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Por Márcia Rodrigues | Fonte: O Estado de S. Paulo
Aproveitar um prazo muito longo de financiamento imobiliário pode não ser vantajoso. Especialistas garantem que viver de aluguel por um período, para economizar e acumular mais recursos para elevar o valor da entrada na compra de um imóvel, pode ser mais interessante do que assumir uma dívida de até 35 anos.
Em uma simulação feita pelo professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Mario Rodriguez Amigo, é possível entender melhor a operação.
Supondo que a pessoa tenha uma renda familiar de R$ 10 mil ao mês e entre em um financiamento com prazo de 20 anos, com juros de 9,5% ao ano para adquirir um imóvel de R$ 300 mil. Ele poderá assumir uma prestação de R$ 3, 5 mil (teto permitido para essa renda). Em até cinco anos, se ele pagar um aluguel de R$ 1,5 mil ao mês e aplicar a diferença entre esse valor e o que pagaria de prestação no financiamento (R$ 2 mil), acumularia R$ 101.343,65, ou seja, 1/3 do valor do imóvel.
No mesmo período, se ele optasse pelo financiamento, teria abatido apenas R$ 73.750 do valor principal, ou seja, do total do bem sem contar os juros.
Para o cálculo foi considerado um retorno de investimento líquido de impostos de 2% de juros real ao ano (aproximadamente 6% em termos nominais). No cálculo do aluguel foi utilizado um ajuste de 4% ao ano (inflação – TR). Já o financiamento foi feito pelo Sistema de Amortização de Constante (SAC).
“O que interessa neste cálculo é observar o ganho ascendente do investimento nesse período de cinco anos, que possibilitou o acúmulo de 1/3 do valor do imóvel. O que aumenta de forma considerável o capital para dar entrada no imóvel”, explica.
Segundo o professor, o financiamento passará a ser mais atrativo quando as taxas caírem para menos de 6% ao ano (que é o reajuste máximo de um aluguel), porque o custo de financiamento ficará mais barato do que o do aluguel e, no final, o tomador ficará com o bem.
O vice-presidente da diretoria executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Luiz Calado, compartilha a opinião com Amigo. Segundo Calado, quem fez um financiamento imobiliário para pagar no prazo de 30 anos, autorizado a partir de 2009, por exemplo, pagou somente os juros até agora.
“Muitas pessoas costumam dizer que o valor gasto com o aluguel é um dinheiro jogado fora. Mas e os juros pagos no financiamento também não são?”, acrescenta o dirigente.