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Veículo: DCI – SP | Data: 10/10/2013 | Página: Capa e A3
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu na noite de ontem aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual totalizando 9,5% ao ano, sem viés. A decisão foi tomada por unanimidade. No comunicado publicado após o término da reunião o Comitê explicou que “dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,5% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, “este novo aumento da taxa de juros vem prejudicar o momento propício à retomada da atividade. O estímulo à produção nacional dado pela desvalorização cambial será anulado pelo aumento da taxa de juros. É hora de baixar juros e aumentar o investimento público direto e em concessões, para voltarmos a crescer”. O principal motivo apontado por especialistas para que o Comitê tenha decido pela alta de 0,5 pontos percentuais na taxa básica de juros é a inflação. Segundo o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello, “apesar da inflação em doze meses tenha começado a cair, ainda esta acima do centro da meta, não dá para imaginar que ele [Copom] tem muita folga para parar [ de subir]”, disse. Segundo nota da Contraf-CUT, esse “aumento penaliza a atividade econômica e reduz o ritmo do crescimento, colocando em risco o emprego e a renda das famílias. Encarece o crédito e compromete a produção industrial do País, que depende de financiamento para viabilizar os investimentos”.
O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP) comentou que essa alta já havia sido esperada pela comunidade financeira. Ontem, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) divulgou seu relatório Econômico, elaborado pelo Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Instituição. O documento aponta que “além do aumento de 0,50 ponto percentual na Selic em outubro, a moda das projeções do Comitê de Acompanhamento indica uma elevação adicional de 0,25 ponto percentual em novembro, o que resultaria numa taxa de juros para o final do ano de 9,75%. Para o Comitê, essa elevação de 0,25 p.p. sinalizaria a interrupção subsequente do processo de alta de juros por parte do Banco Central”. Segundo o presidente do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Anbima, Marcelo Carvalho, uma taxa de juros mais alta aperta as condições monetárias da economia e tende a ter um impacto favorável na inflação. Apesar disso o especialista observa que o governo parece ter uma discrepância nas decisões do Banco Central e do governo já que apesar do aperto, há uma clara expansão do credito para a economia o que dificulta o controle da inflação. Um outro ponto destacado pelos especialistas que tem influenciado na resistência dos índices de inflação são os preços administrados. Segundo o diretor da Ativa, os preços administrados ainda estão represados, e a decisão de reajuste é bem política, de custos bem grades. “A contrapartida disso é uma deterioração no lucro da Petrobras, alguma hora isso tende a se ajustar, o acumulado do ano deve ficar próximo de 5,5%”, completou. Apesar da maioria do mercado já ter um consenso sobre o comportamento da taxa básica neste ano, as previsões para 2014 ainda são marcadas por uma grade discrepância de opiniões.
O relatório da Anbima aponta que “mesmo com as projeções apontando uma meta Selic estável em 9,75% ao longo de 2014, a dispersão das projeções sinaliza as dúvidas quanto à condução da política monetária no médio prazo. Para o final de 2014, por exemplo, coexistem projeções de 9,5% – que envolve a expectativa de interrupção da subida de juros a partir da reunião de novembro/13 – até 11,50%, com um aumento de 250 pontos em relação à meta atual”. Outros dados O relatório divulgado pela Anbima apresentou algumas mudanças em relação ao anterior, divulgado em agosto. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano foi revisado para 2,3%, ante 2,1% anteriormente. Segundo Carvalho, “no ano que vem a perspectiva é mais desafiadora, melhorou para 2,1%. É a primeira vez em muito tempo que a gente vê que o ano ‘que vem’ o crescimento seja menor do que a posição esperada para o ano corrente”, completou.