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Especialista orienta como construir uma marca pessoal forte em momentos de transição (ou não)
Quais passos um executivo deve trilhar para se reposicionar com sucesso em um ambiente de intensas transformações? Irene Azevedoh, diretora de consultoria da área de Transição de Carreira e Gestão da Mudança para o Brasil e América Latina na Lee Hecht Harrison – LHH, apresentou conselhos valiosos sobre o tema em café da manhã realizado pela Comissão de Controladoria e Contabilidade, nesta terça-feira (19). Os eventos das Comissões Técnicas são patrocinados pela SAP Brasil.
“Esse tema é muito bom para quem está passando por um momento de transição ou não, afinal tudo o que será discutido é aplicável à carreira de qualquer pessoa, neste momento atual. Contar com uma marca pessoal forte e networking bem feito fará a diferença na vida de vocês”, afirmou a líder da Comissão, Tamara Dzule, na abertura do evento.
Tamara acrescentou que o assunto foi sugerido por um dos membros do grupo, Robson Pepe, CFO da LHH, a quem agradeceu pelo apoio e por acreditar na causa.
ÁREA EXCLUSIVA DO ASSOCIADO: Clique aqui para fazer download da apresentação.
As empresas são influenciadas por fatores como globalização, competitividade, novas tecnologias e mudanças demográficas, o que tem gerado implicações também para a carreira. No Brasil, os efeitos das crises política e econômica provocam um número crescente de reestruturações.
Irene Azevedoh afirmou que não é possível para o profissional ter controle sobre as mudanças provocadas por esses processos, mas ele é quem tem o domínio para conduzir sua transição de carreira. “Carreira não é a posição que você ocupa, mas a junção das suas habilidades, experiências e características pessoais”.
Na dinâmica atual, em que os conhecimentos mudam rapidamente, e novas profissões emergem enquanto outras se tornam obsoletas, a boa gestão de carreira evoca um princípio darwiniano: a flexibilidade e a capacidade de adaptação do indivíduo serão decisivas para sua sobrevivência.
A construção de uma marca pessoal chave está no cerne da transformação de carreira, ressaltou Irene. Esse processo exige autoconhecimento e planejamento.
Construindo a marca pessoal – O que é marca pessoal? Jeff Bezos, fundador da Amazon, disse uma vez que é “o que as pessoas falam sobre você quando não está na sala”. Irene afirmou que a marca pessoal não se baseia somente nas experiências e habilidades do profissional, mas principalmente na percepção que ele gera quando as pessoas o conhecem e interagem com ele.
“A sua marca é a atitude que as pessoas captam no ar, mas também é refletida na forma como você se apresenta. É preciso estar atento a quem é o seu público e o que ele valoriza”, observou a especialista.
Para a consultora de carreira, não existe profissional ruim, mas pessoas que não se adaptam à determinada organização. Muitas vezes, um executivo que possui características não valorizadas em uma empresa, pode se dar muito bem em outra companhia. Cabe a ele se perguntar: Onde eu posso fazer a diferença?
“Fora do autoconhecimento, não há salvação” – Organizações investem muito tempo e dinheiro para construir uma marca vencedora. É com a mesma determinação que o executivo deve construir a sua assinatura. O bom marketing pessoal tem como primeiro passo conhecer a si mesmo: fortalezas, áreas para desenvolvimento, paixões que motivam, o seu propósito na vida. “O executivo que conhece a si mesmo é imbatível, pois ao se conhecer, conhecerá o outro. Fora do autoconhecimento, não há salvação”, destacou a consultora.
Qual é a minha estratégia? – Construir a sua marca envolve um raciocínio similar à estratégia de um produto/serviço de sucesso. Aspectos como o produto (quem eu sou), promoção (como eu me ‘vendo’), preço (valor do meu trabalho no mercado), praça (onde atuo/quero atuar) precisam estar alinhados aos objetivos do profissional. Errar na avaliação de um desses fatores, observou Irene, afetará o seu posicionamento no mercado.
