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Brasil deverá enfrentar “ressaca econômica” em 2023 e usar amortecedores para suavizar efeitos da desaceleração mundial

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“O ano de 2023 será uma ressaca do bom desempenho econômico que tivemos em 2022”. A frase é de Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, um dos painelistas do nosso webinar “Perspectivas Econômicas para 2023”, realizado na última quinta-feira (09/02), com o patrocínio da Flash Expense.

O painel teve as participações de Gabriel Barros, economista-chefe da Ryo Asset, Alexandre Malfitani, CFO da Azul Linhas Aéreas, e moderação feita por Cynthia Hobbs, CFO do GetNinjas.

O ano passado surpreendeu, com um crescimento do PIB projetado em torno de 3%, observou Leal. Isso se deve em grande parte ao consumo das famílias, impulsionado por auxílios e medidas de expansão fiscal do governo Bolsonaro, a reabertura econômica pós-covid 19 e um mercado de trabalho mais pujante.

Contudo, o empurrão dado ao consumo, ao mesmo tempo em que o Banco Central subia os juros para tentar controlar a inflação, pode ter custado 1 ano de política monetária, além de deixar marcas na área fiscal. “Enquanto o BC pôs o pé no freio, o governo pisou no acelerador, e agora teremos consequências para 2023”, analisou o economista-chefe do Alfa.

Trabalho difícil para o BC – No panorama para este ano, Gabriel Barros adicionou que a soma da economia rodando acima do PIB potencial, do mercado de trabalho apertado, e do reajuste real para o salário-mínimo, anunciado pelo novo governo, deve pressionar a inflação do setor de serviços em particular, o que dificultará o trabalho do BC.

Sobre a ameaça de eventual perda de autonomia do Banco Central, em razão de atritos manifestados por membros do novo governo, os dois economistas acreditam que é muito pequena. O custo político e econômico seria alto demais para o governo Lula, que precisará gastar seu capital político em outras frentes, avaliaram. O risco mais provável está na mudança das metas de inflação pelo Conselho Monetário Nacional, o que deve ser acompanhado pelo mercado.

Alexandre Malfitani confirmou que a demanda dos consumidores para viagens de lazer já vinha forte desde 2021. O Brasil foi um dos países em que o setor de aviação se recuperou mais rápido no pós-pandemia. Com a incorporação do trabalho remoto nas empresas, “todo final de semana pode ser hoje potencialmente prolongado”, notou o CFO da Azul. A demanda segue bastante resiliente, e o setor tem administrado um aumento de custos brutal, em especial do combustível, com reflexo nas tarifas.

Desaceleração mundial está contratada – Sobre a influência do cenário internacional em 2023, os economistas observaram que está “contratada” uma desaceleração econômica no mundo inteiro, sendo que já se fala em recessão nos países da Europa e nos Estados Unidos. Sobre a nação americana, Leal e Barros avaliam que a política monetária encampada pelo Federal Reserve para combate à inflação deve gerar uma aterrissagem forçada para a economia, cujo impacto deve ser mais sentido no meio deste ano.

Alex Malfitani ressaltou que os investidores estrangeiros passaram a olhar o Brasil com maior interesse neste ano, no comparativo com outras nações emergentes. Contudo, a incerteza sobre como será o pouso da economia americana dificulta a tomada de decisão por parte desses agentes.

Brasil deve ter impacto amortecido – Para Leal, o efeito do “hard landing” nos EUA deve afetar mais os preços dos ativos do que impactar diretamente a economia brasileira. “O Brasil é uma economia ainda fechada, que depende pouco do setor externo para impulsionar seu crescimento. E boa parte deste impulso vem do setor agrícola, que deve ter safra recorde neste ano”, observou Leal.

Gabriel Barros acrescentou que os gastos do governo já contratados com a PEC da Transição, em torno de R$ 170 bilhões a serem injetados na economia, deverão amortecer o impacto do cenário externo neste ano.

Por outro lado, a expansão desses gastos aumenta a percepção de risco sobre a trajetória das contas públicas. “Por isso que ter essa composição do plano de voo fiscal do governo é tão relevante. Não dá para fazer esse plano só pelo lado da arrecadação (aumento de imposto) e nem só pelo lado da despesa (corte de gastos). Terá que ser um mix das duas coisas”, completou o economista-chefe da Ryo Asset.

Incógnita chinesa – Maior parceiro comercial do Brasil, a China permanece como a maior incógnita para 2023. A reabertura econômica chinesa neste ano traz notícias positivas. Dentre elas, a normalização das cadeias produtivas, contribuindo para a redução da inflação no mundo, e o aquecimento da demanda por commodities agrícolas e serviços como viagens internacionais. O maior risco segue no mercado imobiliário chinês, que ainda busca estabilização após o estouro de sua bolha, o que deve ter reflexos negativos paras commodities metálicas ligadas à construção civil.

A Índia deve ultrapassar a China em tamanho de população neste ano e mostra-se como um mercado promissor, observou Leal. O país poderá crescer perto de 10% nos próximos anos, impulsionado por um bônus demográfico que deve durar até 2055. “Acredito que as empresas brasileiras devem olhar com bastante carinho para a Índia”, completou o economista.

Qualquer dúvida fico à disposição.

Abs,

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