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Perspectiva positiva foi destacada no Seminário “Dívida: como e onde captar?”, realizado pela Comissão Técnica de Tesouraria e Riscos e pelo IBEF Mulher na última terça-feira (19). O evento foi patrocinado pela SAP.
“Dívida não tem apenas conotação negativa. Pode ser também sinal de crescimento, expansão de negócios”, destacou Elaine Olivetto, líder da Comissão, na abertura do seminário.
Tamara Dzule, líder do IBEF Mulher, falou rapidamente sobre a iniciativa e ressaltou, por sua vez, que o grupo foi criado para maximizar o valor da diversidade e incentivar executivas a estarem mais presentes no ambiente corporativo. Havia diversas mulheres no evento.
O atual cenário para captação de recursos e as perspectivas para o último trimestre de 2017 e início de 2018 foram discutidos por diretores de bancos e executivos durante o painel. O debate foi mediado por Rosana Passos de Pádua, diretora de auditoria interna, riscos, compliance e RH da CSN.
Momento favorável – Alejandro Vollbrechthausen, co-head do grupo de financiamento da América Latina do Goldman Sachs, destacou o grande apetite do mercado internacional para investimentos, cenário que favorece o fluxo de recursos para países latino-americanos.
“As condições de mercado são muito boas. Os spreads de crédito estão mais baixos e o desbalanceamento entre a oferta e a demanda por títulos está bastante favorável para os emissores”, notou o diretor.
Essa condição deve continuar até a metade de 2018, observou Vollbrechthausen, adicionando que as eleições presidenciais no Brasil, Colômbia e México poderão gerar um clima de incerteza em cada país, fazendo com que os investidores recuem um pouco no segundo semestre do próximo ano.
Sinais de recuperação – Ao comparar os níveis de Credit Default Swap (CDS) antes e após a perda do grau de investimento pelo Brasil, em 2015, Mauro Tukiyama, diretor do Bradesco BBI, destacou a recuperação. “O país voltou a se aproximar dos patamares de 2014”.
“Tudo o que é bom crédito o mercado está comprando. Já vimos empresas com rating single A captando com sucesso”, observou. “Os investidores estão buscando um pouco mais de risco. Vemos muitos direcionando bastante recursos para mercados emergentes.”
A queda estrutural da taxa básica de juros e o alinhamento dos custos de financiamento do BNDES com o mercado (devido à convergência entre a nova Taxa de Longo Prazo – TLP e a NTN-B), devem gerar uma nova dinâmica para investidores e investidas, notou Tukiyama.
O mercado de capitais será o grande beneficiado. Do lado dos investidores (como assets, private banking e fundos de pensão), títulos privados passarão a ser opções mais atraentes para obter melhores retornos. Já as empresas terão que buscar novas formas de captação de recursos.
Diversificação necessária – A busca por novas fontes de financiamento faz parte do dia a dia de Camila Abel, diretora de tesouraria e análise de investimentos da AES Brasil. As empresas do setor de energia convivem com uma intensa demanda por capital, seja para reperfilamento de dívidas ou para a realização de novos investimentos.
“É de total interesse das empresas que os bancos e outras alternativas ocupem o espaço que será deixado pelo BNDES”, observou Camila. “Para que possamos ter mais competição e investidores entrando em project finance.”
A executiva disse que a organização já busca alternativas ao banco de fomento, com a previsão do fim da taxa subsidiada em 5 anos. Ao avaliar as opções oferecidas pelo mercado de capitais, ela notou que os títulos incentivados, como debêntures de infraestrutura e CRI e CRA, estão entre os mais demandados, em função da boa combinação entre custo e prazo.
Acesso mais democrático – “Nossa função, enquanto diretores financeiros, é preparar a empresa para acessar o mercado de capitais cada vez mais”, destacou Guilherme Puppi, diretor da área de private equity do Patria Investimentos e CFO da Alphaville Urbanismo.
O mercado de capitais está mais democrático, ressaltou Puppi, e aumentam as oportunidades de acesso para empresas de médio porte. As instituições financeiras têm facilitado essa entrada. Hoje é muito mais simples para uma companhia desse tamanho realizar operações de securitização, por exemplo.
Puppi concordou que instrumentos alternativos, como a debênture de infraestrutura, devem ganhar mais espaço no portfólio. “Existe ainda um pequeno ser no mercado de capitais que é o fundo de crédito. São instituições que trabalham entre bancos e mercados de capitais. Esse tipo de fundo vai crescer cada vez mais”, projetou.
(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)