Questionar-se é essencial: Qual é a sua marca? Qual ponto você quer enfatizar? Qual a mensagem que deseja passar? Que personalidade gostaria de projetar? Em caso de dúvida, inspire-se em pessoas que você admira.
“O importante é ser autêntico. Você só constrói uma marca quando ela está alinhada a quem você realmente é. Quando o propósito pessoal e o profissional estão em sintonia, é algo milagroso; portas se abrirão, independente da sua idade”, destacou Irene.
Ela fez questão de frisar que o seu propósito, agregar valor à vida das pessoas, não só impulsionou sua carreira como a mantém trabalhando, aos 60 anos de idade.
Networking como ferramenta – Cultivar relacionamentos é indispensável para fortalecer a marcar pessoal. As quatro metas do networking, na visão da especialista, são: fazer com que sua mensagem seja ouvida; reunir informações sobre o mercado; conhecer pessoas de dentro da empresa-alvo; e entrar em contato com tomadores de decisão.
A rede é composta por pessoas que compartilham interesses, valores ou atividades semelhantes (caso dos associados do IBEF SP), e também por todas aquelas que você conhece e com quem se comunica.
Da base ao topo – Para acessar alguém que seja um influenciador ou um recrutador é preciso subir degraus, ou seja, começar se relacionando com quem está na base da sua rede de relacionamento, observou a consultora de carreira. “Inicie pelos seus contatos mais próximos: amigos, parentes e conhecidos; depois, pessoas com quem já se reuniu; e, em seguida, profissionais que você não conhece pessoalmente, mas com quem compartilha uma conexão. Vá subindo cada degrau, até entrar em contato com os tomadores de decisão”.
Mas atenção! Uma boa definição de networking, comentada na ocasião pelo executivo Rogério Menezes, é “a arte de ser interessante sem ser interesseiro”. Sempre que fizer contato com alguém, tenha algo a oferecer, como troca de informações. Você pode manifestar seus objetivos de carreira, mas seja sutil. Não peça indicações de emprego diretamente, especialmente a quem não tem poder de decisão sobre isso.
O poder das redes sociais – Se você ainda não tem um perfil no LinkedIn, está na hora de rever os seus conceitos. Estima-se que 94% das pessoas e das organizações utilizam a rede social para encontrar vagas, fazer processos seletivos ou checar informações, informou Irene Azevedoh. E por que a preferência pelo LinkedIn? “Porque é a ferramenta mais completa para quem está buscando emprego”.
Networking estendido – Outro ponto fundamental é que as redes proporcionam ao executivo um networking estendido, já que você pode encontrar novas conexões por meio das que já possui.
Para imprimir sua marca pessoal nas redes sociais, utilizando-a como uma ferramenta a favor da sua carreira, a especialista destaca quatro ações: curtir (like), compartilhar (share), postar (tweet), comentar (comment) e seguir (follow).
As redes funcionam também como: ferramenta de pesquisa sobre empresas e pessoas, canal para troca de conhecimentos, obter insights e encontrar ou anunciar oportunidades. Irene recomendou que os executivos investissem pelo menos meia hora do seu dia nas redes (o que pode ser feito logo pela manhã).
Dicas úteis – As redes sociais funcionam como vitrines. Essa característica proporciona vantagens imensas, mas seu uso também requer cuidados. Aqui vão algumas dicas de Irene Azevedoh: cuidado com o conteúdo que for postar e as informações que colocar em seu perfil; ao pedir para entrar na rede de alguém, envie uma mensagem pessoal; e seja discreto no Facebook.
Com relação ao LinkedIn, explore o potencial da rede para pesquisas sobre empresas e vagas; coloque no título e nas informações do seu perfil palavras-chaves sobre o cargo almejado (isso facilita que você seja encontrado nas buscas); utilize seus contatos para chegar ao próximo nível de conexões; e crie relacionamentos com quem poderá ser útil.
Mais algumas sugestões: Pesquise a reputação das empresas na internet (existem sites específicos para isso, como Glassdoor e LoveMondays). E, por fim, não deixe de checar a sua: veja o que aparece quando digita o seu nome nos mecanismos de busca do Google. (Reportagem: Débora Soares)