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O IBEF-SP realizou Webinar no dia 14 de abril com o objetivo de compartilhar com seus associados quais medidas os CFOs estão adotando em suas respectivas empresa durante a crise do novo coronavírus (COVID-19), além de falar sobre o impacto do atual período em suas organizações. O evento registrou mais de 150 participantes on-line e teve como painelistas Augusto Martins, diretor executivo do Banco Alfa; Marcelo Giugliano, CFO da Amazon; Roberto Catalão, CFO da Claro; e José Roberto Kropf, CFO da IBM.
Luciana Medeiros, 1ª Vice-Presidente do IBEF-SP e sócia da PwC, moderou o Webinar destacando que o Instituto criou alguns eventos extraordinários para estar em contato maior com os associados e divulgar mais conhecimento. “O objetivo é compartilhar os desafios e aspectos importantes em relação ao momento que vivemos”, disse na abertura do evento. Augusto Martins, diretor executivo do Banco Alfa, dividiu com os participantes uma visão de como a instituição na qual atua está lidando com a crise atual.
E-commerce – Do lado de vendas on-line, Marcelo Giugliano, CFO da Amazon, compartilhou a experiência do setor e a necessidade de implantação de uma estrutura de trabalho para atender a todas as demandas nesse momento de mudanças na operação. “Primeiro, pensamos nos nossos colaboradores”, disse, enfatizando que a empresa está em home office há um mês. “Essa solução tinha sido colocada em prática na matriz e em outros países, e é uma dinâmica que já estávamos acostumados. Do lado do nosso fulfillment center – centro de distribuição – aumentamos o padrão de higiene, as práticas de distanciamento social, e nosso trabalho é fiscalizar essas medidas”.
O segundo ponto, de acordo com Giugliano, foi pensar nos consumidores. “Houve uma mudança de comportamento de consumo no varejo em geral nas últimas cinco semanas. Algumas categorias perderam muita relevância, como combustíveis, vestuário, tênis para corrida, enquanto outras aumentaram, como pesos para ginástica em casa, computadores, monitores e mouse, office supplies. Os consumidores também passaram a considerar e-commerce como alternativa”, disse.
O terceiro olhar foi sobre a cadeia de distribuição, que impacta os fornecedores. “Analisamos os impactos em todos nossos fornecedores de serviços e produtos e propusemos soluções para auxiliá-los nesse momento, pois após a crise, quem tiver com cadeia de valor melhor organizada terá vantagem na retomada. Isso inclui desde nossos fornecedores de serviços até os de produtos que vendemos”, destacou Giugliano. “Entendemos que o olhar sobre esses três impactos é uma maneira de preservar o caixa. Manter essa roda girando ajuda a manter nosso negócio funcionando, conseguindo atender nossos consumidores que precisam do e-commerce”.
Comunicação – No setor de telecomunicações, Roberto Catalão, CFO da Claro, reforçou que o acesso às redes neste momento é ainda mais essencial, e que os serviços prestados pela Claro estão enquadrados como essenciais, por isso tem sido um grande desafio manter as redes operando para que as pessoas tenham condições adequadas para fazerem suas conferências. “As redes estão sendo disputadas, com muita capacidade sendo consumida, e temos neste momento desafios para uma adequada manutenção à rede, até pelas restrições de acesso dos técnicos às ruas, empresas, residências, etc. Nossos call centers estão trabalhando com 50% da capacidade, nossas lojas estão todas fechadas. É um momento extremamente desafiador, mas estamos cientes do nosso papel e temos discutido diversas ações com os governos, principalmente visando o atendimento à população mais carente”, disse.
Para ele, o papel do CFO é essencial neste momento, para proteger o caixa da empresa e assegurar liquidez, quando todos estão tendo que reconstruir seus orçamentos. “O grande ponto é o tamanho da interrogação que temos neste momento, que dificulta qualquer previsão; não sabemos o tempo da retomada. E temos que assegurar que nossa cadeia de valor seja mantida, prezando pela continuidade dos serviços. Estamos trabalhando para sair mais fortes desse episódio, apesar de todas as incertezas e do cenário altamente adverso”, complementou.
Sobre a adaptação para home office, Catalão destacou que a cada dia há questões novas para serem enfrentadas e aprendidas, mas todos estão o tempo inteiro conectados. “Estamos cientes do nosso papel, o acesso é essencial, não somente à banda larga, mas ao entretenimento também; abrimos diversos canais de TV paga para que as pessoas possam ter o melhor entretenimento possível neste momento difícil. No segmento de empresas, estamos também nos deparando com algumas dificuldades, mas estamos procurando dar apoio a nossos clientes para viabilizar a continuidade de seus negócios”.
Ele mencionou ainda a disponibilização de alguns serviços pela Claro em apoio às pessoas mais carentes, como o ensino a distância, o acesso a informações na área de saúde, dentre outras iniciativas de suporte às autoridades neste momento de distanciamento social.
TI – Em seguida, José Roberto Kropf, CFO da IBM, compartilhou com os participantes a atuação da IBM durante a crise. “Temos que manter uma empresa ativa. Atuamos em mais de 134 países, é uma empresa centenária. Temos uma cultura muito forte do business continuity plan (BCP), e fazemos uma atualização com um representante de cada área para determinar o plano de contingência. Essa base ajudou bastante na migração de trabalho para home office com menos dificuldade”. Kropf ressaltou a importância de manter um plano de continuidade mesmo em momentos em que não haja uma situação de crise.
A IBM mantém a maioria dos seus funcionários trabalhando de casa, e uma equipe pequena na sede para garantir a integridade do data center. “Fechamos diversas filiais no Brasil e mantivemos nossos centros de distribuição de peças abertos, pois continuamos fazendo intervenções em clientes para colocar máquinas em funcionamento”. Kropf disse ainda que um comitê no Brasil foi estabelecido para que as informações relacionadas à COVID-19 sejam harmonizadas. “Continuamos com o comitê de crise diário, com participante fixos e alguns convidados de acordo com as necessidades, e monitorando o que acontece no governo e na área da saúde”.
A companhia também está implementado medidas para proteger seu caixa, e observando que o governo está ajudando as empresas a terem um fôlego, há uma oportunidade de reverter esse dinheiro para o cliente, em indústrias que estão com dificuldades, como transporte, turismo, etc. “Também vamos aplicar em novos negócios, pois clientes estão precisando de mais financiamento, e o dinheiro está mais escasso. Também precisamos usar esse dinheiro para fazer face às vendas que não conseguimos realizar agora, pois os clientes não estarão com apetite de compra”.
Kropf complementou dizendo há hoje uma necessidade de caminhar na jornada da transformação digital, e indicou às empresas que utilizem o dinheiro que sobra no caixa para transformar os modelos em cognitivos. “A transformação digital no sentido cognitivo é o que devemos perseguir, alinhados com o que a indústria precisa, usando cloud computing”, disse.