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CFOs buscam medidas para atenuar impacto da crise em diferentes setores

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O papel do líder financeiro das empresas tem sido cada vez o de manter um olhar abrangente e contextualizado para toda a cadeia de negócios, buscando medidas que atenuam o efeito da crise decorrente a pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Isso envolve não apenas olhar para dentro de casa, mas também avaliar toda a ponta da cadeia de produção, inclusive oferecendo ajuda a fornecedores e clientes, caso seja necessário e tenha caixa o suficiente para tal ação.

Durante o Webinar CFOs Diante da Crise, realizado pelo IBEF-SP no dia 9 de junho, alguns líderes de finanças compartilharam as ações adotadas para atenuar os efeitos da crise em seu negócio. Serafim de Abreu, COO da IBM América Latina e diretor-presidente do IBEF SP, destaca que apesar de haver uma recuperação no mercado financeiro, a crise precisa ser entendida dentro das empresas. “Uma crise dessa é sem precedentes”, destaca.

Trabalhando diretamente junto às empresas para reduzir os impactos nos negócios, a Global e a Rimini Street, patrocinadoras do Webinar, apresentaram suas soluções para este momento. A Global atua na área de estratégias financeiras e, diante da crise, o trabalho da companhia tem sido solucionar o problema de liquidez das empresas, conforme explica Silvano Boing, CFO da companhia. “Sabemos que a questão de crédito, daqui pra frente, será complexa”, ressalta, destacando que a empresa também oferece soluções nesse âmbito.

Já a Rimini Street é focada em serviços de tecnologia e vem atuando em parceria com CFOs e CIOs para derrubar os custos da operação da área de TI. Segundo Edenize Maron, CEO da empresa para a América Latina, existe dinheiro escondido na área de TI. “São custos significativos que não trazem retorno às empresas e precisam ser derrubados. Quem não fez esta mudança antes, está buscando fazer este movimento agora. Nunca é tarde para tornar a área TI mais eficiente e o momento da crise é um catalisador para esta mudança”.

Automotivo – Apesar de ser uma crise generalizada, seus efeitos são diferentes para cada setor. O serviço de montadoras, por exemplo, foi um dos grandes impactados pela crise. Na verdade, esse era um setor que já vinha se recuperando de uma crise e começava a se reerguer, e agora sofre um impacto gigantesco devido à queda da indústria, conforme explica Ciro Possobom, vice-presidente da Volkswagen América Latina. Segundo ele, o mês de maio já retomou um pouco das vendas, mas ainda está longe da normalidade. “O impacto maior é na cadeia, nos fornecedores”, diz.

Possobom ressalta que a queda de faturamento foi grande. “O Brasil voltou no tempo em termos de mercado. Nosso setor sofreu muito no passado e agora estávamos em recuperação. O problema maior das companhias é sobrevivência”, diz. Por isso, a Volkswagen está fazendo um trabalho para manter a cadeia de fornecedores funcionando. “Temos um nível de liquidez importante para passar pela crise e conversamos ainda com BNDES e Banco Central para injetar liquidez no mercado”, destaca. “O elo mais fraco são os fornecedores, que estavam saindo de uma crise anterior e agora ficaram dois meses parados. Por isso, queremos ajudar a minimizar esse risco sistêmico”, ressalta.

Exportação – Em uma situação um pouco diferente, a Suzano, produtora de celulose e papel, se beneficiou por trabalhar com um grande volume de exportação. Marcelo Bacci, diretor-executivo de finanças e de relações com investidores da companhia, explica que a Suzano é uma empresa exportadora, então a situação do mercado doméstico não a afeta tanto. “Na nossa cadeia de valor, não houve redução de demanda”, diz. “O câmbio também ajudou. O preço da celulose está baixo, mas o câmbio ajuda a compensar, e a empresa teve um bom resultado operacional no primeiro trimestre”, complementa.

Energia – Do lado do setor de energia, o maior impacto é na distribuição. Leonardo Gadelha, diretor-executivo de finanças e relações com investidores na Neoenergia, diz que, devido à queda grande na demanda de energia e aumento na inadimplência, o setor de distribuição sofre impacto na arrecadação, que é acentuado pela restrição ao corte no fornecimento de energia durante o período da pandemia. “Por isso estamos monitorando com cuidado, e focando na preservação do caixa”, destaca. Ele ressalta que é esperado pelo setor um movimento de reequilíbrio econômico e financeiro por parte do regulador. “Entregamos um serviço essencial para o consumidor. As atividades de campo não pararam, foram mantidas desde o início da pandemia, e priorizamos os setores de saúde e abastecimento”.

Construção civil – Vivianne Valente, CFO do Grupo Tigre, responsável também pela área de tecnologia, explicou um pouco da atuação da companhia, que atua na área de construção, água e elétrica. “Trocar informação nesse momento é muito importante”. Segundo ela, o setor já passava por dificuldades, mas era esperado que, com a melhora da economia, se recuperasse. “O impacto projetado foi maior do que de fato está sendo pelo setor. O varejo de construção civil foi considerado, em muitos estados, como serviço essencial”, diz.

