos de liderança, menos de 4% nos conselhos das empresas, mas temos grandes oportunidades para as mulheres. Nossa geração deixará um legado melhor para nossas filhas”, completou a executiva, que é diretora de risco e compliance da Companhia Siderúrgica Nacional.

Segredos para engajar pessoas

O legado mencionado por Rosana encontra em Tania Cosentino, a palestrante convidada para o evento, um exemplo singular. Formada em engenheira elétrica, Tania fez carreira na multinacional francesa Schneider Electric e hoje é a CEO para a América do Sul. Foi a primeira mulher a presidir a companhia no Brasil.

“Meu negócio é gente. Gosto de gerenciar e desenvolver pessoas”, destacou a executiva, logo no início de sua apresentação. “Não falo em motivar, pois isso transmite a ideia de uma ação pontual que gera uma reação. Prefiro a palavra engajar porque é algo mais perene”.

Engajar não é tarefa fácil no cenário atual. O país vive uma crise econômica, política e ética profunda, observou Tania. Contar com pessoas engajadas e posicionadas nos lugares corretos é um diferencial para que as organizações possam superar os momentos difíceis.

O engajamento também gera resultados econômicos. Vários estudos já comprovaram que empresas que possuem funcionários mais engajados têm melhor desempenho no faturamento e são mais rentáveis. Na Schneider Electric, o nível de engajamento de colaboradores e clientes é mensurado trimestralmente e ajuda a balizar novas ações.

“Pessoas engajadas são fruto do ambiente que você cria. Como líderes, vocês têm a obrigação de promover um ambiente dinâmico para engajar seus colaboradores”, direcionou a executiva para a plateia.

Como fazer isso? Tania compartilhou cinco “segredos” praticados pela empresa.

1-      Sustentabilidade no coração do negócio. Importante para atrair e reter talentos, especialmente as novas gerações, oferecendo um verdadeiro senso de propósito. Tania destacou que a empresa, especialista em gestão de energia, encontrou oportunidades de negócio na transição para uma economia de baixo carbono e também provê sistemas geradores de energia elétrica para comunidades isoladas. “Ser sustentável não é ser assistencialista. A sustentabilidade pode fazer parte do negócio”.

2-      Treinamento e desenvolvimento. É preciso trabalhar os talentos. Para isso, a companhia tem um laboratório de inovação (Neo Net), programas de e-learning, coaching, mentoring e missões internas. “O treinamento contribui apenas com 30% do desenvolvimento profissional; a maior parte provém da vivência e exposição a novas situações. Por isso promovemos missões internas”.

3-      Diversidade e inclusão. Como forma de fomentar inovação e negócios. Tania contou que a organização faz um esforço importante para promover a diversidade de gênero em um setor ainda predominantemente masculino. Um KPI promovido pelo CEO global da companhia é ter, no mínimo, uma mulher finalista em qualquer posição de recrutamento da empresa. No pool de candidatos, 40% devem ser do sexo feminino. “Não existe ambiente inovador sem diversidade. E diversidade não se limita a gênero; é também de opção sexual, cultura, idioma, formação e formas de pensar”.

4-      Comunicação transparente e direta. Tania lembrou que os profissionais das gerações Y e Z não haviam vivenciado, até agora, um cenário de crise econômica. Portanto, esses talentos sentem-se mais fragilizados nesse contexto. A empresa não pode esconder o que está acontecendo, observou Tania. As informações se espalham rapidamente. “Você tem que ter um canal de comunicação forte com suas equipes. Quando você abre o problema e coloca o time para compartilhar e contribuir, você consegue soluções mais efetivas”.

5-      Reputação. “Walk the talk”, faça aquilo que você fala. Como CEO, Tania disse não abrir mão de duas coisas: investir em segurança no trabalho e vetar negócios duvidosos ou antiéticos. A imagem da empresa não tem preço. “Se você quer atrair e reter funcionários de valor, tenha em mente que eles não vão querer trabalhar em uma empresa com a reputação manchada. Cuidar da reputação é fundamental para ter colaboradores engajados”.

Painel com executivas

A ibefiana Maria José Cury, sócia da PwC, foi a mediadora do bate-papo com Andrea Menezes, CEO do Standard Bank, Deborah Vieitas, CEO da Amcham, e Karin Parodi, fundadora do Career Center.

    

Veja algumas afirmações das executivas:

 

“A visão estratégica, de longo prazo, é que fará com que as empresas e os profissionais aproveitem as oportunidades dessa crise e melhorem cada vez mais seus processos”, assinalou Maria José Cury, sócia da PwC.

 

 

“Já vivi a difícil experiência de ter que demitir um grande número de pessoas. Penso que a humanização de um processo de redução pode vir mais do perfil feminino do que o masculino. A mulher costuma ser mais acalentadora. Você é dura quando tem que ser, mas também conversa e chora junto com eles. Certa vez, em um discurso para esses colaboradores, eu me emocionei. Ao final, dois homens me cumprimentaram e disseram ter se sentido valorizados e respeitados com essa sensibilidade sobre o impacto da mudança em suas vidas”, disse Andrea Menezes, CEO do Standard Bank.

 

“Manter talentos exige criatividade. E manter pessoas motivadas quando só se fala em crise é um grande desafio. Na minha empresa, dois terços dos funcionários têm até 25 anos de idade. Por isso, não podemos perder de vista a oferta de quick-wins – metas de curto e médio prazo, comunicadas de forma clara, para que eles saibam quais os primeiros objetivos a ser atingidos e fiquem motivados. Outra coisa: é preciso manter os seus clientes, por mais difícil que seja o momento. No final do dia, são eles que ajudam você a pagar as contas”, disse Deborah Vieitas, CEO da Amcham

 

“Em momentos de reestruturação, os talentos são preservados – aquelas pessoas com potencial superior, capacidade de adaptação e entrega de resultados. No cenário de crise, as empresas avaliam os seguintes perfis: quem vai se adaptar às mudanças e entregar os resultados necessários. Pessoas resistentes a mudanças e com remuneração muito alta podem ser as primeiras a sair. Para quem ficar, a crise poderá ser uma grande oportunidade para dar um upgrade na carreira, inclusive assumindo novas áreas”, observou Karin Parodi, diretora-geral do Career Center.

Ao final do evento, a representante da Omint, Cristina Chuquer, sorteou um presente para a plateia. “Participamos sempre e apoiamos o IBEF SP porque é uma instituição séria e de credibilidade”, destacou Cidinha Lima, da Omint.

 

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