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CARREIRA
Por Ricardo Rocha, gerente executivo da Michael Page.
O trabalho temporário ou interino está crescendo e ganhando relevância no mercado brasileiro. Bastante comuns e bem difundidas na Europa, posições temporárias e gestões interinas estão mais abrangentes e diversificadas, o que permite a inserção destes profissionais em quase todos os segmentos de negócios.
A área de finanças, por exemplo, é uma das mais aquecidas para uma posição temporária, principalmente em posições de contabilidade, controladoria e auditoria interna, dado o cenário atual de foco em melhoria de controles, processos e compliance.
Uma pesquisa global recente da consultoria Page Interim, especializada em terceirizados e temporários, indica que 21% dos profissionais contratados entre janeiro e março deste ano foram para atuar em posições interinas de finanças. Deste total, 70% trabalham no estado de São Paulo e 25% no Rio de Janeiro.
Outro dado relevante do levantamento mostra que o nível de qualificação desse público é elevado. Quase metade dos gerentes interinos possui um diploma de mestrado ou MBA. As vagas financeiras disponíveis, além de pedir conhecimentos específicos da área, exigem também pré-requisitos e noções de contabilidade.
Engana-se quem pensa que os perfis exigidos são flexibilizados para posições temporárias, já que as empresas querem manter o padrão de qualificação e habilidades dos times já existentes, até para facilitar a adaptação. Por isso, é importante que o profissional possua uma ampla formação acadêmica e sólidas experiências profissionais, mesmo em cadeiras interinas.
Com um grande contingente de profissionais qualificados que estão disponíveis no mercado, o trabalho temporário surge como uma alternativa para manter estes executivos ativos, e muitas vezes, abrindo uma porta para uma recolocação permanente (em aproximadamente 70% dos casos, os profissionais acabam sendo efetivados). Outro fator que impulsiona este tipo de contratação são as diretrizes corporativas globais de hiring freeze, dado o momento complicado de economia.
Há diversas vantagens que podem agregar à carreira do executivo ao aceitar uma posição temporária, como a expansão do networking, trabalho em equipe, além de exercitar a versatilidade técnica para adequar-se aos diferentes aspectos e fases do projeto.
No entanto, esse profissional também pode ser mais pressionado pelas lideranças para atingir resultados de curto prazo, visto que há um período especifico para o desdobramento das ações, o que não deixa de ser uma oportunidade para ser testado e mostrar suas competências.
Por fim, falando do ponto de vista de gestores e líderes, há um desafio interessante também no que tange à integração destes profissionais na estrutura, desde questões técnicas até adaptação a cultura organizacional, e também um papel fundamental no desenvolvimento de competências que preparem estes profissionais para assumir as posições efetivas no futuro.
Os maiores exemplos de insucesso em casos de profissionais temporários decorrem de gestão inadequada, e não da falta de competências e habilidades necessárias à função.