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Fotógrafo: Ricardo Riberto
A importância do investidor-anjo na cadeia do empreendedorismo
Investidor-anjo é uma pessoa física que investe em startups, exclusivamente para aporte na empresa. As vantagens e os riscos de fazer esse tipo de investimento foram discutidos no café da manhã “Investidor-anjo”, realizado nesta terça-feira (09/09), na sede do IBEF SP. O bate-papo foi conduzido por José Cesar Guiotti, sócio da Ascon consultoria de gestão e associado da organização Anjos do Brasil.
Perfil
O perfil do investidor-anjo se divide entre executivos e ex-executivos, com vasta experiência, que enxergam empresas nascentes como oportunidade de investimento e entre empreendedores bem sucedidos que venderam seus negócios e agora buscam novas empresas para transmitir suas experiências e vivências.
O investidor-anjo não visa dividendos, mas o retorno com a valorização da empresa. Ele busca uma participação minoritária no negócio – que pode ir de 5% a 30% – com a perspectiva de sair após algum tempo. O período investido costuma durar de cinco anos a seis anos, em média.
Guiotti explicou que o investidor-anjo não tem interesse em ter uma participação majoritária porque quer motivar o empreendedor a desenvolver o seu próprio negócio.
Na cadeia do empreendedorismo, o investidor-anjo é um elemento intermediário, que entra após a aceleradora e antecede o venture capital. A saída da empresa investida é fundamental para movimentar essa cadeia, pois o investidor poderá aplicar os recursos obtidos em outras startups, ajudando a desenvolver o mercado.
Incentivos
Não é a toa que esse tipo de investimento recebe incentivos em diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, os investidores podem conseguir até 100% de desconto no imposto de renda sobre o total investido em startups. No Reino Unido, a dedução de IR é de 30% e na França é de 25%, com isenção sobre ganho de capital. No Brasil, não há tributação diferenciada para o investidor-anjo, ou seja, é cobrada alíquota de 15% do IR sobre os ganhos de capital.
Empreendedor x investidor-anjo
O investidor-anjo, em regra geral, participa das decisões estratégicas e deixa o dia a dia para o empreendedor, que será o executor do projeto. Ele não tem posição executiva na empresa, mas apoia o empreendedor com sua experiência, conhecimento e rede de relacionamentos, além dos recursos financeiros, contribuindo para a transformação do projeto em um modelo de negócios rentável.
Ao escolher um investidor, o empreendedor deve olhar para três capitais: o capital financeiro, o capital social (rede de relacionamento e conhecimento de mercado) e o capital intelectual (experiência gerencial).
“Invariavelmente, o investidor-anjo terá que agregar os três para a empresa”, afirmou Guiotti. “Se for apenas o capital financeiro, poderão surgir frustrações mais adiante”.
O investidor-anjo, por sua vez, deve estar atento a: a conciliação de agendas (empreendedor x anjo); a realidade do negócio versus a realidade do mercado; e o comprometimento do empreendedor com o desenvolvimento do projeto – empreendedor enrolado é descartado. É preciso avaliar também a diferença entre o plano de negócios (ideia estruturada) apresentado versus o modelo de negócio (produto com aceitação no mercado).
“Entre um empreendedor muito bom com um projeto regular, e um projeto muito bom com um empreendedor regular, fique com o primeiro. Se o cara for bom, ele vai conseguir desenvolver o projeto e mudar de rota se necessário”
Riscos
Guiotti lembra que o investimento-anjo é de alto risco. “Você pode perder tudo ou ganhar muito. Então, orientação é investir em várias empresas ao mesmo tempo para diluir o risco.”
O investidor líder é uma figura fundamental para a entrada do investidor-anjo iniciante. Vários anjos se unem para investir em uma empresa, destacando um líder (investidor mais experiente) para fazer o contato do grupo com a startup. Esta pessoa ajudará o investidor iniciante a selecionar e fazer o primeiro aporte em startups, de forma a diminuir riscos e aumentar as chances de êxito.
“Essa é uma forma de fazer investimento-anjo diluindo o risco e ao mesmo tempo propiciando à empresa investida mais conhecimento e relacionamento (de todos os anjos que participam do investimento), o que aumenta a possibilidade de sucesso”
Proteção
Caso o desenvolvimento do projeto não seja satisfatório, existem mecanismos para a defesa do investidor. Além do acordo de acionistas, recomenda-se firmar, logo no início da parceria, um contrato de opção ou um contrato de mútuo conversível, que estabeleça opções para saída do investidor caso a empresa desempenhe mal.
No Brasil, existem cerca de cinco mil investidores-anjo.
Para obter mais informações sobre como se tornar um investidor-anjo, recomendamos visitar o site da organização Anjos do Brasil: www.anjosdobrasil.net