Getting your Trinity Audio player ready...
|
Qual é a percepção masculina sobre os diferentes papéis exercidos pela mulher? Quatro grandes executivos foram convidados pelo IBEF Mulher para discutir essa questão, em café da manhã realizado na terça-feira (12), na sede do IBEF São Paulo. O evento contou com o patrocínio das empresas Omint e PwC, e foi o primeiro desta pasta no ano.
A líder do IBEF Mulher, Rosana Passos de Pádua, agradeceu ao time de executivas pela bem-sucedida organização do evento, e aos seus convidados: Britaldo Soares, presidente do Conselho de Administração das empresas AES Eletropaulo, AES Tietê Energia e AES Sul; João Lins, sócio da PwC; Luis Carlos Cerresi, CFO do Walmart.com; e Luis Felipe Schiriak, experiente líder financeiro e membro do Conselho de Administração do Instituto.
Responsável pela mediação do debate, Maria José Cury, sócia da PwC, destacou que a empresa que está engajada na campanha “He for She”, da ONU, que busca o equilíbrio e igualdade de oportunidades para homens e mulheres.
Para destacar a força da diversidade no mundo corporativo, a executiva comentou os resultados de uma pesquisa com CEOs realizada pela PwC. 80% dos líderes afirmaram que a promoção da diversidade é benéfica para o desenvolvimento dos times, e, para 73%, essa iniciativa gera impactos positivos para os resultados.
Contudo, apesar de as mulheres representarem 42% da força de trabalho formal, ponderou Maria José Cury, somente 4.3% estão em posições de liderança, ocupando altos cargos executivos. Posto esse cenário de desequilíbrio, a mediadora estimulou os convidados a contarem suas experiências nos papéis de liderados por mulheres e como líderes de equipes femininas.
Equilíbrio entre diferentes tarefas – Luis Felipe Schiriak contou que já foi liderado por duas mulheres em um momento de sua carreira nos Estados Unidos, há cerca de 30 anos. Naquela época, sofreu algumas dificuldades iniciais para se adequar ao estilo de liderança mais enérgico, próprio da cultura americana, mas a experiência abriu sua mente em relação ao trabalho com mulheres.
“A mulher, especialmente na área financeira, tem como característica o equilíbrio. Ela é capaz de lidar com 20 assuntos ao mesmo tempo, o que na nossa profissão é considerado um plus”, destacou.
Incentivo ao desenvolvimento – Luis Carlos Cerresi teve quatro chefes mulheres de diferentes nacionalidades. Experiências completamente diferentes, mas que se complementaram. Sua primeira chefe, por exemplo, era muito exigente consigo mesma e transferia isso para a equipe, vivência que, apesar de difícil, o ajudou a desenvolver musculatura corporativa e orientação a resultados. Sua chefe atual é chinesa e possui estilo de liderança diferente. “Então, o aprendizado não é só do ponto de vista de gênero, mas também de cultura”.
Ele observou que os líderes das empresas, em sua maioria homens, devem se engajar para diminuir os desequilíbrios de gênero no pipeline de talentos das suas corporações. “A mudança não vai acontecer rapidamente se não contribuirmos para isso. O cenário que vemos na sociedade precisa estar refletido nas organizações”.
Disciplina e serenidade – Britaldo Soares contou que o líder mundial da AES já foi uma mulher. Chamou sua atenção a disciplina da executiva ao conduzir questões estratégicas, de forma sensível, planejada e serena, mesmo frente a um cenário de turbulência internacional.
“Um traço marcante das mulheres na área financeira é o grau de atenção aos detalhes e a disciplina. É algo que me dá uma maior sensação de conforto e segurança”, observou o líder. Após a reestruturação da empresa, o time financeiro da AES passou a ser composto por 75% de mulheres. “Minhas escolhas nunca foram pautadas por gênero, mas por competência”, ressaltou.
Sem estereótipos – João Lins foi liderado por mulheres em dois terços de sua carreira. O aprendizado com essas líderes, afirmou, foi marcado pela atenção cuidadosa aos detalhes, a capacidade multitarefa, e a forma como trabalharam o desenvolvimento de outros profissionais sem deixar de cobrar resultados.
É fato que algumas características se repetem no estilo feminino de liderança, observou Lins. Contudo, falar em diversidade não significa cair em estereótipos.
Afinal, existem bons e maus líderes, sejam homens ou mulheres. “Por isso é importante cuidar da preparação e do desenvolvimento de pessoas, independente do gênero”, concluiu.