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Executivos destacam as transformações recentes do mercado argentino e que podem inspirar aprendizados para o mercado brasileiro
As mudanças pró-mercado na segunda maior economia da América do Sul e os seus reflexos para o ambiente de negócios da região latina foram o foco do terceiro encontro do IBEF Global. Sob o tema “O que nossos vizinhos estão fazendo e o que podemos aprender com isso”, o evento patrocinado pela PwC reuniu 70 executivos na última quinta-feira, no restaurante Cantaloup.
Para contar a trajetória de transformação econômica vivenciada pela Argentina desde a transição para o governo de centro-direita de Mauricio Macri, cuja eleição pelo povo argentino em novembro de 2015 interrompeu o populismo de esquerda vigente há 12 anos no país, foram convidados: o presidente do Instituto Argentino de Executivos de Finanças (IAEF), Mario Osvaldo Lalla, CFO da Techint Ingeniaría & Construcción na Argentina; e o CEO da Infotema na Argentina, Diego Cazorla.
Gilson de Oliveira Carvalho, presidente do IBEF-MG e diretor do Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) LATAM, completou o time de convidados especiais para comentar como essas mudanças impactaram no ambiente de negócios da região.
Um rico intercâmbio – Na abertura do evento, Henrique Luz, presidente do Conselho de Administração do IBEF-SP e sócio da PwC, prestigiou a troca de experiência entre as associações de executivos de finanças dos dois países, e a participação do IBEF-MG, que reforça os laços de amizade entre as seccionais do IBEF.
Rogério Menezes, líder do IBEF Global, ressaltou a importância do compartilhamento de experiências e do networking entre executivos C-level de diferentes países, proporcionados por este projeto idealizado há dois anos no IBEF-SP. “O crescimento do número de participantes, a cada encontro do IBEF Global, é uma grande evidência do sucesso desta iniciativa, que já está se transformando em uma marca. Ela veio para ficar”.
Luiz Roberto Calado, vice-presidente de Relações Institucionais do IBEF-SP, reforçou a importância da aproximação entre o IBEF e o IAEF, e informou que o Instituto brasileiro já foi convidado a participar do congresso anual argentino, que acontecerá em setembro, na cidade de Córdoba.
Um ponto de inflexão – Diego Cazorla, CEO da Infotema na Argentina, contextualizou a situação econômica do país, antes e após Mauricio Macri assumir a presidência argentina. “Muitos pensavam que a mudança deveria acontecer, mas muitos não acreditavam que de fato iria acontecer”, disse Cazorla, referindo-se à mudança política que impôs uma derrota ao governo populista de esquerda, vigente há uma década no país, e representou uma guinada à direita, em um movimento pró-mercado.
Cazorla destacou os principais problemas enfrentados pelas empresas argentinas até então, que não eram poucos: forte presença regulatória (e discricionária) do estado sobre setores, incentivo ao alto consumo de bens e serviços acarretando em distorções de preços, controles cambiais, travas burocráticas ao comércio internacional e às remessas de lucros e dividendos das empresas ao exterior, barreiras às exportações no setor agropecuário, perda de competitividade internacional e graves problemas de infraestrutura (logística e energia) com impactos diretos sobre custo e produtividade, dentre outros.
O executivo observou que, em poucos meses, o governo de Mauricio Macri conseguiu uma significativa mudança de expectativas no país (mesmo tendo assumido com minoria no Congresso), apoiado por uma equipe de alta qualidade técnica, diálogo político e econômico reestabelecido, e ações que reforçaram a postura pró-mercado.
Iniciativas pró-mercado – O presidente do IAEF, Mario Osvaldo Lalla, comentou algumas das principais ações do novo governo que beneficiaram o ambiente de negócios argentino: o realinhamento do país com as grandes potências internacionais, a eliminação dos controles cambiais onerosos para as empresas, e o acordo com os detentores de títulos não reestruturados (holdouts) após o default de 2001 – encerrando o litígio de uma década que restringiu o acesso do país aos mercados financeiros.
Lalla acrescentou que o governo Macri também promoveu outros avanços importantes, como a eliminação de barreiras às exportações de matérias-primas, fim de restrições e impostos às remessas de dividendos das organizações ao exterior, a retomada do regime de câmbio flutuante, autonomia ao Banco Central, além de propor leis de fomento para o mercado de capitais.
“Nossa perspectiva para o segundo semestre é positiva. Uma recuperação econômica gradual, alimentada pelo aumento dos investimentos público e privado, e sustentada pelo maior fluxo de capitais e aumento das exportações”, avaliou o presidente do IAEF.
Resgate da confiança – Mauricio Macri “vendia” uma postura mais pró-business e fez questão de mostrar isso na operação, dentro do seu governo, observou Gilson Carvalho, presidente do IBEF-MG e diretor do Grupo FCA LATAM, multinacional fabricante de automóveis que possui negócios na Argentina e no Brasil, dentre outros países da região.
Para Carvalho, o programa lançado pelo governo para pagamento dos credores, poucos dias após Macri assumir, que possibilitou ao país reconquistar a confiança para fazer sua primeira emissão no mercado internacional em 10 anos, e a retirada de travas comerciais e redução de impostos de importação, que haviam corroído a competitividade das empresas locais, foram ações importantes para sedimentar essa nova visão de mercado. E resgatar a confiança das multinacionais com negócios no país.
