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CFO da Neon Investimentos, Fabio Ramalho conta sua trajetória profissional no mercado financeiro

Com mais de 20 anos de experiência, Fabio Ramalho contou em mentoring do IBEF Jovem sua trajetória profissional até se tornar CFO da fintech Neon Pagamentos. Formado em Economia pela PUC-RJ, Ramalho obteve grandes aprendizados ao longo de sua carreira, principalmente por ter passado, na época da faculdade, por um cenário macroeconômico de alta inflação no Brasil, o que gerava muita incerteza. “Era muito desafiador montar o planejamento financeiro à época, pois havia muito instabilidade econômica. A [faculdade de] Economia que fiz na PUC foi importante, pois me ajudou a pensar na solução de problemas”.

Ramalho iniciou sua vida profissional no banco Prosper, na área de varejo. Na época, os bancos passaram por um choque de juros, e com a queda da inflação, cresceu aceleradamente a oferta de crédito direto ao consumidor. Ao se formar, ele decidiu se mudar para São Paulo, pois era para onde o mercado financeiro estava migrando. Assim, começou a trabalhar como economista no banco Matrix, num momento em que o país começava a colher os frutos da estabilidade de preços provocada pelo Plano Real. “Essa foi minha primeira experiência profissional no mercado financeiro, onde não se olhava economia real e não tinha espaço para funding, pois era impossível competir com título do Tesouro Nacional, que pagava elevada taxa de juros à época”. Ele contou sobre o mercado de câmbio e o contexto histórico, que gerou aprendizados com outros economistas. “Sempre corri muito atrás de informação, construindo um networking de maneira natural”.

Experiência no exterior – Depois disso, Fabio Ramalho buscou se mudar para uma área de negócios mais ativa, o que o motivou a fazer um curso no exterior. “Senti uma janela de oportunidade se abrindo para estudar fora do Brasil. Eu já tinha feito um intercâmbio estudantil na adolescência e desde então quis voltar, e fiz um MBA na Carolina do Norte já preparando a mudança para minha meta posterior, que era ir para mesa de operações e gerar receita”. Após dois anos de MBA, ele foi recrutado pelo Citi, o que lhe rendeu uma carreira no banco em Nova York que durou de 2004 a 2009. “Recomendo, além de fazer curso fora, trabalhar fora, se tiver oportunidade”.

Durante sua passagem pelo Citi, Ramalho atuou na área de Sales and Trading. “Foi muito desafiador por ser um mercado mais acelerado”, compartilhou. “Mas sempre que aparecer uma coisa que os deixa em dúvida sobre conseguir fazer, faça. Não tenha medo. O ser humano tem capacidade bacana de adaptação e de se surpreender com o que consegue fazer. Em 2008, eu já tinha visto várias crises em diversos países ao longo da minha carreira, e em setembro de 2008, dois bancos sofreram problemas de balanço. O Citi conseguiu passar pela crise, que foi muito profunda”, destacou.

Volta ao Brasil – Com a quebra da Lehman Brothers, a economia americana entrou em profunda recessão e o Brasil não ficou imune a isso. “Empresas foram forçadas a se fundir. Em 2009, também passamos por um ano difícil. Não imaginei que economia americana chegaria onde chegou. E no início daquele ano, o UBS vendeu a sua operação no Brasil e eu fui contratado pelo banco para remontar a nova operação para o Brasil”, contou. “Essa passagem do Citi pro UBS se deu como uma oportunidade. Já tinha dois filhos pequenos e havia o desejo familiar de retornar ao Brasil quando a nova operação para o Brasil já estivesse montada “.

A mudança para o Brasil demorou mais que o esperado, e no início de 2011, Ramalho voltou e começou a desenvolver um gosto para fazer outra coisa: economia real. “Me formei em 1997 e de lá até 2010, só atuei no mercado financeiro. Quando voltei ao Brasil, fiquei com vontade de fazer economia real, que seria trabalhar fora de instituição financeira. Fui para o Grupo Libra fazer privatização de aeroportos. O ritmo era outro, e tive que em adaptar”, contou. “Esse foi um aprendizado pessoal. Quando a gente não conhece uma coisa, a gente tem que estudar, buscar sempre aprender”.

Retorno ao mercado financeiro – Em 2013, Fabio Ramalho foi chamado novamente para atuar mercado financeiro, numa gestora de recursos local, projeto que não decolou. “Depois disso fiquei 8 meses em casa. Aí, fui contratado para fazer modelagem do aeroporto de Galeão e Confins. Em 2015, estava começando uma nova carreira. Tornei-me sócio de uma boutique de reestruturação financeira e melhoria operacional, e fui parar no interior do Mato Grosso para fazer a reestruturação de uma usina sucroalcooleira”. Após diversos projetos em consultoria, Fabio se tornou CFO da Neon Investimentos, em 2018.

Transição da mesa de operacional para CFO – “São atividades bem opostas. Vamos aprendendo com o tempo, mas passo mais tempo em reunião do que na minha mesa. Para quem vem de um ambiente de ritmo mais acelerado, com resultados de curto prazo, fazer mudanças em que os resultados aconteçam em um semestre ou um ano é uma adaptação”, disse. Por outro lado, Ramalho disse que atuar na área financeira sempre dá uma visão global da companhia. “Primeiro ponto para fazer uma mudança dessa é saber que ritmo é outro. A mesa de operações é uma grande escola pra qualquer um, principalmente para quem é de finanças”.

Ele contou que a vida numa startup é muito dinâmica. “Um ano em startup se parece com 3 anos vividos numa empresa mais madura”. Na sua experiência na Neon, diz que tem muita satisfação em empreender e contribuir para a expansão do negócio, que cresce em ritmo acelerado. Ele compartilhou ainda sua visão sobre as perspectivas para mercado de fintechs. “As fintechs contribuem para tornar o sistema financeiro mais eficiente e democrático. Temos que escolher boas causas para lutar na vida. Poder participar de um projeto inovador, diferente, é muito bom. O grande desafio de qualquer empresa é a captação e a retenção de clientes, que mostra realmente se os clientes enxergam a proposta de valor que você está entregando”, concluiu.

 

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