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CFOs debatem oportunidades e desafios para o segundo semestre de 2021 e cenário para 2022

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Evento que mensalmente realiza um panorama sobre a situação e projeções para o mercado nacional, alimentado a partir das perspectivas de altos executivos provenientes dos mais variados setores econômicos, a Diretoria Vogal do IBEF-SP – com a tradicional rodada setorial – voltou a se reunir no dia 27 de agosto.   

Os participantes abordaram temas críticos para o empresariado nacional, como a volatilidade resultante da corrida eleitoral, a crise hídrica, as incertezas no campo político e os efeitos das pressões inflacionárias e cambiais. Do lado das oportunidades, os destaques serão os modelos de negócios cada vez mais alinhados à crescente digitalização, e também os favorecidos pelo câmbio, como exportações. As preocupações com segurança da informação e prevenção a ciberataques continuará ainda mais forte na agenda das companhias. 

A reunião contou com o patrocínio da SAP, representada por João Paulo Fortes, e da PwC. Antes do início da rodada setorial, João Paulo Fontes apresentou o case de transformação financeira da SAP Global, que reforça todos os ganhos que a digitalização, automatização e simplificação de processos pode trazer para as empresas brasileiras. “O sucesso passa necessariamente por quatro pilares: pessoas, melhoria contínua em termos de processos, simplificação do modelo organizacional e tecnologia como componente fundamental para habilitar esses processos”, ressaltou o executivo. 

Mobilidade – Abrindo o panorama sobre o cenário nacional, Simone Borsato, CFO da Arteris, compartilhou suas experiências e perspectivas do ponto de vista da concessionária de rodovias. Ela observou que esse segmento foi muito impactado em 2020 devido às restrições de circulação, principalmente das pessoas. Todavia, o ano de 2021 vem demonstrando uma recuperação do tráfego total, que cresceu mais de 16% em relação a 2020 e de 8% em relação a 2019 (ano não impactado pela pandemia). O principal fator que influencia esse resultado positivo é o crescente tráfego de veículos pesados, importante seja para escoar a produção agrícola e de commodities seja para atender ao aumento da demanda de bens de consumo pelo varejo. Já o tráfego de veículos leves registrou aumento de 12,1% em relação ao ano passado. A expectativa é que uma flexibilização das restrições sanitárias, além da retomada da economia em 2021, possa contribuir para o aumento do tráfego leve (carros de passeio) no ano.  

Setor bancário – Ivanyra Correia, Conselheira Fiscal do Bradesco, destacou que em 2020 o resultado dos bancos foi extremamente positivo, esperando-se uma certa estabilidade em 2021, mas um período extremamente negativo para 2022. O mercado financeiro, de modo geral, está apreensivo por diversas razões, incluindo as eleições, que representam um período de grande volatilidade, e uma possível nova onda relacionada à pandemia de Covid-19. Segundo Ivanyra, estima-se ainda que será um período de baixa liquidez e spreads extremamente altos, existindo preocupação com relação a ciberataques, a alta volatilidade cambial e o risco fiscal.  “Vemos até o final de 2021 uma certa estabilidade, mas espera-se um ano de 2022 extremamente crítico”, concluiu. 

Setor farmacêutico – ​Helena Pécora Galan, CFO da Eli Lilly, afirmou que o setor farmacêutico vinha apresentando crescimento mundial da ordem de 5%, mas em 2020 observou uma queda para o patamar de 2%. Em 2021, já é possível observar uma recuperação do setor, na ordem de 5-6%, podendo atingir percentuais de até 10% de crescimento ao final do ano impulsionado por áreas vinculadas às vacinas e às terapias para Covid-19. Helena frisou que alguns segmentos agudos, como o de antibióticos registraram queda, mas de forma geral outros segmentos se mostraram muito resilientes, alguns deles crescendo a dois dígitos, como oncologia e diabetes. No Brasil, a expectativa de crescimento desse mercado é de 10%, porém existe preocupação relacionada à questão cambial, fator sensível considerando-se que os preços no mercado nacional são regulados e que as importações de insumos são realizadas em dólar. 

Setor têxtil – Rafael Bossolani, CFO da Hering, afirmou que 2020 foi um ano muito difícil do ponto de vista de negócios para o setor, pois as restrições à circulação de pessoas impuseram grandes desafios para manter as operações ativas, especialmente em lojas localizadas em shopping centers. Por outro lado, do ponto de vista de inovação, a crise foi muito importante para acelerar iniciativas de digitalização. O CFO ressaltou que a penetração do e-commerce dentro dos segmentos de vestuário no Brasil é de cerca de 3-4% enquanto em alguns países mais desenvolvidos esse número está no patamar de 25%.   

Nesse cenário, a Hering buscou expandir seu e-commerce, capturando todas as oportunidades dentro do mercado de vestuário para aumentar essa penetração. Essas ações, segundo Rafael, foram uma tendência generalizada do setor e as empresas que não estavam preparadas para essa transformação digital sofreram muito, o que abriu espaço para uma forte tendência de consolidação e M&As. Como desafios, Bossolani apontou a pressão inflacionária, a restrição da mão de obra dentro da cadeia de suprimentos, a pressão de custos de matéria-prima e margens apertadas, em um cenário competitivo. Apesar dessas dificuldades e com a economia ainda um pouco retraída, o CFO acredita que uma reabertura quase plena dos pontos de venda no segundo trimestre poderá ter impacto positivo para o crescimento do setor neste ano, ainda que de um dígito.   

