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Como evitar a “equação do erro” nas decisões

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Um time de CFOs de grandes empresas foi convidado a debater o tema no evento

Más decisões são tomadas pelas empresas todos os dias, de incontáveis maneiras. Seja por objetivos indefinidos, interesses que se sobrepõem, premissas ruins, falta de tempo, informações insuficientes ou simplesmente falta de talento. Mas sabemos o que de fato importa? Investimos o tempo correto nas decisões que importam? Provocamos os temas que importam? E como evitar erros na tomada de decisão?

Tamara Dzule, líder da Comissão Controladoria e Contabilidade

Essas são perguntas provocativas e que não possuem respostas prontas, destacou Tamara Dzule, líder da Comissão de Controladoria e Contabilidade, na abertura do seminário “O que de fato importa e como evitar a ‘equação do erro’ nas decisões”, realizado na última quinta-feira, na sede do IBEF SP.

Um time de CFOs de grandes empresas foi convidado a responder estas questões no evento, que fechou com sucesso a agenda de realizações da Comissão no ano. O seminário foi patrocinado SAP.

“As empresas conseguem identificar o que é importante para a tomada de decisão?”, questionou o moderador do debate Marcelo Giugliano, líder de finanças para o Brasil da Amazon, e membro da Comissão de Controladoria do IBEF SP. O executivo acrescentou que o CFO cada vez mais influencia o processo de tomada de decisão do negócio, sendo visto como business partner.

Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil

Luis Carlos Cerresi, CFO do Walmart.com, afirmou que momentos de crise são oportunidades para o CFO ganhar mais voz ativa na tomada de decisão, trazendo à mesa temas que até então não eram vistos com relevância pela organização. “Esses momentos são propícios para que essas discussões sejam realizadas na empresa e para trazer senso de prioridade às decisões”, afirmou Cerresi, sobre a oportunidade de também permear na empresa a cultura financeira.

O maior desafio do processo decisório é entender primeiro qual é a pergunta que deve ser feita, afirmou Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil. “Às vezes o mais importante não é a decisão em si, mas o processo de discussão que resultará nela”.

Luis Carlos Cerresi, CFO do Walmart.com

importância das soft skills – Serafim de Abreu, CFO da IBM Brasil, reforçou que o momento de crise provoca as empresas a terem uma postura menos fechada e a olharem o mercado de fora para dentro. Abreu destacou também a importância das soft skills, como a capacidade interpessoal do CFO em influenciar os diferentes stakeholders, sendo apoiado por ferramentas analíticas e dados para demonstrar que o caminho proposto faz sentido.

A equação da decisão possui três pontos importantes, destacou Fabio Marchiori, CFO da Mondelez: 1) Os corretos dados do input – identificar quais são as variáveis mais importantes para a decisão; 2) O processo para identificar essas variáveis, em um Mundo VICA – sigla que corresponde ao contexto atual de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade; 3) A capacidade de discernimento do executivo para identificar as variáveis certas, ao mesmo tempo em que precisa lidar com um mix de emoções envolvidas na decisão.

Como fazer assuntos relevantes emergirem – Para exemplificar como as emoções podem influenciar a tomada de decisão, Serafim de Abreu citou um exemplo simples e pessoal: mesmo sendo um surfista experiente (pratica o esporte há 30 anos), a emoção de finalmente estar no mar, após se frustrar com dias seguidos de mau tempo no Rio de Janeiro, acabou “nublando” a racionalidade da experiência. Assim, ficou mais tempo no mar do que deveria e, como resultado, teve diversas queimaduras solares.

Serafim de Abreu, CFO da IBM Brasil

Trazendo a lição para o contexto corporativo, Abreu destacou a importância das soft skills para um CFO, e a capacidade de equilibrar as emoções sob pressão. “No momento em que você adentra a empresa, deve ter a postura o mais balanceada possível para analisar as decisões”, disse Abreu. “E para decidir rápido. Ás vezes uma decisão demorada pode gerar consequências piores do que uma decisão equivocada”.

Paulo Mendes reforçou que as ferramentas tecnológicas colaboram para agilizar o processo de tomada de decisão, mas as soft skills são diferenciais para a maior assertividade. O tema é tão relevante, observou Mendes, que sua empresa direcionou o orçamento do ano inteiro de treinamento do time de finanças e administração para o aprimoramento dessas habilidades.

Fabio Marchiori, CFO da Mondelez

Diversidade de pensamento – As decisões são tomadas cada vez mais rápido nas empresas, acrescentou Fabio Marchiori, ressaltando o impacto das transformações tecnológicas na velocidade e no acesso às informações. “Muitas vezes os fóruns para a tomada de decisão viram fóruns para justificar a decisão – porque esta já foi feita”. Marchiori destacou ainda a importância do conceito de “thinkversity”, ou seja, de esses fóruns trazerem sobretudo a diversidade de pensamento para as discussões.

Sobre a importância dos fóruns para a tomada de decisão, Luis Carlos Cerresi citou um caso de sucesso do próprio Walmart. A empresa possui três fóruns de discussão sobre Produto, Vendas e Governança, espaços que colocam os líderes das diferentes áreas da empresa (finanças, TI, comercial, etc.) para conversar, entender o mercado, e tomar decisões estratégicas de forma conjunta. “Essa malha de comunicação nos ajuda a navegar com mais segurança na ambiguidade, permitindo tomar decisões de maneira coletiva e com maior assertividade”.

Marcelo Giugliano, líder de finanças para Brasil da Amazon

Como evitar a equação do erro? Paulo Mendes ressaltou que o pior elemento para a equação do erro é a falta de confiança das lideranças na decisão que foi tomada. Outro aspecto crucial é a forma como esta decisão será comunicada ao restante da empresa. “Comunicar uma decisão correta de forma equivocada pode gerar resultados tão ruins quanto tomar uma má decisão”, ressaltou Mendes.

Para Fabio Marchiori, a pior vertente de erro para uma decisão é o executivo pensar que pode replicar o passado no futuro. “É a influência do viés da antiguidade, do ‘eu sei, já fiz isso’, na tomada de decisão”, apontou o CFO.

“É necessário ter o discernimento de que não se pode dar o mesmo ‘remédio’ para diferentes enfermidades”, completou Serafim de Abreu, observando que o CFO deve ter o discernimento sobre como dosar as ações e sua comunicação com os diferentes públicos em decisões que impactam várias unidades de negócio.

 

Fernando Lewis, vice-presidente sênior de S/4 Hana Business

MOMENTO SAP – Fernando Lewis, vice-presidente sênior de S/4 Hana Business Development, apresentou as principais tendências dos novos modelos de negócios orientados pela tecnologia digital, seus impactos na função financeira, e as aplicações da plataforma integrada S/4 Hana para apoiar a tomada de decisão dos CFOs.

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)

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