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Qual será o impacto para o Brasil de Donald Trump na presidência dos EUA? José Cláudio Securato, presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP e CEO da Saint Paul Escola de Negócios, analisou as repercussões para o Brasil do pleito americano na última reunião da Diretoria Vogal, realizada na sexta-feira (11).
“Uma questão que precisa ser bem dividida está no que é a campanha presidencial e o que é o governo. Só em meados de janeiro de 2017 vamos entender quem é Donald Trump (governante), qual a composição do seu governo e a governabilidade que terá”, destacou Securato. Observou ainda que, apesar de os republicanos terem maioria no congresso americano, Donald Trump foi eleito sem o apoio dos principais políticos de seu partido.
Contudo, as convicções expostas pelo novo presidente dos Estados Unidos já apontam algumas prováveis características do governo porvir: a defesa de uma postura muito mais protecionista em questões de comércio internacional, o desejo de abandonar o Acordo de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) – ainda que dependa da aprovação do congresso americano para isso -, e maior reticência em temas relacionados à imigração.
Impactos para o Brasil – Com relação aos efeitos para o Brasil, a grande mudança de parâmetro está no câmbio, destacou Securato, cuja projeção para 2017 caminha do patamar de R$ 3,20 para R$ 3,50. Esta revisão para cima considera o volume de investimentos estrangeiros diretos que o Brasil receberá, e a elevação dos juros nos Estados Unidos pelo Fed, o banco central americano, ciclo que deve se iniciar em breve.
O aumento na taxa de câmbio agregará mais inflação no Brasil. Isso será precificado pelo Banco Central que, para controlar o avanço do dragão, reduzirá o ritmo do corte da taxa de juros, em um ciclo menor que o esperado. Portanto, a projeção da taxa de juros também será revisada para cima, e deverá atingir patamar de 11% em 2018.
Todos esses fatores devem acabar segurando um pouco mais a economia brasileira, observou Securato. Outro fator destacado é o descasamento entre o processo de geração de riqueza e emprego. O País ainda carrega o processo de desemprego que só deverá se estabilizar no primeiro trimestre de 2017. Até lá mais 1 milhão de pessoas poderão perder seus postos de trabalho.
Analisando a vertente dos investimentos, o presidente do IBEF SP acrescentou que o País foi muito afetado pela repercussão dos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e os efeitos da Operação Lava Jato no campo político e econômico. “O trabalho do governo de mostrar para os investidores estrangeiros que o Brasil está pronto para receber a liquidez internacional será fundamental”.
Perspectiva mais otimista – Securato analisou que os resultados das eleições municipais foram extremamente positivos para a nova composição de governabilidade, que dará mais conforto para o atual governo fazer grandes mudanças. Em relação a estas mudanças, espera-se a aprovação da PEC do teto dos gastos públicos – que possibilitará ao governo uma economia de pelo menos 4 trilhões nas próximas duas décadas – e a aprovação da reforma da previdência. “Em suma, a visão para 2017 é de um Brasil que melhora. Talvez menos do que esperávamos, mas a perspectiva de se ter um resultado positivo de crescimento no próximo ano já é algo razoável”.
O presidente do IBEF SP também adiantou um dado importante que será divulgado em breve nos resultados da pesquisa do iCFO, referente ao terceiro trimestre de 2016. Pela primeira vez, o Índice de Confiança do CFO atingiu patamar superior ao de neutralidade. “Isso significa que os líderes de finanças estão mais otimistas, ainda que um otimismo reservado e contido, mas que já melhora”, concluiu.
(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares /IBEF SP)