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Especialistas debateram o cenário da gestão de CSCs e o que vem ganhando força nesse modelo.
O Centro de Serviços Compartilhados é uma ferramenta importante de gestão que traz redução de custos, otimização de processos e melhoria da qualidade de serviços. Mas em que direção caminha esse mercado no Brasil? O seminário “Melhores Práticas e Tendências na Gestão de CSCs”, realizado em 28 de novembro pela Comissão Técnica de CSC do IBEF SP, abordou os rumos da gestão de centros de serviços compartilhados e como esse instrumento pode ser considerado um parceiro estratégico do negócio.
A primeira parte do evento contou com palestras de três especialistas no tema: Igor Soares Fernandes, que apresentou a CCR Actua – o CSC das unidades de negócios do Grupo CCR; Luciana Medeiros, sócia líder de consultoria da PwC Brasil; e Eden Paz, diretor vice-presidente da Associação Brasileira de Serviços Compartilhados (ABSC).
Digitalização e novos modelos de negócio – Luciana Medeiros apresentou uma pesquisa feita pela PwC com as principais descobertas e tendências globais em CSCs. Segundo a consultora, a digitalização e os novos modelos têm ganhado força no negócio de Serviços Compartilhados. Um dos aspectos é a melhoria contínua, que ainda tem muito potencial para crescer, já que as empresas, de modo geral, não estão investindo em metodologias de forma efetiva para obter uma área específica nos CSCs. “A melhoria contínua dentro do CSC leva a uma eficiência maior dos processos”, comentou.
Luciana alertou para a relevância das startups, que vêm apresentando grandes ideias e ferramentas para otimização. “Escutem as startups. Tem bastante ferramenta trazendo redução de custos, flexibilidade e eficiência para os CSCs”, disse.
Processos analíticos – A ABSC também realizou um estudo para analisar o cenário de CSCs no Brasil e destacou, de acordo com o diretor Eden Paz, como tendência no mercado a incorporação de processos de cunho analítico no CSC. Exemplo disso é a inclusão de mais valor para a organização; maior controle das informações, padronização e maior agilidade das respostas; e a obtenção de informações de toda a empresa que contribuam para a otimização.
Ao final da palestra, Eden Paz comentou sobre a importância do CSCs acompanharem a tecnologia e trabalharem também outras vertentes. “O desafio é enorme. A gente precisa tornar o CSC produtivo e integrado”, afirmou. O diretor defendeu que é preciso olhar não só para a questão financeira, mas para todas as áreas.
Dificuldades e tendências – Já na segunda parte do seminário foi realizado um debate com a participação de Daniel Levy, CFO e Vice Presidente Executivo IBEF SP; Eden Paz e Mônica Pinto, Gestora de Administração e Finanças do Grupo CCR. A conversa foi moderada por Marcos Leitão, líder da Comissão de CSC e gerente sênior do CSC da Johnson & Jonhson.
Quando perguntado sobre quais os principais obstáculos de um CFO em relação ao modelo de CSCs, Daniel Levy apontou para os casos em que a gestão de mudança é mal feita ou quando não há entendimento da função específica e estratégica de um CSC. “A gestão de mudança de um CSC é muito mais profunda, principalmente a transição de uma área para a outra. Ela é praticamente a destruição de um mundo e a criação de outro. Ou seja, em um mundo de serviços o que era secundário passa a ser principal”.
O processo de melhoria contínua também foi tratado no debate. Eden Paz citou casos em que o CSC estabelece uma facilitador em cada uma das áreas da empresa para se dedicar a esse processo, o contribui para a mudança de cultura. “Uma outra forma de melhoria contínua que vejo com bastante frequência são programas de sugestões com algum tipo de incentivo, como financeiro ou outro”, indicou.
“Eu não acredito em melhoria contínua com uma só pessoa pensando, mas uma pessoa como agente transformador da cultura da empresa”, opinou Daniel Levy. Para o executivo, buscar novas maneiras de realizar as mesmas tarefas, de forma mais interessante e eficiente, por exemplo, é o grande desafio da gestão da mudança.
Tecnologia e processos – Aplicar pequenas iniciativas sugeridas por funcionários é uma das soluções encontradas na CCR para levar tecnologia aos processos, segundo Mônica Pinto. Utilizar automação para fazer o pagamento de contas públicas e aderir à assinatura digital em contratos foram duas ações nesse sentido. “Nessas pequenas iniciativas, a gente está conseguindo repensar. Achamos interessante investir em ideias que as pessoas trazem para a companhia”, explicou a gestora.
Para Daniel Levy, hoje é muito importante, considerando as diferenças entre os negócios, ter um CSC como plataforma de aquisição de companhias. “Olhando um pouco para trás, a gente vê o quão ineficiente era a integração dessas novas aquisições no modelo operacional normal – o que levava a uma perda de valor muito grande nesse processo”, comentou.
Eden Paz acredita que, em um horizonte de 7 a 10 anos, haverá muito mais robotização nas tomadas de decisão, mesmo aquelas consideradas analíticas. Entretanto, para o diretor, antes de procurar saber quais serão as ferramentas do futuro, o primeiro desafio é utilizar o que já está disponível em termos de tecnologia.
(Reportagem: Liana Sampaio / Fotos: Mario Palhares)