“Anunciamos há três meses um novo investimento na fábrica de Córdoba. Ou seja, o foot print da Argentina começa a ser fomentado novamente”, destacou o executivo, após ressaltar a importância das relações comerciais entre Brasil e Argentina.
Desafios comuns – Os painelistas destacaram que ainda existem vários problemas a serem enfrentados pelo governo de Mauricio Macri, como combater a inflação galopante (alimentada pela desvalorização cambial do peso), encontrar meios para reduzir o maior déficit fiscal do país em 30 anos, manter o fluxo de investimentos estrangeiros, e administrar as pressões políticas e insatisfações na área social. Problemas que não são de fácil solução, mas que se bem endereçados, poderão trazer outros aprendizados para este lado da fronteira.
OPINIÕES DE EXECUTIVOS QUE PARTICIPARAM DO EVENTO
“O IBEF-SP é referência na organização de executivos de finanças no Brasil. Esse tipo de integração, aproximar executivos expatriados agregando conhecimentos e experiências, fortalece a rede de executivos financeiros. São iniciativas como essa, em um mercado importante como São Paulo, que reforçam a marca IBEF”, dito por Gilson Carvalho, presidente do IBEF-MG e diretor da FCA LATAM.
“O assunto foi a primeira coisa que me motivou a vir a este evento, além da oportunidade de conhecer melhor o IBEF. Minha expectativa é também conhecer pessoas e compartilhar experiências sobre o mercado”, dito por Felipe Beltrão, CFO do Bank of America Merrill Lynch Brasil.
“Aprendemos muito vendo o que está acontecendo na Argentina, uma economia que está alguns passos à frente do Brasil. O que agregou para mim foi a reflexão sobre as mudanças que estão acontecendo na região e o networking”, dito por Ricardo Sayão, presidente e CFO da Alcoa para a América Latina.
“O evento foi espetacular. O tema trouxe uma visão direto da fonte sobre a realidade argentina, combinado à experiência de executivos com atuação na América Latina. Foi muito interessante”, dito por Renê Augusto Marzagão, CFO e VP de Finanças para a América Latina da Eaton.
“É minha primeira vez no evento do IBEF Global e gostei. Os palestrantes tinha domínio do assunto e conheci várias pessoas de diferentes empresas e segmentos para troca de experiências”, dito por Marcelo da Luca, CFO da Pirelli.
“O tema foi o principal motivo para eu vir ao evento, ouvir palestrantes que tem experiência real na Argentina. O evento também tem um cunho de networking bastante interessante, que é um fator adicional. Adorei”, dito por Marcel Goya, diretor financeiro da Natura.
“As duas coisas mais interessantes do evento foram a aplicabilidade da discussão sobre a Argentina, com a visão de executivos que atuam no país, e a oportunidade de networking com pessoas importantes para nosso negócio”, dito por Paulo Tonicelli, CEO da Schuler.
“Gostei bastante. Evento descontraído, ambiente com espírito de colaboração e voltado para a troca de experiência. Também gostei dos contatos que fiz”, dito por Eduardo Donni, CFO da Covestro.
“É a primeira vez que participo. Gostei da troca de experiências, pensar a o ambiente de negócios em nível regional. O networking muito bom, ótimo evento”, dito por Mario Janssen, CFO da BMW Financeira para o Brasil.
“O tema do evento é interessante e foi o maior motivador para a minha participação. É um tema que prestigio, pois minha empresa possui forte exposição no mercado externo, então é algo que faz sentido para mim. Valorizo ambientes e fóruns de networking, mas esse não foi o principal motivador”, dito por Alcides Braga, presidente da Truckvan.
“O tema tem que ser interessante e aplicável ao negócio para motivar o executivo a sair do escritório. Mas para mim, o mais importante foi o networking, conhecer pessoas e realizar essa troca de experiências interessante, falar de casos aplicáveis ao negócio”, dito por Fábio Harrison dos Reis, head de tax da NCR.
“A PwC acreditou desde o início no IBEF Global e o sucesso do evento mostra que a empresa estava certa. A qualidade do tema e dos participantes são exemplos disso. Um indicador da satisfação do publico foi o volume de perguntas feito pela plateia e o fato de os participantes ficarem até o final do evento. Falar sobre a economia, com uma visão globalizada, é um diferencial”, dito por Sergio Dias, sócio da PwC.
“O evento possui networking fantástico, troca de experiências e conhecimento sobre o mercado com quem está no mercado”, dito por Luciano De Biasi, sócio-diretor da De Biasi.
“O encontro agrega relacionamento, oportunidade de negócios e troca de experiências. É a segunda vez que participo de um evento do IBEF Global, e o que me motivou foi a oportunidade de fazer novos contatos e o conteúdo atrativo da palestra”, dito por Fabio Fabietti, sócio-diretor da More Invest.
“O evento trouxe um assunto interessante, além de oferecer oportunidade de networking e eu ter amigos que já participam do IBEF Global. Ótimo evento”, dito por José Mendes, sócio-fundador da MM Consult.
(Reportagem: Débora Soares /Fotos: Mario Palhares)