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Executivos de grandes companhias compartilham impressões sobre os rumos da economia do País em 2019.
O primeiro almoço da nova Diretoria Vogal do IBEF-SP marcou o início dos trabalhos do colegiado para o biênio 2019-2021, no dia 12 de abril, no restaurante Cantaloup. Coincidindo com a gestão do novo governo do País, o encontro foi uma oportunidade para os executivos traçarem o panorama econômico para este ano.
Luciana Medeiros, 1ª vice-presidente do IBEF-SP e sócia da PwC Brasil, deu boas-vindas à nova Diretoria e chamou a atenção para o fato de que essa é a primeira reunião do grupo no ano. Em seguida, os membros compartilharam a visão sobre seus setores de atuação.
Setor de tecnologia deslancha – Logo após a apresentação da SAP, patrocinador do almoço, que mostrou a solução Digital Core e sua aplicação na área financeira, os executivos revelaram as suas expectativas e desafios em relação ao cenário para 2019. O próprio CFO da SAP Brasil, Paulo Mendes, anunciou que a companhia cresceu 10% globalmente no ano passado. “A SAP atende a cinco setores da economia brasileira. Temos um grande portfólio de inovação”, ressaltou.
Marcelo Giugliano, CFO da Amazon Brasil, anunciou que a área de e-commerce tem se demonstrado bastante interessante devido à expansão que vem apresentando. “Estamos esperando um crescimento de 16%, portanto, superior ao esperado na economia do país e o maior desde 2015, não só em números absolutos, mas também em percentuais”.
Segundo ele, dois fatores estão contribuindo fortemente para essa expansão. “Primeiro, há a entrada do lucro de empresas em novos marketplaces, portais que têm seu próprio estoque, e devem ampliar sua participação de 31% para 35%, segundo dados da ecommerce Brasil. O que demonstra que muitos sellers estão crescendo mais que seus sites próprios”, apontou.
As vendas de iPhones e Tablets, de acordo com Giugliano, também estão colaborando para este desempenho. “A demanda por esses produtos cresceu de 26% há dois anos para 33% este ano. Cada vez mais pessoas estão comprando”, observou.
Atacado e varejo otimistas – Rubens Batista Jr., CFO da Martins, atacadista, atesta a revolução que o canal digital tem promovido nos negócios da empresa. “Esse canal tem tido um desempenho maior do que as vendas presenciais, adicionando 116 mil clientes todos os anos. Começamos 2019 crescendo relativamente bem em relação ao ano passado. O canal digital responde por 25% de nossas vendas. Estamos transformando o nosso atacado marketplace físico em marketplace digital”, revelou, acrescentando que a expectativa do grupo em relação à economia do país é de cautela sem perder o otimismo.
A tendência de terceirização de alimentação foi classificada como um movimento promissor na visão de Luis Carlos Cerresi, CFO da GRSA Compass. “Positivamente, as empresas tendem a terceirizar alimentação para empresas especializadas. Com isso, a alimentação corporativa vem crescendo depois da queda em 2014 para 6% ao ano. Por outro lado, a taxa de desemprego está muito alta. Há alguns picos de inflação muito pontuais em itens da cesta básica que são importantes para o setor como carne, feijão e outros produtos. Mas a gente crê que neste segundo semestre a tendência para o setor será bastante positiva”.
Alta tecnologia é aliada no setor de saúde – Altos investimentos em tecnologia é uma das características da área de saúde, destacou Magali Leite, CFO da Beneficência Portuguesa. “Somos o centro de mais alta sofisticação tecnológica do país. Pouquíssimos setores no Brasil aplicam tantos recursos tanto quanto a saúde, que investe 9% do PIB. E o nosso capital é muito verticalizado”, disse.
Ela observa que além de outros obstáculos, o setor de saúde enfrenta o desafio de ser competitivo. “Todo ano ocorrem reajustes de medicamentos. Em 2019, o reajuste ficou em 4.2%. Então já começamos o ano precisando nos adequar a este desafio”, ponderou.