Saúde – Segundo Rodrigo de Genaro, Senior Finance Director & Controller LATAM da Johnson & Jonnson, no setor de Consumer Health se observa um aumento da demanda por produtos dessa natureza. Trata-se de um mercado crescente que vem se fortalecendo a partir de preço – não necessariamente de volume – devido principalmente aos impactos cambiais e aumento de preços das commodities e matérias-primas, e a uma mudança no perfil do consumidor, mais focado em produtos premium. Ele observou que o segmento de equipamentos médicos foi bastante afetado em 2020 e nos primeiros meses de 2021, em função da pandemia e da consequente suspensão de um grande volume de cirurgias eletivas. Tal situação tenderá a se reverter à medida que o programa de vacinação avança. A demanda por cirurgias eletivas tem retornado de forma bastante acentuada a partir de junho e a expectativa é que essa tendência continue, em um cenário de controle das novas variantes da Covid-19 que tem surgido ao redor do mundo e no Brasil.  

A pandemia impactou o segmento farmacêutico, especialmente relacionado a doenças crônicas, em razão da diminuição da circulação de pessoas, da realização de consultas e diagnósticos. “Não houve uma contração, o que ocorreu foi que o crescimento desacelerou”, salientou Rodrigo, acrescentando que foi possível identificar uma retomada de forma gradual relacionada as doenças crônicas. Sobre as perspectivas para o curto e médio prazo, De Genaro, observou que a instabilidade política e as mudanças no Ministério da Saúde, em conjunto com a agenda de reformas de impacto (a exemplo da reforma tributária) e alteração de legislações, são fatores que dificultam o planejamento das organizações.   

Automotivo – Carlos Kitagawa, Head de Finanças Estratégica da Stellantis, grupo que reúne no Brasil as marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram, destacou cinco pontos que resumem o cenário da indústria automotiva. Em primeiro lugar, a questão dos estoques de veículos, que continuam em níveis muito baixos, ocasionando demora na entrega aos clientes. Um segundo ponto se refere às paradas nas fábricas devido à falta de componentes, no contexto da crise global de semicondutores, o que afeta muito a capacidade de produção e de planejamento das montadoras. Outro fato digno de nota diz respeito à severa inflação de custos, no caso das montadoras mais especificamente relacionada à desvalorização cambial, elevação do preço de matérias-primas e de algumas commodities. O quarto ponto é a demanda crescente no setor, muito concentrada em veículos de alto padrão. Enfim, o CFO destacou a questão do aumento de preços – em consequência de toda a evolução de custos e maior competitividade do setor – caminho seguido por todas as montadoras.   

O grande desafio para o segundo semestre está relacionado à capacidade produtiva, que se torna um elemento crítico uma vez que as empresas do setor têm capacidade de produção, existe demanda do consumidor, porém o mercado se encontra com falta de componentes, sendo consenso que a crise de semicondutores perdurará até meados de 2022. Assim “vamos ter que viver com a volatilidade produtiva até lá”, concluiu Kitagawa. 

Setor elétrico – Marcelo Jesus, CFO da CESP, destacou o cenário de crise hídrica no País, a mais grave dos últimos 91 anos. O executivo observou que situação só não está mais crítica porque o crescimento médio da carga se mantém abaixo de 1% desde 2014 e porque a geração hidrelétrica na matriz brasileira reduziu de cerca de 80% em 2001 para algo em torno de 60% atualmente com a introdução de energias renováveis e crescimento das térmicas. Dependência, contudo, um dos efeitos da crise é a alta vertiginosa dos preços. A perspectiva setorial é preocupante, pois ainda há dúvidas se as medidas anunciadas de redução do consumo terão eficácia e se o próximo período de chuvas será próximo à média. A perspectiva para 2022 é de incerteza, de preços altos de energia e pressão para as empresas elétricas”, sintetizou.

Setor de biotecnologia – Rinaldo Pecchio, CFO do Centro de Tecnologia Canavieira – CTC, destacou que a empresa registrou crescimento no primeiro trimestre, tanto de receita quanto de lucro líquido, acima de 40%. “O setor está vivendo um ciclo muito bom, é uma esperança de continuar com o negócio bastante forte. É um segmento que teve um 2020 muito bom e deve ter um outro ano excelente. A questão das condições climáticas é que impactam um pouco as perspectivas futuras”, concluiu. 

Ana Paula Whirtmann, Conselheira do IBEF-SP, conduziu o encerramento com um resumo e comentários sobre os principais temas abordados na reunião. “Por mais que tenhamos todas essas preocupações apontadas pelos speakers, podemos notar que existem estratégias, existe apetite para investimento e ainda há muito para se fazer neste ano. A pandemia deve arrefecer e devemos seguir com nossos projetos e nossos planejamentos para continuar investindo”, finalizou. 

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