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CFO Forum 2018: Se não houver crise, Brasil crescerá muito acima do projetado, afirma economista Ricardo Amorim

¨Confiança é o óleo da engrenagem econômica¨, destacou o economista Ricardo Amorim ao iniciar sua palestra no dia 15 de setembro, durante o CFO Forum 2018, evento realizado por IBEF-SP e IBM. ¨Quanto maior a confiança, melhor o desenvolvimento da economia; quanto menor, mais dificuldade de fazer essa roda girar¨.

O economista destacou que a informação sempre gerou as transformações no mundo dos negócios. Contudo, o que muda hoje é o volume de dados disponíveis, demandando o uso da tecnologia cognitiva para que se possa extrair valor deles. ¨Eu costumo dizer que o Big Data pode ser um tremendo ativo ou um ¨Big Mess¨ se você não transformar esse dado em informação para tomar decisão; sem inteligência ele não se torna ativo, mas passivo¨.

A informação deixou de ser um item escasso para ser abundante e a fronteira do conhecimento está evoluindo muito mais rápido do que imaginamos. Nesse contexto da reinvenção digital, só há duas opções para as empresas: liderar esse processo de transformação ou ser atropelado por ele, ressaltou o economista.

Perspectivas econômicas – Ao fazer uma retrospectiva sobre o cenário econômico, Amorim destacou que o Brasil viveu nos últimos seis anos a crise mais dura e longa de sua história. Mas o pior já ficou para trás, ressaltou o economista.

¨O Brasil está crescendo há sete trimestres seguidos. A situação está melhorando, mas nem todas as pessoas percebem isso¨, ressaltou Amorim. ¨Porque a queda foi grande, afundamos muito: a situação para ficar boa vai demorar. E é isso que acaba nublando a capacidade de as pessoas enxergaram as oportunidades¨.

De acordo com o economista, se o Brasil não for abalado por uma crise internacional nem eleger um presidente maluco, a tendência é que crescerá muito além do projetado para os próximos anos. E ele cita alguns dos motivos: a perspectiva de que 30 a 35 milhões de brasileiros entrarão na classe média nos próximos 15 anos; o consequente aumento da demanda por alimentação, educação e saúde, que deve crescer acima da média nacional; e o crescimento da indústria favorecida pelo aumento de eficiência, dólar mais caro e a oportunidade de implantar programas de automação.

Amorim acrescentou o grande potencial de expansão do agronegócio (apenas 9% das terras disponíveis para plantio no Brasil são utilizadas). A locomotiva agrícola também tem puxado o desenvolvimento dos municípios do interior do Brasil, na região Centro-Oeste principalmente, que já registram crescimento acima do ritmo das capitais.

Cenário eleitoral – Ao analisar o perfil dos candidatos ao Planalto e o momento político, Amorim projetou um cenário eleitoral com um segundo turno no qual irá figurar o candidato Jair Bolsonaro (PSL) – que seria o mais votado no primeiro turno em função de sua popularidade -, junto a um dos candidatos de centro-direita.

Dentre os concorrentes de Bolsonaro no segundo turno, o mais provável seria Geraldo Alckmin (PSDB), na avaliação do economista. Isso porque o tucano acabaria atraindo os votos de outros candidatos de centro com menores chances, e os candidatos de esquerda acabariam prejudicados pela fragmentação de seus eleitores.

¨Passadas as eleições, se houver a expectativa de que o presidente eleito dará continuidade à agenda de reformas estruturais, o crédito voltará com tudo e a atividade econômica também¨, observou Amorim, comparando que seria um período de crescimento similar ao vivenciado pelo País de 2004 a 2010.

Efeito ¨paletas mexicanas¨ – ¨Estamos agora na fase de maior oportunidade que existe, pois é quando tudo ainda não ficou bom para todo mundo¨, acrescentou Amorim, ao explicar que isso se deve ao efeito que chamou de ¨paletas mexicanas¨.

¨Um cara teve a ideia de colocar um recheio no picolé e cobrar por ele 10 vezes mais do que um picolé comum. Ele tomou o risco e ficou rico. Um ano depois o mercado tinha seis cadeias de paleterias e, no ano seguinte, 200. Depois, 1.200. Quem não acreditou no início e deixou para entrar por último, quando todos estavam lucrando, se deu mal: porque logo em seguida veio a baixa¨, observou o economista. ¨Costumamos nos sentir seguros para arriscar na hora errada – depois que tudo deu certo para todos – e o que acontece é que você entra no final do ciclo e perde a oportunidade¨.

Por fim, Amorim fez uma reflexão sobre o chavão de que a crise traz oportunidade, ressaltando que não é o problema, mas sim a atitude e as escolhas dos indivíduos que criam as oportunidades. E deixou uma provocação: ¨O Brasil viveu a mais longa, profunda e dura crise de sua história. O que você vai fazer para criar a sua oportunidade? Como vai inovar e fortalecer a situação financeira do seu negócio? Melhorar um processo, atendimento, serviço ou produto? Fazer a transformação digital? Mesmo quem sobreviveu a essa crise, que já passou, precisa se preparar para não cair na próxima.¨

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