Luis André Blanco, CFO da Odontoprev, anunciou que o setor de assistência médica faturou quase R$ 200 bilhões em 2018. “O setor de assistência médica tem alto faturamento mas com margem apertada. A inflação médica e o maior uso tem trazido um custo cada vez maior que eleva os reajustes anuais dos clientes. A oportunidade de enfrentamento deste problema com transformação digital é incrível. Enquanto o número de beneficiários em assistência médica decresce o segmento dental cresce 7% ao ano. O sorriso é cartão de visita e o Brasil é o país que tem mais dentistas no mundo”, destacou.
Cautela ronda setor de veículos e mercado de construção civil tem expectativas – Informando que as vendas de caminhões chegaram a recuar mais de 70% no Brasil, Augusto Ribeiro, CFO da Iochpe Maxion, também chamou a atenção para a ociosidade enorme na indústria. “O caminhão depende do crescimento do PIB”, afirmou.
Apesar dos percalços, ele acredita que neste ano o setor deve ter um crescimento razoável, apesar de a Argentina não estar indo bem. “Estamos com uma visão positiva. Para nós, o Brasil está em um ano de investimentos. Assim que as reformas forem aprovadas teremos avanços nos próximos dois, três anos. Então, estamos otimistas cautelosos”, disse.
Vivian Valente, CFO da Siena, iniciou o seu relato observando que a construção civil foi o setor que mais sofreu, com desempenho baixo nos últimos anos. “Mas em 2018 parou de cair. E estamos com expectativa de 2% de crescimento para este ano. Temos esperança de que as pessoas voltem a investir. Já estamos vendo o mercado de construção civil reagir desde o ano passado”, observou.
Ela fez uma rápida análise sobre os países vizinhos. “A Argentina vai mal, mas o Chile está indo bem por causa das commodities. A Colômbia está bem, o Peru também, assim como o Paraguai”.
Ela aposta na reforma da Previdência como um sinal positivo para o início de retomada da construção civil. “Se a reforma sair, haverá reação. As construtoras voltarão a lançar imóveis, outros setores também vão se animar. E se as tendências se confirmarem, vamos estar otimistas em 2020”, revelou.
Otimista com os negócios, George Cavalcante, CFO da ITW, deu seu parecer. “O mercado está indo bem, crescendo 9% em relação ao ano passado. Há uma conjuntura excelente para negócios globais. Perspectivas adequadas e estamos vendo o cenário nacional com bastante cautela”.
Aury Ermel, CFO do China Construction Bank, ressaltou que a instituição é o segundo maior banco da China. “É o banco chinês que comprou o antigo banco brasileiro BicBanco. No Brasil, queremos crescer este ano na área de crédito e na carteira de empréstimos, mas com cautela. Mas a cautela não está voltada somente ao crédito, mas à economia como um todo. Todos nós entendemos que a base de crescimento agora está na aprovação da reforma da previdência”, apontou.
Ele ainda fez preleções para a economia brasileira. “O crescimento também depende da reforma tributária. Já a (reforma da) previdência deve ser aprovada no último trimestre. O Banco Central deve baixar as taxas de juros causando efeitos na economia. E, por fim, trabalhamos com um PIB inferior a 1% no final do ano”, afirmou.
Renata Theil, CFO da Leaseplan, empresa que está presente em 30 países, observou que a participação do grupo no Brasil ainda é tímida. “Um dos motivos é a insegurança de investir no país. Estamos bem positivos, mas também com bastante cautela. Só trabalhamos com B2B”. A Leaseplan tem expectativa de crescimento de 15% a 20% neste ano, segundo ela. “O setor está bastante aquecido. Estamos com otimismo moderado”, afirmou a CFO.
José Cláudio Securato, CEO da Saint Paul Escola de Negócios, compartilhou suas impressões sobre o andamento da economia do país. “Este ano vai ser balizado pelas expectativas de reforma da Previdência, além de outras coisas que também estão sendo trabalhadas, como a reforma tributária”.
Ele demonstrou otimismo com medidas que estão para ser concretizadas. “Está em curso a reoneração de setores e o governo vai fazer um enxugamento muito forte. O Brasil também tem que fazer a reestruturação da dívida pública, porque está muito alta e com juros igualmente altos. E a reforma da Previdência vai sair”, apostou.
(Reportagem: Rosa Symanski)