Segundo Vivianne, as expectativas eram piores do que o que de fato está ocorrendo. “Há uma queda de atividade de 20 pontos percentuais. Nos preparamos para o pior em termos de inadimplência e, em um primeiro momento, tivemos muitos pedidos de prorrogação, pois as lojas acharam que não conseguiriam honrar com seus compromissos, mas vimos que os valores têm sido honrados, pois varejo e indústrias continuam funcionando”.

Medidas de contingência – Entre as ações emergenciais para reduzir o impacto da crise, no caso da Tigre, estão o reforço de caixa, ações no mercado financeiro e ações internas. A companhia também realiza ações para auxiliar financeiramente os clientes e os funcionários. “Colocar os colaboradores em home office foi uma ação rápida e fácil, pois o grupo já investe em tecnologia. Isso foi fruto de toda a digitalização que já estávamos fazendo ao longo dos anos”, diz Vivianne.

Ela destaca que a proximidade com stakeholders também ampliou após a pandemia, e o time de gestão está em contato diariamente, além de ter um informativo da área institucional do grupo sobre o que ocorre internacionalmente, e a realização de lives com funcionários uma troca sobre o momento da crise. “Entendemos que a estabilidade emocional é importante, por isso investimos nas ferramentas digitais para continuarmos próximos das pessoas”.

A grande preocupação das empresas também tem sido o acompanhamento da saúde dos colaboradores. “Seguimos todas as recomendações das autoridades, reforçando as inspeções de segurança, e ações pró-ativas para prevenir acidentes aumentaram mais de 300%, com mais de 7 mil inspeções”, disse Leonardo Gadelha. “Na parte corporativa, tivemos que nos reinventar, e 5 mil colaboradores entraram em home office”. O atendimento presencial foi interrompido na Neoenergia, e as negociações com clientes são feitas on-line. Junto aos fornecedores, a empresa abriu convênios com bancos para auxiliá-los. “Estamos acompanhando a saúde financeira deles, dando apoio”.

Marcelo Bacci também ressalta que a Suzano fez um levantamento, dentro de seu quadro de colaboradores, de pessoas que têm predisposição maior a estar num grupo de risco, afastando esses funcionários. “Rearranjamos para poder compensar essas pessoas que foram afastadas”. Protocolos de distanciamento também foram adotados e, fora da fábrica, 4 mil pessoas estão em home office. “Apesar da perda de relacionamento pessoal, essa situação é administrável por algum tempo, e teremos mais home office depois dessa crise”, avalia Bacci.

Retomada – O atendimento através do digital no processo de vendas, e na experiência de explicar como funcionam os produtos, é muito importante, diz Vivianne, e esse pode ser um caminho para a retomada. “Fizemos uma mudança na dinâmica de crise para poder fazer escolhas de segmentos em que temos que atuar de maneiras diferentes, estabelecendo hipóteses de crescimento e mudanças nos mercados, ajustando as escolhas. O desafio é conseguir ter uma curva de retomada mais rápida que os concorrentes”, avalia.

Para montar cenários, contudo, alguns setores devem lidar com dificuldades como taxa de câmbio, como é o caso da Volkswagen. “Toda semana temos um cenário novo, e não temos a resposta de como vai ser a retomada e o tamanho do mercado automotivo”, diz Ciro Possobom. Há várias previsões de acordo com características diferentes e ele reitera que, no caso do setor automotivo, é preciso estimular demanda, pois as fábricas estão abrindo, mas não adianta ter produção se o cliente não voltar. “Hoje temos 95% dos nossos pontos de vendas abertos”.

Já para Marcelo Bacci, o momento é de se trabalhar com cenários, pois a incerteza tem sido grande. “É hora de se preparar para o pior e trabalhar pelo melhor. Difícil apostar em um determinado cenário”. A Suzano fez um grupo de trabalho para estudar, sob o aspecto financeiro, de recursos humanos e industrial, o que pode mudar daqui pra frente e o que funciona para essas mudanças. “Assim, podemos nos posicionar frente a esses cenários. Não temos visibilidade, é difícil saber o que vem pela frente, então temos cuidado com caixa, pois não dá para prever o que ocorrerá no resto do ano”.

Visibilidade é um problema para a retomada, pois não há nenhuma receita pronta sobre quanto tempo vai durar essa crise e que de maneira o mercado voltará ao normal. “Acompanhamos de perto a arrecadação. Trabalhamos em um plano de retomada, cujo foco é a segurança dos nossos colaboradores, mas a data de início dependerá de cada localidade do país e outros fatores e características”, complementa Leonardo Gadelha.

Assista o Vídeo do Webinar

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PDF Rimini Street – Fact Sheet

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