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Ocorreu na última quinta-feira a primeira reunião da Comissão Técnica de Mercado Financeiro e de Capitais após a junção entre as CTs de Instituições Financeiras e de Mercado de Capitais e RI. A nova comissão será liderada por Rosangela Santos, que já comandava a CT de Instituições Financeiras, e comenta que o objetivo da unificação é que existiam sinergias nas discussões e agora será possível fazer uma integração de visão dos dois lados do mercado financeiro. “Isso trará uma visão para uma melhor interação entre empresas que necessitam de capital e instituições do mercado financeiro, entendendo demandas e necessidades e o que se pode oferecer para atendê-las”, disse Rosangela.
Com a junção, a CT contabiliza cerca de 50 participantes. “Vamos ganhar uma força maior para desempenhar um papel de influência do mercado. Esse movimento do IBEF-SP reforça a marca no mercado para iniciativas em prol da eficiência empresarial. Os temas de discussão que a gente trouxer para a comissão visam ajudar as empresas a terem uma eficiência empresarial maior”, destacou a líder da nova CT.
Durante a reunião, ocorrida no escritório da Amicorp, Marc Grossmann, que até então liderava a CT de Mercado de Capitais e RI, destacou que sai satisfeito do trabalho realizado no IBEF-SP e que agora assumirá novas funções dentro do Instituto. “Esta junção de comissões faz parte de um processo de reorganização das CTs mirando um novo formato para o ano que vem”, disse.
As temáticas que serão debatidas a partir da nova comissão combinarão as atividades de relações com investidores, operações de M&A , as operações financeiras em si, de dívida e ações, incluindo aspectos regulatórios e inovadores do mercado financeiro e de capitais. O formato deve permanecer o mesmo, com reuniões presenciais, produção de artigos pelos membros e eventos para associados e abertos aos profissionais em mercado. Por conta da junção do grupo, foi feita uma rodada de apresentação dos membros da CT.
Mercado de Capitais — Em seguida, Marc introduziu um debate sobre o aumento na quantidade de operações de emissão de ações e de dívida em 2019. “A dinâmica no mercado de capitais claramente mudou para melhor: há muito capital disponível no mundo buscando rentabilidade como a que oferecemos. A taxa básica de juros no Brasil, já no nível mais baixo da história, segue com perspectiva de queda. A inflação segue estável em nível relativamente baixo, o risco político está acomodado e há esforço claro do governo federal para retomar o controle das finanças públicas. Além disso, o BNDES parou de distorcer o mercado financeiro com créditos subsidiados a determinadas empresas, e o cenário é favorável para reformas microeconômicas caras ao mercado financeiro. É um momento particularmente importante para discutirmos e mostrarmos o que temos na comissão em termos de visão, ideias, e perspectivas de negócios, como preparar empresas que querem se preparar para fazer seu IPO ou M&A. As temáticas que tratamos sempre miram o futuro”, disse.
Durante a reunião, os membros da CT falaram sobre o desafio de lidar com pessoas físicas como investidores no mercado de capitais, em financiamentos de projetos de longo prazo, discutiram o papel do BNDES e a retração nos últimos anos no volume de novas concessões. Eles falaram ainda sobre a estruturação de IPO, custos e requisitos para empresas e fundos acessarem o mercado. O grande desafio do setor é que o mundo de renda fixa cresce e tem correlação negativa com taxa de juros, e começou a haver uma distorção de pessoas físicas financiando projetos de 15, 20 anos de prazo. Rosangela destacou que é necessário um papel de educação ao investidor pessoa física, para capacitá-lo a entrar em posições de risco.
Os membros da CT propuseram que temas sejam debatidos em próximos eventos da comissão, focando no acesso de capitais e risco no processo de advisory de uma empresa ao abrir capital. Os temas devem fazer parte do próximo evento da CT, programado para o dia 26 de novembro.
Criação de Valor — Em seguida, Marc Grossmann deu espaço para o professor da FGV Oscar Malvessi compartilhar sua experiência com estudos sobre criação de valor para empresas seguindo metodologia VEC®/EVA ou VBM-Value Based Management. “Se pensarmos em sustentabilidade da empresa e criação de valor, são palavras soltas. Os CFOs e presidentes das companhias, no Brasil, em sua maioria, empresas familiares não sabem fazer isso”, disse. Sobre o resultado dos seus estudos disse: “acabamos com cerca de 80% das empresas desde o dia que abrem capital. Empresas não falam sobre estratégia e criação de valor”.
Ele destacou que formulário de referência é uma maneira de discriminar o uso do dinheiro. “O custo de capital não é alto, mas normalmente empresas não sabem fazer a conta ou dizer quanto remunera. Se a empresa não faz preventivo, ela fica doente. Temos um problema de cura e precisamos ajudá-las”, complementou Malvessi.
Quando foi falado sobre custo de capital, Rosangela compartilhou sua experiência com a gestão em bancos utilizando a metodologia e destacou a importância de um olhar prospectivo para definição do capital econômico requerido, considerando os riscos existentes nos negócios e possíveis resultados em cenários adversos.
Ao final, Marc e Rosangela agradeceram ao Ricardo Sitzer e à Amicorp por ceder o espaço para a reunião. “Nosso principal objetivo com as reuniões presenciais sempre foi o networking, conhecer e trocar experiências com outros profissionais do mesmo mercado”.