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O executivo foi o convidado do programa de mentoring do IBEF Jovem, em encontro realizado em 16 de novembro. Atualmente, Pinchetti é CFO para América Latina da Helm AG, multinacional alemã que fabrica produtos para indústria farmacêutica, química, fertilizantes e defensivos agrícolas.
O primeiro emprego de Cristiano foi com pesquisa de campo, para pagar suas contas durante a faculdade de administração cursada à noite. Investiu em um curso de formação para corretor da Bolsa de Valores, e começou a trabalhar no mercado financeiro, ainda na época do pregão com telefones sem fio. Depois tornou-se analista do Citi Bank. Grande parte de sua carreira em finanças corporativas construiu na Monsanto, onde trabalhou por mais de 12 anos: entrou como estagiário e saiu como gerente sênior de estratégia de crédito, tesouraria e barter. Antes de ingressar na Helm, foi COO na Credigy e diretor financeiro da Nextel.
O executivo compartilhou com o IBEF Jovem os principais aprendizados que o ajudaram a ter uma carreira bem-sucedida. Confira:
1) Defina metas para você mais agressivas do que as que o seu gestor lhe deu, e entregue! “Se você quer que algo dê certo, defina a sua própria meta. Não é seu chefe, mas você quem precisa estabelecer seu objetivo”, destacou o CFO, ao citar o ensinamento aprendido com um de seus mentores. “Se a sua meta estiver sempre acima da definida pela empresa, você terá mais chances de sucesso.”
2) Encontre e defina seus coaches para a carreira e a vida. Com o tempo, alguns serão substituídos. Pinchetti ressaltou que os mentores podem ser pessoas de diversas naturezas, que conhecem você sob prismas diferentes. Um coach importante na sua juventude foi o pai de um amigo com quem costumava conversar informalmente, após as partidas de tênis. Outra pessoa em que se espelhou é Maurício Rodrigues, atual CFO da Monsanto para a América do Sul. “Admiro sua história de vida, é uma pessoa com maturidade muito grande. Quando eu trabalhava na Monsanto, ele sempre me orientou nos momentos de ansiedade típicos da juventude.”
3) Esteja preparado, tome decisões difíceis e conviva com elas tranquilamente. Pinchetti aconselhou os profissionais a estudarem sempre. “Você não precisa saber tudo, ninguém sabe. Mas no mínimo deve saber onde buscar o conhecimento que você precisa”. Essa determinação o ajudou em diversos momentos da carreira. Em especial, quando foi expatriado para a Suíça, com a missão de liderar a tesouraria internacional da Monsanto. Ter consciência de que precisaria aprender coisas novas e humildade para buscar esse conhecimento junto a outros profissionais foi essencial para superar os desafios do choque cultural e do processo de adaptação no novo país.
“Minha carreira não foi só de sucessos. Como todo mundo, sofri alguns retrocessos e caí do pedestal”, observou o executivo. Um exemplo citado foi do início de sua carreira, quando era corretor na Bolsa. Ganhou bastante dinheiro com as transações, mas o excesso de confiança o levou a perder quase tudo. “Aumentei as apostas e o risco, e perdi muito dinheiro. Foi um baque grande, mas que gerou um aprendizado importante na juventude. Os revezes fazem parte da vida.”
4) 50% do seu sucesso depende da sua entrega…. Os outros 50% do que as pessoas acham que você entregou. Pinchetti disse que já viu os dois extremos em profissionais com os quais trabalhou: o que foca na entrega e deixa os outros aparecerem – tornando-se invisível para os gestores; e o que foca em aparecer e entrega pouco. “Já vi bons profissionais que não atingiram todo seu potencial por esse motivo. Se trabalhar só um dos lados, ou você não sobe, ou vai subir sem sustentação e cair logo. É preciso ter o balanceamento: mostrar e entregar com consistência. “.
5) Cerque-se de pessoas capazes, comprometidas e confiáveis. O resto você ensina. Enquanto gestor, uma das coisas mais importantes é ter bons profissionais ao seu lado, destacou Pinchetti. “Meu maior ativo na empresa não é o meu resultado, mas o meu time. Sem eles, não entrego nada. Se eles tiverem sucesso, eu terei sucesso”. Sua premissa como gestor é confiar em todo o time, mas erros cometidos por falta de honestidade não são perdoados. “É muito difícil ensinar comportamento a alguém. Conhecimento técnico se ensina, mas agir de forma correta depende do indivíduo”.
Fazer o time crescer junto é um de seus maiores orgulhos. Pinchetti contou sobre uma de suas promoções, na qual recebeu como primeira tarefa demitir um funcionário sênior, que foi pessoa importante para o seu desenvolvimento na empresa. Ele conversou com o funcionário, explicou a situação e propôs um plano de ação para ajudá-lo a superar os gaps e manter o emprego. O profissional mostrou-se comprometido, cumpriu sua parte, e ficou na empresa por mais 10 anos. Um dia, Pinchetti recebeu uma carta do filho dessa pessoa, agradecendo pelo que ele havia feito por seu pai. “Saber que você impactou a vida de alguém positivamente, não existe coisa melhor.”
6) Tenha um objetivo claro e consistente, e priorize suas ações visando-o todos os dias. “Procuro definir poucas metas – pois quem tem muitas acaba não fazendo nada. Eu as imprimo e colo na contracapa de um caderno que uso sempre. Todos os dias, quando abro caderno, lembro das metas e priorizo minhas atividades de acordo com esses objetivos”, observou o CFO. Pinchetti sugeriu que os jovens cultivem esse tipo de hábito.
7) As pessoas que tiveram mais sucesso na carreira e na vida consistentemente entregaram mais do que se esperava delas. Para Pinchetti, esse aprendizado sumariza boa parte do que é preciso fazer para “chegar lá” e obter sucesso.
8) Work hard and play hard. “Procuro trabalhar bastante para ganhar bastante e curtir bastante a vida. É trabalhar, ganhar e aproveitar. É simples, mas funciona”, afirmou Pinchetti. “Tive vários colegas que queriam primeiro play hard para depois work hard. Estatisticamente, esses caras foram menos bem-sucedidos do que quem fez o contrário.”
Tempo é a commodity mais escassa para qualquer pessoa. É preciso utilizá-lo de forma consciente, dedicando ao que faz sentido para você, frisou o executivo, que é casado e pai de três filhos, ao responder questão de uma participante sobre como equilibrar a vida pessoal e o trabalho. “Encontrar esse balanço depende da sua meta, e da quantidade de esforço que está disposto a fazer. ”
Ciclista desde 2013, Pinchetti pedala cinco dias por semana, da 5h às 7 horas, totalizando 350 km semanais. Entrou no esporte por sugestão médica, após sofrer uma lesão no joelho. “Foi uma mudança radical no meu estilo de vida. Sinto-me energizado e trabalho mais rápido e intensamente durante o dia. Sempre focado na entrega e não no volume”. E deixou um conselho que serve tanto para o esporte como para a carreira: “Sem suor você não chega a lugar nenhum.”
Visita do IBEF Espírito Santo – Jéssica Ballarini, diretora de Ação Social do IBEF Jovem da seccional capixaba, marcou presença no mentoring. “Importante fazermos essa troca. Em São Paulo, polo econômico do país, temos a oportunidade de encontrar CFOs ou CEOs de grandes empresas, que tiveram carreiras interessantes, e compartilhar conhecimentos. É uma experiência muito rica”. Jéssica, que tem planos de abrir sua própria confeitaria em Vitória, trouxe deliciosas iguarias para degustação dos participantes.
(Reportagem: Débora Soares)