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Profissional e empresa: como alcançar uma união feliz?

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Reflexão sobre carreira deve começar pela pergunta: os valores da organização em que eu trabalho estão alinhados com os meus valores pessoais?

As relações no mundo corporativo estiveram em foco nas discussões do segundo encontro de mentoring do IBEF Jovem com Simone Borsato, CFO da Elektro, organização eleita pela sexta vez como a melhor empresa para trabalhar no Brasil. A Elektro é a terceira maior distribuidora de energia elétrica do estado de São Paulo e a oitava maior do País.

Valores compatíveis – “Você conhece os valores da companhia para a qual você trabalha?”, questionou a CFO no início do bate-papo com os jovens executivos. Entender os valores da empresa para a qual está trabalhando (ou pretende trabalhar) – informação que às vezes pode ser negligenciada pelo profissional – consiste na verdade em fator muito importante para as decisões de carreira, alertou Simone Borsato.

Participantes do segundo mentoring com Simone Borsato

Para a executiva, a reflexão sobre carreira deve começar por esta pergunta: “os valores da organização em que eu trabalho estão alinhados com os meus valores pessoais?”.

A importância da questão é porque quando o profissional consegue conectar os valores da companhia aos seus próprios, ele vive em um ambiente muito mais propício para o seu crescimento, disse a CFO, que atua há 13 anos na Elektro. “Se o profissional compartilhar os mesmos valores da organização, ele se sentirá em casa, potencializando suas chances de desenvolvimento.”

Caso contrário, se o profissional identificar que esses valores são dissonantes, se sentirá como estranho no ninho – e aí pode ser o momento de levantar voo.

Leitura de ambiente – Contudo, em uma organização não existem apenas os valores que estão “escritos na parede”, existem também os valores que não estão declarados, e que são igualmente importantes e precisam ser identificados. “Essa é uma questão muito sutil, pois existem regras que não estão escritas e caberá ao executivo ler o ambiente”, observou a CFO.

Ler o ambiente da empresa é habilidade que deve ser cultivada pelo executivo, observa Simone

Conseguir fazer essa leitura do ambiente é uma qualidade muito importante para o profissional, destacou Simone, e que pode ser o diferencial entre ter sucesso ou não na organização. Esta qualidade consiste em, por exemplo, identificar como acontece o processo decisório e como o poder está distribuído dentro da organização.

Os profissionais que estão por um longo período na mesma empresa podem sentir que alguns dos valores da companhia mudaram com o tempo. Contudo, isso não é incomum, observou a CFO. “A cultura da empresa pode mudar porque as pessoas mudam, e as pessoas é que fazem a organização. Elas evoluem e precisam se adaptar a novas realidades ao longo do tempo”.

Habilidade de comunicação – Outra soft skill que deve ser cultivada pelo profissional no desenvolvimento da carreira é a habilidade de comunicação com seu gestor imediato. Simone explicou que isso passa por conhecer como o seu líder “funciona” – sua maneira de pensar, seus motivadores, os temas que ele tem mais ou menos afinidade, as atitudes que valoriza, etc.

“Reclamar do chefe não resolve a situação, é preciso trabalhar a assertividade dessa comunicação”

“Reclamar do chefe não resolve a situação, você precisa trabalhar a assertividade dessa comunicação, e para isso precisa entender e se adequar ao modelo dele”, afirmou a CFO.

Se o chefe é impaciente e tem pouco tempo, por exemplo, o profissional que chegar à reunião com uma lista imensa de itens para discussão provavelmente terá pouca efetividade na abordagem, correndo o risco de ver sua conversa interrompida na metade. Nesse caso, o ideal é priorizar e focar em poucos itens.

Às vezes as pessoas resistem em mudar a forma de se relacionar com o chefe, levando isso para o lado pessoal (“mas esse é o meu jeito!”), observou Simone. Por isso é importante diferenciar: uma coisa são os princípios e valores, que são pessoais, outra é simplesmente adaptar a comunicação ao seu interlocutor.

“É uma questão de adaptação: encontrar uma forma de se adequar a um novo ambiente ou um novo líder para ser mais efetivo. Você não deve mudar os seus valores nem os seus princípios, mas apenas a maneira de se comunicar”, orientou a CFO.

Encontrar um propósito – Outro aspecto fundamental para sucesso na carreira é encontrar um propósito naquilo que você faz, destacou Simone. “Por que vocês levantam todos os dias pela manhã e vão trabalhar? Não pode ser apenas para ter um emprego e receber um salário”, sublinhou. “Você precisa refletir sobre qual legado gostaria de deixar na vida. E isso não precisa ser algo fora do comum: é o que você gostaria de deixar como sua ‘marca’, como gostaria que as pessoas lembrassem de você”.

Simone: Ter paixão pelo que se faz é algo muito poderoso

A CFO destacou ainda que encontrar um propósito, além de alavancar o desempenho do profissional, também pode ajudá-lo a superar momentos de turbulência. “Ter um propósito é algo muito importante porque te ajuda a ver o fim desde o começo. É também algo poderoso para enfrentar as dificuldades que aparecerão pelo caminho, ao longo da carreira. Há uma frase que gosto muito: quem tem um porquê, enfrenta qualquer ‘como’!”.

“Conheço pessoas que passaram pela vida sem pensar nisso, e hoje estão infelizes no trabalho. Você passa a maior parte do tempo da sua vida trabalhando, se não fizer o que gosta, estará se flagelando. Ter paixão pelo que se faz é muito poderoso, reconhecimento e remuneração vem a reboque”, enfatizou a CFO.

Simone convidou os mentorados a fazerem uma reflexão sobre qual o propósito de suas vidas. Não existe limite de idade para pensar nisso, mas quanto mais cedo, melhor. “Qual o seu sonho? O que te move? Você tem que começar a planejar e a pensar nisso hoje mesmo”.

Como lição de casa, além da reflexão sobre o propósito, a CFO pediu aos pupilos para fazerem um exercício relacionado à construção da marca pessoal. Para isso, devem identificar seus pontos fortes e os pontos que devem aprimorar em si mesmos. Em seguida, deverão traçar uma rota de ação para endereçar cada um dos pontos, de forma a valorizar as fortalezas e diminuir os gaps pessoais.

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: IBEF SP)

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