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Carlos Henrique Duarte, CTO de Blockchain para IBM no Brasil, apresentou casos práticos de aplicação dessa tecnologia para os negócios, no dia 15 de setembro, durante o CFO Forum 2018. O evento foi realizado por IBEF-SP e IBM.
O blockchain é uma tecnologia que permite agilizar transações complexas, por meio de técnicas criptográficas. Um de seus fundamentos é o registro único compartilhado das transações, chamado ledger.
¨Trazendo para a linguagem contábil, o ledger é como se fosse um livro razão, em que todas as transações daquele ecossistema de negócios estarão registradas. Ele não pode ser rasurado ou ter transações apagadas¨, observou Duarte.
Principais requerimentos – O blockchain para negócios possui quatro requerimentos, observou o CTO: os participantes decidem qual ativo irão compartilhar (ledger compartilhado), eles sabem com quem estarão lidando (identidade), todas as transações são validadas e endossadas (endosso) e a informação é compartilhada conforme a necessidade (confidencialidade).
Outro fundamento do blockchain é a existência de um contrato que determina as regras de funcionamento das transações. ¨Tudo é compartilhado de maneira criptográfica, muito segura. Com o input de uma variável de negócios, que é a confiança¨.
Resolvendo problemas de negócios
Segundo Duarte, a IBM está desde 2015 trabalhando diretamente na transformação de negócios com o uso de blockchain. Já foram mais de 500 projetos iniciados, nos mais diferentes campos: indústria, varejo, bens de consumo, mercado financeiro, governo, entre outros.
Melhoria de controles de saúde alimentar – No setor alimentício, por exemplo, um dos projetos mais emblemáticos foi com o Walmart. A multinacional identificou um problema de negócio ligado à saúde alimentar: casos em que teve de retirar alguns produtos das gôndolas de supermercados em função da descoberta de contaminação e a dificuldade de identificar em qual ponto da cadeia de fornecedores o problema havia ocorrido.
A solução Food Trust, desenvolvida por IBM e Walmart, possibilitou fazer o registro compartilhado com o uso de blockchain para armazenamento da documentação de conformidade digital, testes de segurança alimentar e auditoria da rede de fornecedores certificados. Ter uma fonte única e confiável das informações melhorou a transparência e a eficiência em toda a rede de alimentos, e a solução foi adotada também por outros players. No Brasil, o supermercado Carrefour, da avenida Rebouças, em São Paulo, já aplicou a solução.
Rastreabilidade da cadeia logística – Outro caso é o da empresa de logística Maersk, que precisava resolver o problema de negócio de rastreamento de contêineres, tendo em vista que alguns desapareciam dos controles, e diminuir a alta carga de burocracia envolvida no registro. A solução desenvolvida em parceria com a IBM envolveu vários passos, que incluíram a digitização de processos e um período de monitoramento de toda a cadeia logística dos produtos. Foram identificadas oportunidades de reduzir processos e melhorar a rastreabilidade dos contêineres com o uso de blockchain.
A solução deu tão certo que gerou um novo negócio, a Trade Lens, da qual a IBM tornou-se sócia. A companhia já conta com dois portos no Brasil, que utilizam essa tecnologia. ¨Isso vai transformar a forma como fazemos supply chain no Brasil e no mundo¨.
Resolução de disputas – Outro exemplo apresentado foi o do banco da IBM, o IBM Global Financing (IGF), que com o uso de blockchain conseguiu diminuir em 75% as disputas realizadas, e reduzir também drasticamente o tempo de resolução – de 44 dias para 10 horas.
¨O grande ponto de todos esses casos é que não existem projetos de blockchain, mas projetos de transformação de negócios¨, destacou o CTO.
Os CFOs não devem esperar que os times de TI comecem os projetos sozinhos, pois a probabilidade de êxito será reduzida, alertou o executivo. ¨O CFO deve ser o grande incentivador e puxar nessa transformação. Ele saberá melhor onde a solução vai fazer sentido financeiramente para o negócio, onde poderá simplificar modelos, diminuir a burocracia e aumentar a lucratividade. Então, quem está movendo a inovação dentro da sua empresa?¨.