Para associados / Portal

Somos o maior Instituto de Finanças do Brasil

Mesa-redonda: Importância dos Títulos Verdes

Getting your Trinity Audio player ready...

Até 2020 os green bonds poderão movimentar 1 trilhão de dólares no mundo

A emissão de títulos verdes surge como opção para as empresas nacionais acessarem os recursos de grandes investidores internacionais e nacionais, hoje mais restritos em função da perda do investiment grade do País. O instrumento foi tema da mesa-redonda “Debate sobre a importância dos Títulos Verdes (Green Bonds)”, realizada nesta quinta-feira (10), pela Comissão de Instituições Financeiras em conjunto com o IBEF Mulher.  O evento teve patrocínio da SAP.

Responsável por movimentar 64,4 bilhões de dólares apenas neste ano, o mercado de títulos verdes foi apresentado por Justine Leigh-Bell, diretora de desenvolvimento de mercados da Climate Bonds Initiative. A organização global sem fins lucrativos, com sede em Londres, atua em prol da mobilização de recursos no mercado de capitais para questões climáticas.

ÁREA EXCLUSIVA DO ASSOCIADO: Clique aqui para acessar a apresentação deste evento!

Justine Leigh-Bell, diretora de desenvolvimento de mercados da Climate Bonds Initiative

Mercado trilionário – Os green bonds são títulos de dívida emitidos para financiar projetos que visam a mitigação ou adaptação às mudanças climáticas. Até 2020 esses instrumentos movimentarão 1 trilhão de dólares no mundo, projeta a Climate Bonds Initiative.

Empresas brasileiras já emitiram 1,05 bilhão de dólares em títulos verdes no mercado internacional. Outros países estão mais avançados no uso deste instrumento: nos Estados Unidos, este mercado representa em dólares 24,8 bilhões; na França, 15,6 bi; e na China 14,4 bi.

Oportunidade brasileira – O maior desafio para que os títulos verdes ganhem maior escala está relacionado ao conhecimento: fazer com que mais empresas e investidores se conscientizem sobre esta iniciativa, especialmente nos países emergentes.

“Ainda existe desconhecimento sobre os títulos verdes no Brasil, o que pode ser barreira para que mais emissões aconteçam”, observou Maria José Cury, líder da Comissão de Instituições Financeiras. No País, já aconteceram duas emissões externas de títulos verdes: em 2015, a BRF captou 500 milhões de euros; em 2016, a Suzano Papel e Celulose auferiu 500 milhões de dólares com o instrumento.

Participantes da mesa-redonda esclareceram dúvidas

Justine Leigh-Bell destacou as vantagens competitivas e o grande potencial do País para assumir uma posição de liderança no mercado de títulos verdes. Especialmente, considerando a grande necessidade brasileira de financiamento em infraestrutura, e a vocação para projetos ligados à gestão sustentável de recursos naturais. “A partir de 2017 esse mercado deverá acelerar no País”, afirmou a diretora.

Segundo a Climate Bonds Initiative, os títulos que possuem algum tipo de relação com as questões climáticas (incluindo os não identificados como títulos verdes) movimentam cerca de 2,4 bilhões de dólares no Brasil, sendo que sua maior concentração está nos setores de transporte (54%) e energia (23%).

Atração de investidores – No dia 8 de dezembro, antecipou Justine, acontecerá o evento “Brasil Investor Roadshow” na London Stock Exchange. Na oportunidade, investidores globais e representantes de instituições financeiras e governos terão a oportunidade de conhecer os projetos verdes no País, as políticas locais de apoio, e as oportunidades que se adequam aos diferentes perfis de investidores.

Maria José Cury, líder da Comissão de Instituições Financeiras do IBEF SP

Em solo brasileiro, outras iniciativas para fomentar este mercado estão em curso, como a Declaração de Investidores sobre Títulos Verdes (da qual são signatários seis investidores locais, que representam 1,61 trilhão de reais sob gestão) e a constituição do Conselho de Desenvolvimento de Mercado.

O Conselho iniciou suas atividades em setembro de 2016 e possui um objetivo estratégico: desenvolver soluções, políticas e mecanismos de mercado a fim de catalisar oportunidades para investimentos verdes no Brasil. O órgão já reúne 25 representantes de alto nível de bancos públicos, bancos privados, fundos de pensão, seguradoras, associações do mercado e setores produtivos-chave, tais como agricultura, floresta e energia.

Sem complicação – Os títulos verdes se comportam como qualquer outro título regular, explicou Justine. A principal diferença está no fato de que o emissor declara publicamente o objetivo único de financiar projetos com atributos verdes ou que mitiguem as mudanças climáticas (climate bonds). Assim, os green bonds são definidos pela destinação dos recursos captados, e não pelo tipo de atividade-chave do emissor.

Além disso, esses títulos contam com padrões internacionais de avaliação, certificação, acompanhamento de desempenho, reporte e transparência, o que é muito bem visto pelos investidores.

No dia 8 de dezembro acontecerá o evento “Brasil Investor Roadshow” na London Stock Exchange

Principais benefícios – Para a empresa emissora, ainda que não sejam visíveis as vantagens de preço e custo comparadas a títulos regulares, o principal benefício de utilizar os títulos verdes como instrumento de financiamento está na possibilidade de diversificar e aumentar o acesso da organização a investidores.

Somam-se ainda como aspectos positivos: o engajamento de investidores responsáveis (fundos de longo prazo), a alta demanda destes por títulos verdes (que pode levar à redução do spread), os fortes ganhos de imagem e reputação para a empresa emissora, além do alinhamento dos esforços de sustentabilidade com seu financiamento.

Além disso, casos internacionais apontam que os títulos verdes tendem a ser mais resilientes que os regulares em momentos de volatilidade do mercado.

Vantagens para investidores – Já na ponta de quem compra, os benefícios estão no rigor dos padrões internacionais de aprovação e de certificação de operações com títulos verdes – validando projetos bem estruturados, o que reduz a exposição ao risco.

A estrutura, rating de crédito e pricing destes títulos são idênticos aos convencionais (não-verdes), sendo que o grande diferencial é o fato de estarem declaradamente ligados a projetos sustentáveis. Ademais, os títulos são negociados a um pequeno prêmio no mercado secundário (internacional), e o investidor se beneficia da reputação reforçada e o maior engajamento junto às companhias emissoras em temas de longo prazo.

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares/IBEF SP)

Para Associados

Para ter acesso ao demais conteúdos, você precisa ser Associado IBEF-SP

Pular para o conteúdo