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Apesar da grande incógnita que o cenário político de 2018 representa, diversos setores econômicos apresentam sinais de recuperação e perspectiva positiva para o próximo ano.
O panorama setorial foi compartilhado pelos membros da Diretoria Vogal, em almoço realizado na última sexta-feira (22). O evento foi patrocinado pelo Banco Alfa de Investimentos. Rogério Menezes, 1° vice-presidente do IBEF SP, comandou a rodada setorial com os executivos.
Investimentos: contribuição chinesa – Aury Luiz Ermel, executivo do China Construction Bank, destacou números representativos dos investimentos orientais no Brasil. Apenas em 2016, as transações de importações e exportações entre os dois países totalizaram 58,5 bilhões de dólares. No mesmo ano, foram concretizados, 8,4 bilhões de investimentos diretos chineses no Brasil.
Comércio, mineração, eletrônica e bens de transformação estão entre os principais setores investidos. Para o cenário econômico brasileiro futuro, a perspectiva é positiva com taxa de juros baixa, inflação e câmbio controlados.
Energia: movimento de reorganização – O cenário hidrológico para o setor elétrico permanece desafiador. O alerta vem dos reservatórios que poderão ficar em níveis abaixo de 15% nos meses de novembro e dezembro, enquanto os preços de energia já se encontram bastante elevados, observou Britaldo Soares, presidente do Conselho de Administração da AES Tietê e da AES Eletropaulo.
O setor se prepara para uma grande reorganização, vista pelas empresas como movimento bastante positivo, tendo o Governo realizado em agosto audiência pública para dialogar sobre o tema.
Seguros: mercado em recuperação – O mercado de seguros em geral acumulou crescimento de 7% até maio de 2017, de acordo com dados da Susep, informou Cristiano Furtado, diretor financeiro da Assurant. A expectativa do setor é de recuperação em 2017, fechando o ano com crescimento nominal no patamar de 9 a 11%, beneficiado pelo ciclo de retomada da atividade econômica.
Valentin Alvarez, CFO da Swiss Re para a América Latina, confirmou os efeitos benéficos gerados pela retomada da para o mercado de seguros. Observou ainda que o mercado tende a ajustar a relação que há entre a variação das taxas de juros e os preços dos produtos do setor.
Aviação: cenário externo favorável – A recuperação do crescimento registrada em várias potências globais pode indicar uma combinação virtuosa de fatores no plano internacional, observou José Antonio Filippo, CF
O da Embraer. No Brasil, a retomada da economia tem reflexo favorável para os negócios externos.
O executivo destacou os investimentos da empresa em inovação, e o recente acordo com a Uber para desenvolver um sistema para tráfego de veículos elétricos aéreos, modelo que deve iniciar operação em caráter experimental em 2020.
Engenharia: perspectiva de recuperação – Após ser impactado pela crise política e dois anos de recessão econômica, o setor tem perspectiva positiva de retomada e já sente um segundo semestre mais positivo, observou Daniel Godoy, diretor administrativo financeiro da Ch2M Hill.
O mercado mostra-se mais agressivo, com a entrada de novos players, e nota-se pressão por preços menores e alongamento de prazo de pagamento. Os investimentos internacionais no setor, sobretud
o chineses e europeus, voltaram a crescer. Percebe-se maior preocupação por parte dos investidores internacionais com o impacto das questões socioambientais nos negócios.
Bebidas: perspectiva positiva – Em um cenário de forte pressão por preços, as indústrias do segmento de bebidas destiladas vislumbram uma recuperação mais forte do mercado a partir de 2018, notou Juan Carlos Alonso, CFO da Pernod Ricard.
O mercado aposta na venda de produtos em tamanhos menores, para dar aos consumidores alternativas que estimulem o consumo de bons produtos, desembolsando menos. Outra tendência observada pelo setor é o aumento de consumo de bebidas em casa. O principal produto que puxa o crescimento da categoria é o gim, que avança em ritmo de 40% ao ano.
Meios de pagamento: mercado atento às tendências tecnológicas – Inteligência artificial, blockchain e big data estão entre as três grandes preocupações da indústria relacionadas à tecnologia, observou Glaucio Barros, CFO da NCR Brasil.
O impacto dessa onda de inovação sobre o mercado e as profissões tem despertado a atenção de CIO e CFOs, do ponto de vista da estratégia de negócio. Atentas a isso, já se percebe várias empresas que não são da área de tecnologia abrindo suas próprias células de inovação, internamente, e investindo em startups.
Silicones industriais: mercado em expansão – O Brasil tem 7% de participação nesse mercado em nível mundial, observou Marcos Alves, diretor financeiro da Bluestar, que trouxe informações gerais sobre o segmento.
O mercado de silicones para aplicações para industriais tem crescido, historicamente, em ritmo quatro vezes superior ao do PIB brasileiro, notou o executivo. Os únicos anos em que foi observada queda no consumo foram em 2015 e 2016. Contudo, já se percebe a volta do crescimento em 2017, e a expectativa é que seja impulsionado no próximo ano, acompanhando a retomada da economia.
Ração e saúde animal: sinais de recuperação – após ser impactado pela redução do consumo e aumento de custos com matéria-prima e crédito no ano passado, e o comprometimento de exportações em função da repercussão da Operação Carne Fraca, no início de 2017, o mercado sente um segundo semestre mais positivo, observou Martiniano Braga, diretor financeiro da Novus para a América Latina.
A melhora dos dados econômicos e a super safra de grãos contribuíram para a recuperação desse mercado, em que o Brasil é um player com posição privilegiada no mundo.
TI: recuperação de postos de trabalho – O mês de julho foi o primeiro no ano em que a geração de empregos líquida no mercado de tecnologia da informação mostrou-se positiva, informou Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil. A previsão de crescimento para o setor é de 2% a 3% em 2017.
O executivo da IBM Brasil, Felippe Melo, notou que em ritmo normal o mercado de tecnologia cresce de 2% a 3% acima do PIB, pois é visto como caminho para gerar eficiência e criar novos modelos de negócios. Melo citou as três maiores tendências tecnológicas atualmente: uso de inteligência artificial; blockchain; e segurança da informação.
Biotecnologia: desafios para investimentos – A perspectiva do mercado de saúde para doenças raras foi comentada por Samuel Suart, diretor financeiro da Biogen para a América Latina.
A dificuldade de acesso a medicamentos para doenças raras na rede pública gera problemas ao setor, que vê o crescimento dessa demanda via ações judiciais. O mercado também tem sido impactado pela maior restrição do direcionamento de recursos governamentais. Novas tecnologias e medicamentos desenvolvidos pelo setor, juntamente com as parcerias feitas pelo governo e judiciário abrem uma perspectiva mais positiva para o mercado.
O presidente do Conselho de Administração do IBEF SP, Luis Felipe Schiriak, realizou o encerramento do almoço. ¨Vamos torcer para que a tendência positiva de recuperação continue ao longo do ano¨, concluiu.
Certificação para CFOs
O IBEF SP lançará uma certificação para CFOs, a ser anunciada no 47th IAFEI World Congress, informou Luiz Roberto Calado, vice-presidente de relações institucionais do Instituto.
Apoio para as empresas
¨Mesmo no atual cenário politico e econômico, o Banco Alfa continua atuando fortemente. Nossa parceria com o IBEF SP mostra esse interesse em olhar o Brasil para frente e de ser um player importante apoiando as empresas que fazem parte do Instituto¨, destaca Augusto Martins, diretor do Banco Alfa de Investimentos. ¨É uma honra participar da Diretoria Vogal, órgão que contribui muito para a discussão do nosso segmento.¨
(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)